Em Sousas e Joaquim Egídio, cardápio fica mais voltado ao cliente ?atleta? que vive de forma saudável
Com a queda no consumo de bebidas, estabelecimentos investem em público que gosta de caminhar e andar de bicicleta (Rodrigo Zanotto/Especial para AAN )
O rigor da nova Lei Seca, conhecida como “tolerância zero” para álcool no teste do bafômetro, provocou queda de movimento, redução nas vendas de bebidas alcoólicas e fez os donos de bares e restaurantes buscarem alternativas para se adaptarem à nova realidade nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio, em Campinas.
Desde que as novas regras passaram a valer, os empresários identificaram a redução de 20% a 30% do consumo de bebidas alcoólicas, o que demonstra mudança no comportamento da população.
Importantes redutos gastronômicos da cidade, os distritos atraem turistas de toda a região pela diversidade de opções, de porções de boteco a requintados quitutes. Porém, como o acesso é restrito — apenas duas vias, sendo uma de terra —, a fiscalização fica facilitada e amedronta os frequentadores.
Em bares e restaurantes da região central e do Cambuí, empresários detectaram queda de até 30% no movimento com a nova Lei Seca.
No Espaço Malagueta, em Sousas, que funciona no horário do almoço e à noite, houve mudança no cardápio para atrair um público que busca alimentos saudáveis. O restaurante sentiu redução de até 30% no consumo de bebidas alcoólicas.
“O movimento também caiu um pouco, por isso estamos trabalhando para atrair outro público, como as pessoas quem veem caminhar, andar de bicicleta, enfim, os atletas”, disse a nutricionista e gerente da casa, Sabrina Giannotti.
Na Nega Fulô, a proprietária, Glaucia Lima, aponta diminuição de 40% no consumo. “Todo mundo está bebendo menos ou nada. Estamos investindo num cardápio de bebidas sem álcool”, afirma.
Assim como na cacharia, o restaurante Fogão Mineiro e Bar do Marcelino têm como ponto alto a gastronomia, por isso não as mudanças da lei não tiveram efeitos drásticos. “Meu movimento manteve-se estável porque tenho perfil gastronômico.
As blitze com bafômetro acontecem depois das 22h até umas 5h, quando a moçada sai para encher a cara. Esses não são meus fregueses. Sou a favor da nova lei”, disse Marcelino Pissolato, proprietário do bar que leva seu nome.
A observação é semelhante à gerente do Fogão Mineiro, Lucival Alves de Oliveira. “Acredito que não houve grande redução porque nossos clientes são de faixa etária média de 40 anos para cima, mas nota-se na mesa que as pessoas têm preocupação com a quantidade”, disse.
Tal preocupação atormenta o engenheiro Luiz Artur Palhates, de 38 anos, mas ele encontrou uma solução. “Minha mulher não bebe, então ela dirige. Mas eu diminui o consumo, tanto no almoço como no jantar. Foi natural, tenho dois filhos, não posso correr riscos”, conta.
Já o corretor de seguros Antônio Pascoal, de 50 anos, critica o endurecimento da lei. “O brasileiro está aceitando leis proibitivas. Se um sujeito perde o controle com uma lata de cerveja, ele não pode beber. Existia a lei e deveria ter sido cumprida. Essa só vai gerar comércio de multas”, afirma.