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Retirada de árvores gera revolta

Espaço adotado pela comunidade terá de ser removido por causa da expansão das obras do BRT

Henrique Hein
28/08/2020 às 12:23.
Atualizado em 28/03/2022 às 17:32
Prefeitura garante que houve conversa e entendimento com o Sesc (Divulgação)

Prefeitura garante que houve conversa e entendimento com o Sesc (Divulgação)

Moradores do bairro do Bonfim e frequentadores do Sesc estão revoltados com a decisão da Prefeitura de Campinas de retirar as árvores da espécie tipuana da Avenida Governador Pedro Toledo para dar continuidade às obras do BRT. A revolta ocorre porque a área foi adotada em 2014 e revitalizada pela entidade depois disso. O espaço, basicamente, deixou de ser um local abandonado para se transformar em um projeto paisagístico, que vinha sendo usado pela população como uma área de lazer em meio à natureza. A prefeitura realizou a derrubada das árvores na última terça-feira. Irritados, os populares fizeram um abaixo-assassinado que será encaminhado ao Ministério Público (MP) na próxima semana. Frequentador assíduo do espaço, o professor Fernando Baia, de 53 anos, comentou que ficou horrorizado com a situação. “Eu recebi as fotos (do local sendo destruído) de uma colega minha e foi horrível. Minha filha, de oito anos, também ficou muito chocada com tudo isso”, disse ele. “O que a Prefeitura fez aqui foi um crime e nós como cidadãos precisamos buscar justiça”, reforçou a cantora Margareth Reali. Em nota, o Sesc informou que se sequer foi notificado sobre a decisão. “De repente chegou uma comitiva derrubando tudo o que tinha pela frente, sem nenhuma explicação. Foram seis árvores cortadas e a poda foi devastadora: o caminho construído em meio ao jardim para tráfego de pedestres foi destruído, espécies de plantas arrancadas e jogadas, enfim, há pouco o que fazer para salvar do que restou”, informou a assessoria de imprensa da instituição. Segundo João Carlos Figueiró Júnior, profissional responsável pelo setor de serviços e de áreas verdes do Sesc, se a entidade tivesse sido avisada com antecedência, teria sido possível salvar todas as espécies. “A gente intensificou a biodiversidade no local durante mais de três anos. Foi um trabalho intenso, mas quando tomamos ciência da situação já estava tudo derrubado. Não tivemos nenhum aviso e ficamos chocados com o que aconteceu. Não sabíamos de onde vinha aquela ação e nem como agir”, comentou ele. Na última quarta-feira, a entidade se reuniu com representantes do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) da Prefeitura e da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) para tratar do assunto. Segundo Figueiró Júnior, os ânimos entre o Governo Municipal e o Sesc já estão mais calmos. “O que nós queremos agora é ter um diálogo mais aberto com os órgãos responsáveis. Nós passamos a nossa indignação para eles e agora estamos abertos para participar de ações em conjunto com o município”, destacou ele. Outro lado Em nota, a Prefeitura de Campinas confirmou que o local onde árvores foram retiradas para obra do BRT foi adotada pelo Sesc, em 2014. A Administração, no entanto, alegou ter entrado em contato com a instituição e que houve um entendimento para a remoção. “Vale lembrar que haverá compensação ambiental pela retirada desaas árvores e de todas as outras que tiveram que ser removidas por causa da obra do BRT. Serão plantadas mais de 43 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Como é uma obra pública municipal, a própria Prefeitura vai fazer a compensação ambiental”, informou a Prefeitura.

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