PRIMEIROS PASSOS

Retomada começa com 'pé atrás'

Apesar do avanço do coronavírus, Campinas volta às atividades a partir de amanhã com restrições

Maria Teresa Costa
07/06/2020 às 11:22.
Atualizado em 29/03/2022 às 09:59

Apesar do avanço do novo coronavírus em Campinas, que ontem chegou a cem mortes e a 2.632 casos de Covid-19 confirmados pela doença, a cidade começa amanhã a dar os primeiros passos rumo à retomada das atividades, a maioria delas paralisadas desde 23 de março, quando a cidade entrou em quarentena e apenas os serviços essenciais puderam funcionar. Naquele dia a cidade tinha nove casos confirmados. A primeira morte veio uma semana depois. Desde então, Campinas vem registrando a média de 35 casos confirmados por dia e duas mortes a cada três dias pela Covid-19. A retomada, mesmo gradual e com regras, é polêmica. Especialistas, como o patologista clínico Alex Galoro, gestor do Grupo Sabin, avaliam que é preciso cautela para dar o primeiro passo. O governo do Estado, que elaborou o Plano São Paulo e dividiu as regiões por cores e por fases – e que o prefeito Jonas Donizette, após algumas discordâncias, vai seguir a partir de amanhã – afirma que adotou critérios técnicos, como a capacidade de resposta do sistema de saúde e a evolução da pandemia, para avançar na reabertura das atividades. Na avaliação da capacidade de resposta do sistema de saúde entram a taxa de ocupação de leitos hospitalares destinados ao tratamento intensivo de pacientes com Covid-19 e a quantidade de leitos hospitalares destinados ao tratamento intensivo de pacientes infectados pelo novo coronavírus por 100 mil habitantes. Já no critério da evolução da epidemia contam a taxa de internação e de morte. Para Galoro, a reabertura da economia é fundamental para toda a sociedade, mas é preciso cautela. Segundo ele, ainda existe uma tendência de aumento do índice de transmissão do vírus, e isso pode provocar crescimento do número de casos. "Sem sombra de dúvida, este é o momento de ser racional e utilizar dados objetivos, para a tomada de decisões”, afirmou. Para ele, a adoção de medidas diferentes, de acordo com a incidência de casos e necessidades de cada região, é fundamental, mas o plano, para ter eficácia real, precisa do monitoramento sistemático da pandemia para assegurar uma intervenção imediata e mudanças estratégicas, caso necessário. “Não há brechas para falhas sem a perda de vidas humanas”, afirmou. Com critérios definidos pelo Estado, Campinas entrou na cor laranja, permitindo o início da flexibilização na segunda fase do plano. Nessa fase, shoppings centers (com proibição de abertura das praças de alimentação), comércio de rua e serviços em geral podem funcionar com capacidade limitada a 20%, horário reduzido para quatro horas seguidas e adoção dos protocolos padrão e setoriais específicos. Fica proibida a abertura de bares e restaurantes para consumo local, salões de beleza e barbearias, academias de esportes em todas as modalidades e outras atividades que gerem aglomeração. A retomada das atividades nas igrejas é permitida e os critérios ficaram a cargo do prefeito. O prefeito Jonas Donizette afirma que a retomada gradual não significa que as pessoas estão liberadas para sair de casa. “Permanece a necessidade de isolamento social, o que significa que as pessoas só devem ir às ruas em caso de necessidade e adotando as medidas de proteção, como usar máscaras, álcool em gel, lavar as mãos com sabão”, afirmou. A retomada, disse, exige medidas redobradas de isolamento da população mais vulnerável, portadores de doenças crônicas e em condições de risco. A participação da população no cumprimento das regras de evitar aglomerações, só sair de casa se for estritamente essencial e adotar as medidas de prevenção é essencial, segundo ele, para conter o avanço do novo coronavírus de forma que a cidade tenha estrutura na área da saúde para atender os infectados e evitar o colapso no sistema de saúde. “Se tivermos avanço no ritmo de crescimento da curva de infectados e mortos, não terei dúvidas em dar um passo atrás na retomada”, afirmou. Emdec vai ampliar frota de ônibus e monitorar passageiros Para atender a nova demanda por transporte público, gerada pela retomada parcial das atividades, a Emdec vai ampliar a frota de ônibus entre 25% e 30%, com reforço nos horários de pico que foi estendido para os novos horários de funcionamento do comércio de rua (das 12 às 16h) e shoppings (das 16h às 20h). Passageiros serão monitorados nos terminais e terão a temperatura aferida. Quem estiver com mais de 38 graus será impedido de embarcar. Estado febril é um dos sintomas da Covid-19. Segundo a Emdec, o monitoramento do sistema de transporte público é realizado em tempo real pelo Núcleo de Monitoramento dos Transportes (Numt), o que permite ajustes pontuais na operação das linhas, para evitar excesso de pessoas dentro dos ônibus. SAIBA MAIS A fiscalização da Prefeitura estará nas ruas para garantir o cumprimento das regras, definidas no decreto publicado na quinta-feira. Não haverá mais advertências. Quem descumprir será multado em R$ 1.446 por infração cometida, valor que dobra na primeira reincidência e, na sequência, a cassação do alvará de funcionamento durante a quarentena, que foi estendida até 15 de junho. Comércios de rua (inclui galerias e similares) — das 12h às 16h, atendendo com 20% da capacidade. Comércio de rua — Pode abrir das 10 às 16h a partir de segunda-feira, com 30% da capacidade. Está proibido de fazer promoções ou adotar medidas que gerem aglomeração. Shoppings centers — Das 16h às 20h, com 20% da capacidade. Praças de alimentação, cinemas, teatros, academias, salões de beleza e serviços de manobristas não poderão funcionar. Escritórios (advocacia, contabilidade, imobiliárias, engenharia, arquitetura e turismo e outros) — poderão funcionar por quatro horas seguidas e atender com 20% da capacidade. Igrejas e templos — Poderão funcionar, com 20% da capacidade, por quatro horas, com horário estipulado por cada um. Eventos festivos, culturais, educativos ou recreativos estão vetados, mas missas e cultos podem ocorrer, seguindo as regras sanitárias. Está proibida a presença de pessoas com doenças crônicas e/ou com mais de 60 anos.

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