Emdec deflagra campanha contra assédio a mulheres, colando cartazes de conscientização nos ônibus
Crislaine Modesto aprovou: "Os canais de denúncia são importantes" (Dominique Torquato/AAN)
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) lançou quinta-feira no Dia Internacional da Mulher, uma campanha incentivando a denúncia de casos de assédio dentro do sistema de transporte público coletivo do município. Cerca de 400 ônibus, totalizando 1/3 da frota, receberam cartazes com os meios para realizar a denúncia, e que ficarão nos veículos até 31 de março. “Ainda não temos registro nos nossos canais, de denúncias de assédio dentro dos ônibus, mas essa possibilidade existe, pois a proximidade dentro do transporte público é muito maior do que na rua, o que facilita esse tipo de atitude condenável e que deve ser combatida”, explicou o secretário de transportes, Carlos José Barreiro. “Na verdade, não estamos fazendo nada excepcional e sim cumprindo um dever do poder público de proteger a população. Por isso, pedimos que quando se sentirem incomodadas com alguma atitude, as mulheres façam a denúncia, dando o máximo de informações possível para que auxiliemos na punição do cidadão que praticar o assédio. Nossa ideia com essa campanha é evitar que os casos aconteçam”. Ainda segundo o secretário, com as informações, será possível localizar as imagens por meio do monitoramento que acontece nos ônibus e nos terminais. “É importante também que a população saiba que todos os veículos do transporte público têm câmeras. Portanto, o cidadão que praticar qualquer ato obsceno será identificado com facilidade”. A novidade agradou as passageiras que passaram quinta-feira pelo Terminal Central. A doutoranda em Políticas Públicas relacionadas à Educação da Unicamp, Crislaine Modesto, elogiou: “Uma atitude como essa partindo do poder público é muito importante pra nossa segurança. Canais de denúncia são essenciais pra inibir novos casos e pra dar à mulher a certeza de que através das estatísticas, punições serão aplicadas”. A campanha deixou Pamila Moreira, de 29 anos, mais tranquila: “Quando o ônibus está mais lotado nos bairros e dá uma freada ou faz uma curva, nunca sabemos se a pessoa não conseguiu se segurar, ou se está se aproveitando da situação. Tenho certeza que todas as mulheres que andam de ônibus já vivenciaram isso. Acredito que os cartazes podem inibir esses casos sim”. Um motorista, que preferiu não se identificar, afirmou que atualmente, nos trajetos centrais, não tem presenciado nenhum assédio, mas que distante dali eles acontecem: “Quando eu dirigia nos bairros mais distantes, com percursos mais longos, vivia vendo atitudes suspeitas. Os colegas também relatam. O canal de denúncia é muito importante. As mulheres precisam ser respeitadas e se sentirem seguras”. falou. Os homens também aprovaram a medida. “É uma vergonha que isso ainda aconteça na nossa sociedade”, disse o segurança Edson Ribeiro, de 45 anos.