Restaurantes garantem que não repassaram aumentos, mas já há menos gente nas mesas
Márcia, do Carro de Boi: mercado disputado impede que custos sejam repassados ao consumidor (Leandro Ferreira/AAN)
Oaumento dos preços dos alimentos assusta não só as donas de casa, mas também os donos dos restaurantes. E como elas, eles também buscam saídas para tentar diminuir osefeitos da alta generalizada.
As estratégias, porém, são mais variadas do que nas cozinhas residenciais: incluem, por exemplo, reduzir promoções, cortar pratos com menor saída e oferecer sugestões do dia feitos com itens cujos preços não estejam tão salgados.
A preocupação maior é que as altas durem mais tempo, forçando um reajuste no valor das refeições. Proprietários de casas ouvidos pela reportagem afirmaram que estão mantendo os preços sem alterações no cardápio porque acreditam que a alta nos produtos seja sazonal - e por isso, o mais prudente é esperar pela acomodação do mercado e por um recuo do custo de itens como tomate, batata, vagem e óleo de soja.
Os empresários comentaram que não há como negociar com os fornecedores, e como também não querem aumentar seus preços, o único jeito é diminuir a margem de lucro.
Mesmo assim, há restaurantes que já sentiram uma baixa no número de fregueses. Segundo os empresários, muita gente que antes comia de duas a três vezes por semana fora de casa, agora só faz isso aos finais de semana. Nos últimos 15 dias, essa redução de público já ronda os 30%, afirmam.
Verdade que o cenário não é generalizado, mas em um mercado onde a concorrência é forte, qualquer um freguês a menos faz falta. E muita.
A sócia-proprietária do Restaurante Rosário, Mariza Aparecida Martinelli, afirmou que espera pela melhora do mercado de gêneros alimentícios nos próximos dias para ver se haverá queda nos preços.
“Estamos mantendo os preços dos pratos e não fizemos nenhuma alteração no cardápio.
Resolvemos aguardar que este período de sazonalidade passe e os preços se caiam”, disse. “E embora o tomate tenha aparecido como o grande vilão, muitos outros produtos também subiram bastante, como feijão e alguns peixes”.
Ainda de acordo com Mariza, a lista de compras do restaurante já está 25% mais cara.
“Compramos a mesma quantidade de alimentos, mas pagamos muito mais por eles. Acontece que os números oficiais da inflação estão bem abaixo da realidade. E se o custo dos alimentos continuar em alta, não teremos mais como manter os preços do cardápio”, afirmou.
A sócia-proprietária da Costelaria Carro de Boi, Márcia Coneglian, também reclamou dos preçosaltose da quedade público.“Não mudamos nada. Este é um mercado muitodifícil e não há como repassarpara o valor do cardápio a alta dos custos. Temos que suportar as perdas e o achatamento dasmargens”.
Táticas
A sócia-proprietária do Restaurante Vila Paraíso, em Sousas, Fernanda Serrano Barreira, é outra que afirmou que manteve o valor dos pratos. “A situação é preocupante. Se tivéssemos que repassar os aumentos para o cardápio, o impacto seria grande demais. Preferimos manter os valores e esperar por uma queda dos preços dos alimentos”, disse.
Ela já retirou pratos com pouca saída do cardápio e passou a oferecer o prato do dia com ingredientes mais em conta.
Na Pizzaria Monte Belo da Avenida Princesa d'Oeste, o caminho foi mudar aestrutura das promoções.“Já chegamos a termais de 40 tipos de pizzas empromoção. Agora, são nomáximo 13. Fazemos um rodízio entreessas opções”, comentou ogerente da casa, Ronaldo Rodrigues.