NA REGIÃO

Risco de incêndio força Estado a fechar 3 parques florestais

A suspensão da visitação está prevista para durar até o dia 12 de setembro

Luiz Felipe Leite/[email protected]
03/09/2024 às 12:25.
Atualizado em 03/09/2024 às 13:14
Caminhão da brigada de incêndio da Mata de Santa Genebra, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas: o Departamento de Parques e Jardins, ligado à Secretaria Municipal de
Serviços Públicos, afirmou que a manutenção nos parques é regular e os cuidados e a atenção para evitar queimadas nessas áreas são permanentes (Denny Cesare)

Caminhão da brigada de incêndio da Mata de Santa Genebra, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas: o Departamento de Parques e Jardins, ligado à Secretaria Municipal de Serviços Públicos, afirmou que a manutenção nos parques é regular e os cuidados e a atenção para evitar queimadas nessas áreas são permanentes (Denny Cesare)

Das cinco unidades de conservação geridas pela Fundação Florestal na Região Metropolitana de Campinas (RMC), três foram fechadas para visitação pública desde anteontem, dia 1º de setembro. Além dessas, outras 76 unidades em diferentes regiões do Estado de São Paulo também adotaram a mesma medida. A decisão, tomada pela Fundação Florestal, vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado, visa mitigar o risco crescente de incêndios florestais, que ameaçam tanto os visitantes quanto as áreas de preservação. A medida considera a forte estiagem, as altas temperaturas recentes e os incêndios que ocorrem.

A suspensão da visitação está prevista para durar até o dia 12 de setembro, podendo ser revisada a qualquer momento. Durante este período, as equipes da Fundação Florestal estarão focadas em ações de prevenção, monitoramento territorial e combate aos incêndios, além de prestar apoio às comunidades vizinhas.

As unidades de conservação fechadas na RMC são: a Estação Ecológica de Valinhos, o Parque Estadual Assessoria de Reforma Agrária, ambos localizados em Valinhos, e a Floresta Estadual Serra D'Água, situada em Campinas.

Rodrigo Levkovicz, diretor executivo da Fundação Florestal, explicou que a medida tem como objetivo minimizar os impactos dos incêndios florestais e concentrar esforços na preservação dos ecossistemas. "Neste momento, as unidades de conservação estão 100% focadas em ações preventivas de monitoramento e resposta rápida, caso haja algum foco de incêndio. Também estamos incrementando nossos contratos, especialmente o de bombeiros civis, além de direcionar equipes do litoral e do Vale do Ribeira para somar esforços durante esse período mais crítico", afirmou Levkovicz.

Michael Becker, bacharel e mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Técnica de Cottbus, na Alemanha, com ênfase em economia ambiental e gestão de recursos hídricos, considerou a medida da Fundação Florestal plausível. Segundo o especialista, incêndios em larga escala podem colocar os visitantes das unidades de conservação em risco. "É muito positivo que os parques estejam fechados para visitação. No entanto, é importante reforçar que estamos vivendo um período de mudanças climáticas que afetam não só o Estado de São Paulo, mas também outras regiões do país. Os incêndios causam prejuízos significativos para a agricultura e, principalmente, para os ecossistemas. Uma mata perdida para o fogo representa uma perda de biodiversidade, de fauna e flora, e isso demora muito para ser recuperado", destacou Becker.

ABRANGÊNCIA MUNICIPAL

O anúncio do fechamento para visitação das unidades de conservação administradas pelo Estado também repercutiu na Prefeitura de Campinas. A Fundação José Pedro de Oliveira, autarquia municipal, é responsável pela Mata de Santa Genebra, área de preservação localizada no Distrito de Barão Geraldo. Por meio de nota, a fundação divulgou que uma reunião foi realizada ontem, dia 2, para avaliar se vai seguir o que foi adotado em nível estadual. No entanto uma definição sobre o tema só deverá ser divulgada nesta terça-feira, dia 3. "A Mata de Santa Genebra possui uma brigada própria que trabalha na prevenção e combate a incêndio. A equipe de técnicos e biólogos da Mata está constantemente avaliando as condições e tomando as medidas necessárias para combater queimadas", informou.

Questionada sobre a possibilidade dos 25 parques e bosques municipais serem fechados para visitação pública, a Prefeitura de Campinas informou que a medida não está prevista. Por meio do Departamento de Parques e Jardins, ligado à Secretaria Municipal de Serviços Públicos, a Administração Municipal afirmou que a manutenção nos parques é regular e os cuidados e a atenção para evitar queimadas nessas áreas são permanentes. "Há equipes próprias de manutenção nos parques, que cuidam da vegetação e mantém a grama baixa, o que diminui os riscos de queimadas. Os funcionários são orientados a buscar ajuda o mais rapidamente possível em caso de algum indício de incêndio e a nunca utilizar fogo, para nenhuma finalidade, nas áreas verdes."

RISCOS MAIORES

Toda essa situação deixou o Estado em alerta, inclusive Campinas. A Defesa Civil da cidade emitiu no começo da noite de ontem, dia 2, um alerta para o risco de incêndios florestais na região entre hoje, dia 3, e a próxima sexta-feira, dia 6 de setembro. Condições meteorológicas, com temperatura máxima na casa dos 36˚C e umidade relativa do ar abaixo dos 20%, com rajadas de vento forte, podem favorecer o início espontâneo, a propagação e a intensificação dos incêndios.

A recomendação da Defesa Civil de Campinas, dirigida por Sidnei Furtado, é redobrar a atenção em áreas de vegetação seca. "Destacase que colocar fogo no mato é um crime ambiental, passível de sanções penais e administrativas. Além disso, causa danos irreparáveis à fauna, flora e a população da região", informou, via nota.

O Correio Popular noticiou na última quinta-feira, dia 29, que o Corpo de Bombeiros identificou 744 focos de incêndio na cidade de 1º de maio, início da Operação Estiagem, até 27 de agosto, o que dá uma média de 6,2 casos por dia. Já a Defesa Civil do município revelou que no mesmo período captou 629 focos de queimadas por meio das imagens do satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), média diária que supera os cinco casos.

O diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, relatou à época que 2024 tem sido um ano muito atípico por conta das altas temperaturas no período de inverno. "A nossa impressão é que a temperatura alta tem sido o grande diferencial dos últimos anos. Quer dizer, nós estamos tendo, num período de inverno, temperaturas altas e isso está ocasionando uma grande mudança de comportamento na questão dos incêndios. Isso é preocupante, porque nós temos que rever procedimentos, rever ações, inclusive integradas com os diversos órgãos da Prefeitura", colocou.

O coordenador informou ainda que além do número significativo de ocorrências na estiagem deste ano, não há perspectiva de chuva para a região nos próximos 15 dias, de acordo com a previsão meteorológica. "Isso realmente aumenta a nossa preocupação e incentivamos que as pessoas adotem o sistema de alerta, que não provoquem nenhum tipo de foco de incêndio e nem queima de lixo no fundo do quintal. Ao detectar qualquer anormalidade, alguém ateando fogo, soltando balão, acionem a Polícia Militar ou a Guarda Municipal."

Em Campinas, é proibido por lei usar fogo para limpar terrenos. Se for constatada a queimada no terreno, o proprietário pode ser multado. A multa para queimadas em terrenos é de 200 UFICs (Unidades Fiscais de Campinas), equivalente a R$ 932. A lei 16024/20 proíbe o uso do fogo para limpeza e preparo do solo em Campinas, inclusive para o preparo do plantio ou colheita, exceto a queima controlada e o cultivo da canade-açúcar. A multa é de 5.000 UFICs por hectare ou fração, cerca de R$ 23 mil. Também está proibida a queima de lixo, mato ou qualquer outro material orgânico ou inorgânico na zona urbana de Campinas. Nesse caso, varia de 200 a 1000 UFICs, entre R$ 930 e R$ 4.660.

Ao avistar uma queimada, as pessoas na cidade devem entrar em contato com o Corpo de Bombeiros pelo 193. Em caso de soltura de balões, por ser crime, a Polícia Militar deve ser acionada pelo 190 ou a Guarda Municipal pelo 153.

  

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