PRESIDENTE DA CAMARGO CORRÊA

Réu no Caso Sanasa e também na Lava Jato

Ministério Público pede que novo envolvimento de Dalton dos Santos Avancini em corrupção seja considerado por juiz de Campinas

Milene Moreto
22/06/2015 às 07:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:32

Quatro anos se passaram desde que Dalton dos Santos Avancini teve seu pedido de prisão decretado pela Justiça de Campinas por integrar o rol de acusados do Caso Sanasa. Avancini, na época, era diretor de uma das principais construtoras brasileiras, a Camargo Corrêa. Denunciado pelo delator do esquema, o ex-presidente da empresa pública campineira Luiz Augusto Castrillon de Aquino, o empresário foi acusado de fraude em licitação e corrupção. O Ministério Público (MP) pediu pena de 21 anos de prisão em regime fechado pelos crimes. O que poderia ser um obstáculo para que Avancini galgasse uma posição melhor na construtora, a denúncia contra ele de um possível envolvimento em esquema de corrupção, teve efeito contrário. No mesmo ano, quando o Caso Sanasa veio à tona, em 2011, o empresário passou de diretor a presidente do grupo. Negociava grandes contratos no Brasil com diversos governos estaduais e com o governo federal e só teve ideia do que poderia significar a prática de corrupção no Brasil quando recentemente teve sua prisão decretada, só que dessa vez, na Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal do Paraná, que investiga a corrupção na Petrobras. Avancini negociou em Campinas um contrato para a construção da Estação de Tratamento Anhumas, que mais tarde viria a ser reprovado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE). A obra foi orçada em R$ 43,3 milhões. Segundo o relatório do Ministério Público, a licitação foi lançada antes do esquema, no ano de 2005. “No entanto, tão logo os integrantes da organização criminosa assumiram seus cargos na Diretoria da Sanasa, os denunciados Pedro Ibrahim Hallack e Dalton dos Santos Avancini foram convocados para o estabelecimento do sistema de repasse de percentuais sobre os valores das obras”, consta na denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O valor do repasse estipulado pelos diretores da Camargo Corrêa e da Sanasa era de 5% do que recebiam pela obra. Segundo relatório, o dinheiro deveria ser entregue diretamente a Aquino e ao diretor técnico Aurélio Cance Júnior. Os dois eram responsáveis por entregar o dinheiro à ex-primeira-dama Rosely Nassim Jorge Santos e ao ex-diretor de Planejamento Ricardo Chimirri Cândia.Quando teve sua prisão decretada em Campinas, Avancini conseguiu um habeas corpus e respondeu ao processo em liberdade. No ano passado, no entanto, ele não teve a mesma sorte. O presidente da Camargo Corrêa foi preso no dia 14 de novembro e só conseguiu sair da cadeia após acertar um acordo de delação premiada, em março deste ano. Ele confessou que houve suborno na hidroelétrica de Belo Monte e na usina nuclear Angra 3.Como em Campinas Avancini não ficou preso, suas alegações ao juiz da 3<SC210,170> Vara Criminal, Nelson Augusto Bernardes, durante as audiências sobre o Caso Sanasa foram rápidas. O empresário prestou 15 minutos de depoimento. Negou as acusações e disse que tinha se sentido “humilhado” por ter sido envolvido no esquema.Reta finalA Promotoria em Campinas não deixou passar em branco a prisão de Avancini na operação Lava Jato. Nos memoriais entregues ao Judiciário, os promotores do Gaeco pedem que o juiz Nelson Bernardes leve em consideração na hora de estipular a pena o currículo de corrupção divulgado pelo próprio réu este ano em troca da delação premiada. “O réu acabou sendo investigado e flagrado em mais um esquema de corrupção. Desta vez, na denominada Operação Lava Jato, o réu é apontado como um dos responsáveis pelo pagamento de propina a agentes públicos e político. Na verdade, não houve qualquer surpresa. Apenas o esperado”, afirmam os promotores. O Ministério Público também citou a delação premiada feita por Avancini e que foi amplamente criticada pelos advogados de defesa do empresário em Campinas. “Dalton Avancini aderiu à proposta do Ministério Público e celebrou acordo de delação premiada, admitindo sua participação no esquema. A situação é importante para o presente feito na medida em que serviu para desmascarar o acusado, que meses atrás imputava como absurda a acusação de corrupção contra ele lançada nesse processo. Se para ele era tão absurdo assim a prática de um ato de corrupção, por qual razão agora, ele assumiu que realmente agia dessa maneira?”, questiona o relatório. Os promotores argumentam que não seria razoável crer que Avancini teria iniciado atos de corrupção apenas depois de ser acusado pelo Ministério Público em Campinas. Atualmente, Avancini cumpre prisão domiciliar e é monitorado por tornozeleira eletrônica.

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