O fotógrafo Carlos Rincon faz ensaio de rostos, olhares e expressões durante a lavagem da escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas, no último sábado
Alegria de um grupo de mulheres que participou da lavagem da escadaria da Catedral (Carlos Rincon)
Um pesquisador do comportamento humano por meio da fotografia é uma definição que se enquadra bem no perfil de Carlos Rincon, fotógrafo nascido em Campinas em 1983 e que completa 20 anos de profissão, além de dez anos atuando como professor de Fotografia. No último sábado, dia 30, ele participou da cerimônia de lavagem da escadaria da Catedral, onde focou o olhar nos rostos das pessoas. “Uma sensação profunda de conexão humana se apoderou de mim, pois cada rosto contava uma história única, refletindo a tapeçaria rica e complexa da experiência humana. Em particular, percebi nos seus olhos um brilho especial que falava de vida e coragem”, comenta Rincon.
A experiência rendeu uma série fotográfica que ele compartilha com os leitores do Correio Popular e relata: “olhares que carregam em si a essência da vida são poderosos e tocantes. Eles expressam uma vontade inquebrantável de seguir em frente, uma resiliência que inspira. Vi sorrisos que surgiam não apenas dos lábios, mas da alma, revelando alegria e determinação mesmo em meio à adversidades. A coragem, por sua vez, estava estampada não só nas expressões de determinação, mas também na vulnerabilidade.
Coragem em compartilhar alegrias, tristezas, sucessos e falhas. Cada pessoa, a seu modo, exibia uma força interior, uma decisão de encarar a vida com firmeza e otimismo”. Rincon conta ainda que essa experiência reafirmou sua crença na beleza e na força do espírito humano. E ressalta que “encontrar olhares de vida e coragem em meio à multidão é um lembrete poderoso de que, apesar de nossas diferenças, compartilhamos uma capacidade comum de superação e esperança. É um testemunho de nossa habilidade de encontrar luz, mesmo nos momentos mais sombrios, e seguir adiante com coragem e determinação”. Em seus trabalhos, ele busca construir uma imagem utilizando processos históricos da fotografia. “A construção da imagem consiste no estudo fundamental no comportamento do ser humano na sociedade e na natureza que o circunda, tendo os princípios da sociologia e filosofia no comportamento humano e sociedade, base fundamental nas minhas pesquisas e fotografia”, afirma.
Cena capturada durante o evento no Centro de Campinas (Carlos Rincon)
Com um olhar criativo e apurado no momento de eternizar uma imagem, Rincon valoriza a fotografia documental como “um instrumento poderoso para capturar a essência de eventos de rua, retratando não apenas a superfície dos acontecimentos, mas também emoções e histórias que os permeiam”.
Para Rincon, em eventos de rua, sejam eles festivais culturais, manifestações políticas ou simples encontros comunitários, a presença de indivíduos é o que dá vida ao cenário. “São essas pessoas que moldam a atmosfera do evento, transmitindo sua diversidade, cultura e perspectivas. Nesse sentido, os retratos têm o poder de congelar instantes fugazes, eternizando expressões faciais, gestos e nuances que contam histórias por si só”, afirma. Para ele, a importância da fotografia de retratos em eventos de rua reside na sua capacidade de capturar a autenticidade do momento. Enquanto as imagens amplas podem fornecer uma visão panorâmica do evento, os retratos aproximam o espectador do indivíduo, permitindo uma conexão mais íntima e pessoal com a cena.
Além disso, explica, os retratos em eventos de rua contribuem para a preservação da memória coletiva. Isso porque, ao documentar as faces e histórias das pessoas envolvidas, os fotógrafos criam um arquivo visual que pode servir como testemunho histórico no futuro. Essas imagens não apenas registram o momento presente, mas também se tornam parte do legado cultural e social de uma comunidade, oferecendo insights valiosos para as gerações futuras. No entanto, alerta que “é crucial abordar a fotografia de retratos em eventos de rua com sensibilidade e ética, buscando o consentimento dos indivíduos antes de capturar suas imagens, respeitando sua privacidade e dignidade.
Idoso sonhador com um jovem tristonho ao fundo (Carlos Rincon)
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