Seguem as obras na Catedral Metropolitana e na Basílica do Carmo, tombadas pelo Condepaac
O processo de restauro das duas igrejas símbolos da história e da excelência arquitetônica de Campinas (SP) está a todo vapor. A recuperação da fachada da Catedral Metropolitana de Campinas, que ficou seis anos parada, foi retomada há quase um mês. Homens fazem a limpeza da parede lateral externa para aplicarem a nova tinta. Já a Basílica do Carmo, em obras há 40 dias, está em fase de teste da argamassa que recobrirá a construção. As duas igrejas são tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Cultural de Campinas (Condepacc). Frequentadores dos dois espaços não veem a hora de contemplar os templos restaurados.A primeira etapa feita na Catedral, já concluída, foi a reforma do telhado e troca do forro do prédio, que tinha goteira, infiltrações e mofo. A intenção agora é refazer a fachada do templo de taipa, as torres o domo, a cúpula e toda a parte elétrica. Serão contempladas ainda a sonorização e a comunicação da igreja. Aos poucos Todo o projeto de restauro da Catedral está orçado em R$ 7,1 milhões, mas a igreja tem R$ 1,9 milhão em caixa para começar a segunda parte da recuperação. Para o autor do projeto de restauração, o arquiteto Ricardo Leite, é mais fácil começar a obra aos poucos, mesmo sem todo o montante necessário para finalizar os trabalhos. "Infelizmente, é um trabalho que é feito aos poucos, tanto pela falta de verba quanto pela burocracia e autorizações dos Condepacc e Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico)" , disse.Com os recursos arrecadados até agora - conseguidos junto a bancos com ajuda da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic) - será possível recuperar as fachadas. Além da torre, os terraços do campanário também serão restaurados e os antigos mecanismos que acionam os sinos passarão por revisão. Toda a argamassa externa será refeita. A empresa contratada para fazer o serviço, a Concrejato, costuma fazer restauros em igrejas de todo o País. Leite trabalha também na elaboração dos projetos hidráulicos e elétricos da Catedral. Expectativa Para conseguir cerca de R$ 5 milhões que faltam para completar a verba necessária à segunda fase do restauro, a Catedral aposta na lei de transferência do potencial construtivo, que existe desde 2009, mas que até hoje não foi utilizada pela Prefeitura. Essa lei funciona como uma espécie de ressarcimento pelo eventual prejuízo que um proprietário tem quando o imóvel é declarado patrimônio da cidade. Na terceira fase, serão recuperados todos os trabalhos e entalhes em madeira, mas ainda não há data para início. "Esse tipo de trabalho a gente sabe quando começa, mas nunca ao certo quando vai terminar, porque precisamos de dinheiro de terceiros" , completou Leite. A construção da igreja de quatro mil metros quadrados começou em 1807, mas terminou somente em 1883. A excelência arquitetônica da Catedral se faz presente nos entalhes do Mestre Vitorino dos Anjos e na elaboração dos vitrais, que simbolizam a fase de grande desenvolvimento urbano vivido pela cidade ao longo do século 19, graças à economia cafeeira.Carmo Foto: César Rodrigues/AAN Basílica do Carmo passou por uma limpeza mecânica e química A recuperação da fachada da Basílica do Carmo, estimada em R$ 200 mil, já avançou 30%. Em 40 dias de trabalho, foi feita a retirada do reboco antigo - que estava em condições ruins - e uma limpeza química e mecânica na parede. A empresa de arquitetura responsável pelo projeto da obra fez o acompanhamento dos testes com diversas argamassas especiais, para checar qual se aproxima ao máximo da aparência original do templo. Segundo o autor do projeto, Marcos Tognon, duas delas podem ser usadas. "Elas não podem ter fissuras e nem estufar, por isso damos uns dias para ver como elas aderem ao prédio", disse. Os restauradores também fizeram os moldes para recompor as esculturas externas que caíram da Basílica. A igreja terá ainda um projeto com cinco tipos de iluminação, que mudará de acordo com a festividade religiosa realizada no local e um novo projeto de para-raios. Inaugurada inicialmente em 1774, a Matriz do Carmo foi demolida em 1922, durante dez anos e reconstruída como se encontra em seu formato atual, em estilo neogótico. Frequentadora assídua das missas na Basílica, a professora aposentada Maria Antônia Bezerra, de 72 anos, afirmou que a reforma será um presente aos campineiros. "A cidade precisa ter história. E só conseguimos isso preservando o que a cidade tem de valor. Quanto mais tempo se espera para fazer a reforma, mais difícil foca a obra", disse.