Juiz acata pedido do MP contra acusados de atropelar e matar lutador durante suposto racha
Orelhão onde estava o lutador Kaio Ribeiro, destruído após o atropelamento que causou morte do jovem (Dominique Torquato/18nov2011/AAN)
O juiz Sérgio Araújo Gomes, da 2ª Vara do Júri de Campinas, acatou denúncia do Ministério Público com pedido de júri popular contra a empresária Adriane Aparecida Pereira Diniz Ignácio de Souza, de 44 anos, e o consultor de obras Fabrício Narcisso Rodrigues da Silva, de 34 anos. Os dois são suspeitos de disputarem um racha na Avenida Júlio Prestes, em novembro de 2011, que acabou na morte do lutador de jiu-jítsu Kaio Ribeiro, na época com 23 anos. Adriane estava ao volante do Audi que atropelou a vítima, que estava na calçada. Silva dirigia um Camaro. A decisão é em primeira instância e cabe recurso.
O promotor do júri, Fernando Viana, disse que a decisão do magistrado é importante, mas que irá recorrer. Isso porque o juiz excluiu as duas “qualificadoras” do processo, de motivo fútil e impossibilidade da vítima se defender do atropelamento. “Em relação a essa exclusão vou recorrer, porque os jurados têm direito de julgar isso também.”
Pela decisão proferida ontem, os réus foram acusados por homicídio doloso simples, com pena que varia de 6 a 20 anos de prisão. Se for aceita denúncia de homicídio duplamente qualificado, a pena varia entre 12 e 30 anos.
O advogado de defesa de Silva, Antonio Godoy Maruca, ironizou a decisão e disse que irá entrar hoje com recurso. “Ele não matou ninguém. Como vai responder por um processo de homicídio se não matou ninguém. Não sou eu quem está falando, são as provas do processo.”
A reportagem também entrou em contato com Theo Dias, um dos advogados que defende Adriane, mas até o fechamento desta edição ele não retornou às ligações.
O pai de Kaio, Gilberto Ribeiro, comemorou a decisão. “É um primeiro passo, sabemos que a Justiça é passo a passo. É lógico que (os advogados de defesa dos réus) vão recorrer, mas espero que o Supremo (Tribunal Federal) possa dar atenção a esse caso e a outros de tanta injustiça que acontecem nesse País”, disse Ribeiro, esperando uma batalha judicial até a última instância.
A decisão de ontem foi em primeira instância. Agora, os advogados de defesa irão recorrer no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
O caso
Na madrugada do dia 18 de novembro de 2011, o professor de jiu-jítsu Kaio César Alves Muniz Ribeiro, na época com 23 anos, foi atropelado e morto na Avenida Júlio Prestes por um Audi A3 dirigido pela empresária Adriane. De acordo com a polícia, a motorista disputava um racha com Silva, que dirigia um Camaro.
A prisão preventiva dos dois foi decretada. Após uma semana, Adriane deixou a cadeia de Paulínia após pagar fiança de R$ 109 mil.
No dia 26 de novembro de 2011, o motorista do Camaro também pagou fiança, no valor de R$ 163,5 mil, e foi solto.
Em dezembro de 2011, o promotor do júri de Campinas, Fernando Viana, apresentou à Justiça denúncia de homicídio duplamente qualificado contra Adriane e Fabrício.
As audiências de instrução começaram em outubro do ano passado. A terceira e última aconteceu no dia 28 de fevereiro, quando a ré falou pela primeira vez e negou que estivesse disputando um racha.