CAOS E PREJUÍZOS

Rio sobe mais de 4 metros e inunda a cidade de Capivari

Tempestade faz a água transbordar de forma jamais vista em toda a sua história

Verônica Guimarães/ vero.guimaraes@rac.com.br
31/12/2022 às 07:43.
Atualizado em 31/12/2022 às 07:43

Sem acreditar no que vê, morador de Capivari observa incrédulo da varanda de seu sobrado a enchente após o temporal; água chegou quase a encobrir os telhados das casas (Gustavo Tilio)

Com as fortes chuvas dos últimos dias, boa parte da pacata cidade de Capivari, há 54 quilômetros de Campinas, amanheceu na sexta-feira (30) inundada com a maior cheia de todos os tempos do rio que leva o mesmo nome. Com isso, a Rodovia Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101) permanecia sexta-feira completamente interditada até a entrada da cidade por conta dos pontos de alagamento. O trânsito, que já estava caótico, piorou muito, tornando a vida dos moradores ainda mais difícil diante da situação.

Até o início da tarde de sexta-feira , eram 53 os pontos de alagamento na cidade e o registro de 300 milímetros de chuvas em três dias. O prefeito da cidade, Vitor Hugo Riccomini (PSL), tem atuado pessoalmente nas ações emergenciais, enviando vídeos às redes sociais da cidade para informar a situação local, já que a equipe de comunicação está em recesso.

O nível normal do rio é de 0,80 centímetros e para atingir imóveis precisa subir em pelo menos 2 metros. Até o início da tarde de sexta-feira , o rio estava com quase 4,3 metros acima do nível normal, cobrindo até o telhado centenas de casas em boa parte da cidade. As comportas da Barragem Leopoldina foram abertas em sua totalidade no primeiro dia de dezembro, com o objetivo de suavizar a chegada das águas dos municípios vizinhos e reduzir os impactos na cidade. Em menos de um ano, esta é a segunda grande enchente da cidade. Em fevereiro, o nível do rio chegou a 2,34 metros. 

Entre os moradores é comum ver pessoas trafegando com pequenos barcos para ajudar os que ainda estão em áreas isoladas e precisam de socorro ou mesmo para tentar salvar itens das próprias casas. A Defesa Civil da cidade recebeu apoio nesta sexta-feira da Defesa Civil de Cabreúva, Defesa Civil de Elias Fausto, Defesa Civil de Santa Bárbara D'Oeste, além do Corpo de Bombeiros e demais estruturas do município estão nas ruas para atendimento à população.

A prefeitura realizou no meio da tarde de sexta-feira a interdição total da ponte que liga Rafard a Capivari, pela Avenida Pio XXII, necessária para que fosse feito uma obra de reforço na cabeceira da ponte para melhorar as condições de segurança do tráfego no local. Devido ao grande volume de água do rio, as cabeceiras da ponte deram uma movimentada na parte de contenção, fragmentando o asfalto. A obra visa colocar chapa de ferro grosso com o objetivo de amenizar o impacto do grande fluxo que o local recebeu. Segundo o secretário de Segurança Pública, Mauro Junior, as obras de interdição durariam poucas horas. 

Moradores desalojados estão sendo encaminhados para áreas públicas como o Ginásio de Esportes Ronaldão, a Escola Municipal Aldo Silveira e os abrigos municipais. Nessas localidades estão sendo servidas refeições, que receberam reforço em volume de alimentos e voluntários, para atender à população. 

Segundo um vídeo publicado em redes sociais pelo prefeito Victor Hugo, o abastecimento de água na cidade estava interrompido, devido as duas estações de tratamento terem sido bem afetadas com a enchente. No vídeo, o prefeito afirma que caminhões pipa fazem o abastecimento de reservatórios artesianos e apenas os imóveis abastecidos por esses é que estavam recebendo água. Ele pedia, portanto, que a população economizasse água.

A Secretaria de Saúde, através da Vigilância Sanitária, emitiu um alerta de atenção aos moradores, no meio da tarde de sexta-feira, para que redobrem a atenção com as áreas alagadas, evitando contato com a água e que não façam a ingestão de alimentos que tenham tido contato com a água. O alerta é por conta do risco de leptospirose devido à cheia. Outra nota emitida pela prefeitura, pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), destaca que o órgão não faz resgate de animais abandonados, porém, devido à enchente se prontifica a auxiliar moradores no transporte de seus animais de estimação. Para acionar o CCZ, há um telefone de emergência: (19) 9.8976.9395.

Até o fechamento desta edição, a prefeitura havia atualizado o diminuição dos pontos de alagamento de 53 para 43 pontos. E considerava como rotas alterativas os seguintes locais: Av Demétrio Girardi, Ponte do bairro Castelani (apenas veículos leves), Rodovia Antonio Kanela Forti, Rodovia SP-308, Estrada Municipal Arlindo Bataglin (via a cidade de Mombuca) e a Avenida José Annicchino. A ponte da Avenida Papa Pio XXII, citada na reportagem, seguia interditada. Para situação de emergência, a Guarda Civil, por meio do número 153, e a Defesa Civil continuam de plantão para atendimento à população. 

Campinas

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou o maior índice pluviométrico dos últimos 30 anos, segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Só em Campinas foram registrados dos dias 1 a 29 deste mês 311 milímetros de chuvas, quando a média é de 217 milímetros para todo o mês. Apenas nesta última semana do ano, foram registrados 90,5 milímetros entre os dias 23 e 29. De toda a região, Valinhos foi a cidade que mais recebeu água de temporais. Foram registrados 416 milímetros durante o mês (até o dia 29), sendo a média de 185 milímetros no período.

Dois dias depois da queda da Figueira Branca de 35 metros que causou prejuízos em imóveis e uma morte, mais uma árvore de grande porte do Bosque dos Jequitibás caiu sobre a rua. Dessa vez o palco foi a rua Pedro Álvares Cabral, rua lateral do Bosque com acesso via Uruguaiana, onde também há uma árvore tombada com risco de queda.

No cruzamento das ruas José Martins dos Santos e José Camilo Filho, no Parque da Amizade - zona oeste da cidade - a chuva abriu uma cratera no asfalto, deixando, inclusive, o esgoto aberto, colocando em risco quem passava pelo local.

Na rua Castro Alves, no Taquaral, uma árvore de grande porte também caiu, afetando a rede elétrica da região e por pouco não atingiu um carro que estava parado próximo. A Via Lix da Cunha sofreu interdição por conta de mais uma árvore que também foi ao chão por conta das chuvas e o solo encharcado.

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