Replan é a maior refinaria em capacidade de processamento de petróleo no País: são 69 mil m³ por dia, o equivalente a 434 mil barris (Gustavo Tilio)
A Refinaria de Paulínia (Replan) não integra a lista de unidades que serão vendidas pela Petrobras dentro do plano de desinvestimento anunciado pela empresa. Esta semana, no Rio de Janeiro, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse ter certeza de que a Petrobras vai vender todas as refinarias previstas nesse plano e, com isso, honrará o acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O ministro lembrou que recentemente foram vendidas as refinarias de Mataripe (Rlam) e Isaac Sabbá (Reman). Apesar da investida de Adolfo Sachsida, a Replan não está — pelo menos, no momento — nos planos de comercialização pela Petrobras.
O acordo fechado entre o Cade e a Petrobras, em 2019, prevê a venda, pela companhia, de oito refinarias, o que resultará na diminuição da atuação da estatal na área de refino no Brasil.
"Isso diminui a concentração desse mercado de 98% para 80%. Tenho certeza de que a Petrobras fará de tudo para cumprir o acordo com o Cade e vender todas as refinarias que estavam acordadas", afirmou o ministro na abertura da 20ª Rio Oil & Gas, maior evento do setor na América Latina.
A Petrobras e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) assinaram um Termo de Compromisso de Cessação de Prática, em julho de 2019, sacramentando a venda de 8 das 13 refinarias da estatal.
As unidades selecionadas, que integram o plano de desinvestimento, são: Refinaria de Mataripe, Reman de Amazonas, SIX do Paraná, Lubnor do Ceará, Regap de Minas Gerais, Rnest de Pernambuco, Repar do Paraná e Refap do Rio Grande do Sul.
Essas unidades têm capacidade para processar 1,1 milhão de barris de petróleo por dia, o equivalente à metade da capacidade nacional de refino.
A Justiça reconheceu a validade do acordo em agosto deste ano.
Replan
A Replan é a maior refinaria em capacidade de processamento de petróleo no País: são 69 mil m³ por dia, o equivalente a 434 mil barris. Sua produção corresponde a aproximadamente 20% de todo o refino de petróleo no Brasil, sendo que a unidade processa — quase na sua totalidade — petróleo nacional, grande parte oriunda da Bacia de Santos (pré-sal).
A empresa emprega 3.300 mil profissionais, entre concursados e terceirizados. Atualmente, a Replan conta com 959 empregados próprios e o restante atua por meio de 65 empresas prestadoras.
Investimentos
Em vez de ser vendida, a Replan deve receber investimentos de R$ 2,7 bilhões da Petrobras até 2025.
Dois grandes projetos serão colocados em prática nesse período de quatro anos: a construção de uma nova unidade de diesel S-10, que reduz a emissão de poluentes e aumenta a capacidade de produção do combustível; e a aplicação de um programa de melhoria em inteligência artificial, de aumento de eficiência energética e elevação da disponibilidade operacional.
A empresa estatal de economia mista informou que a nova unidade de produção de diesel S-10 da Replan deverá totalizar um investimento de aproximadamente R$ 2,3 bilhões até 2025 e gerar 3 mil empregos durante a construção.
Os investimentos serão feitos para atender à demanda por produtos com menores emissões.
Em outro investimento anunciado, a Petrobras vai liberar R$ 4,5 milhões à Replan com foco em inteligência artificial.
O programa, denominado Refino de Classe Mundial (RefTOP), tem o objetivo de ampliar a eficiência das operações, do ponto de vista energético e operacional, e reforçar, ainda mais, a confiabilidade das operações da refinaria.
Por conta da Replan, Paulínia teve o 4° maior PIB per capita do País em 2019, de acordo com a última pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Toda riqueza produzida pelos diferentes setores econômicos naquele ano em Paulínia, dividida pelo número de habitantes da cidade, foi equivalente a R$ 341.552,82. Já o PIB per capita brasileiro chegou a R$ 35.161,70 — quase 10 vezes menor.
Em 2017, o município de Paulínia chegou a ser a 1ª cidade do País, com PIB per capita de R$ 344.847 e, em 2018, caiu para a 5ª posição, com R$ 306.163.