Chuvas intensas elevam alerta para número de casos, afirmou a Prefeitura
Coordenador de Arboviroses mostra crescimento de casos no mundo (Fernanda Sunega)
O Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses apresentou, na manhã desta terça-feira (31), um plano desenvolvido para nortear a administração municipal na resposta aos agravos relacionados à dengue, zika e chikungunya, em Campinas.
O coordenador da Defesa Civil de Campinas, Sidney Furtado, alertou para a necessidade de ações intersetoriais. “Vai chover mais. Há tendência de agravamento das arboviroses neste ano. Temos que estar todos preparados para combater, mitigar, minimizar a situação para evitar impactar a Saúde Pública”, afirmou.
Os números são preocupantes e acenderam o alerta na Administração Municipal: a Avaliação de Densidade Larvária (ADL), que está em andamento neste mês de janeiro, mostra que 90% das amostras coletadas na cidade contêm larvas do mosquito Aedes aegypti. A ADL é uma atividade de vistoria de imóveis para quantificar a infestação de mosquitos em todas as áreas da cidade. Em janeiro 2022, 61% das amostras avaliadas pela equipe da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) apresentaram larvas do Aedes. Em outubro do ano passado, eram apenas 39% das amostras.
De acordo com os dados divulgados, até 30 de janeiro, já foram confirmados 36 casos de dengue em Campinas pela Secretaria Municipal de Saúde. Na terceira semana epidemiológica de janeiro, a cidade está em Situação de Alerta (laranja), segundo o InfoDengue da Fiocruz, que monitora dados e as condições climáticas para transmissão de arboviroses. A previsão de continuidade das chuvas agrava o prognóstico da situação.
Segundo números mostrados pelo coordenador de Arboviroses de Campinas, do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Fausto de Almeida Marinho Neto, em fevereiro 2019, 58% das amostras de larvas eram do Aedes aegypti e, naquele ano, a cidade teve 26.341 casos confirmados de dengue.
“Com as chuvas, o número de criadouros cresceu muito. Neste ano, o trabalho de combate ao Aedes terá que ser mais intenso. Campinas está no limiar favorável para uma aceleração da transmissão das arboviroses por causa do aumento dos mosquitos Aedes. Há necessidade de ampliar o controle larval, eliminar os criadouros. É um trabalho conjunto de conscientização e ação com a população”, avaliou Fausto Marinho Neto.
Segundo ele, além das confirmações, ainda há vários casos em investigação para a dengue na cidade, acima do que era esperado para as primeiras semanas do ano, e os números devem crescer.
Em 2022, foram confirmados pelo menos 11.259 casos de dengue em Campinas (número pode ser maior porque ainda faltam resultados de exames coletados no final do ano). Quatro pessoas morreram em decorrência da doença. Foram 19 casos de chikungunya no ano passado. De 2021 até início deste ano, não foram confirmados casos de zica em Campinas.
Risco de explosão de dengue leva comitê de arboviroses a intensificar ação (Fernanda Sunega)
Mobilização contra o mosquito
O secretário municipal de Saúde, Lair Zambon, destacou que as arboviroses estão aumentando em todo o mundo. “A complexidade do combate a essas doenças demanda uma estrutura intersetorial para o sucesso das ações”, completou.
Para o prefeito Dário Saadi, antes que o resultado impacte o atendimento da Saúde, com a alta na procura pela rede municipal de assistência (Centros de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento e Hospitais), é preciso agir. “O enfrentamento é de toda a gestão, de todas as secretarias, é de toda a Prefeitura buscando envolver e mobilizar roda a população, porque a maioria dos criadouros está dentro das casas e nos quintais das pessoas”, lembrou.
“O histórico de chuvas em janeiro muito acima da média é diretamente proporcional ao aumento de risco, por causa de mais criadouros”, enfatizou o prefeito ao pedir a mobilização intensa das secretarias, autarquias e empresas municipais que fazem parte do Comitê Municipal de Enfrentamento das Arboviroses. A união de chuva/água e calor aceleram o ciclo de reprodução do mosquito transmissor das arboviroses.
“A oportunidade é agora. Precisamos trabalhar para eliminar o mosquito na fase aquática. Identificar os casos suspeitos da doença, com busca ativa de casos e criadouros para trabalhar nas áreas de transmissão na cidade. Mas não adianta esperar para fazer as ações de campo, como nebulização para matar p mosquito adulto que já está voando e transmitindo a doença. Precisamos eliminar os criadouros”, ressaltou Andrea von Zuben, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas. Com o calor desta época do ano, a reprodução do Aedes tende a se acelerar, afirma. “O ciclo de reprodução fica mais curto, o mosquito pica mais pessoas, põe mais ovos e fica mais ativo na transmissão. E não existe doença sem a pessoa doente”, explica. Para ela, se aliado ao combate aos criadouros há a necessidade de identificar os casos rapidamente e partir para ações intersetoriais de controle, como vistoriais casa a casa, busca ativa de novos casos e nebulização, por exemplo.