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Repasses caem 14,7% em dois anos

O repasse de verbas da iniciativa privada e dos governos federal, estadual e municipal para obras e projetos na Região Administrativa de Campinas

Renato Piovesan
21/04/2019 às 11:34.
Atualizado em 04/04/2022 às 09:15

O repasse de verbas da iniciativa privada e dos governos federal, estadual e municipal para obras e projetos na Região Administrativa de Campinas, que engloba 90 municíopios, sofreu queda de 14,7% nos últimos dois anos. Enquanto em 2017 o total movimentado ultrapassou os US$ 2,5 bilhões (R$ 9,56 bilhões), em 2018 o total não superou a casa dos US$ 2,1 bilhões (R$ 8 bilhões) — segundo menor montante anunciado desde o início da série histórica, no ano de 2012, superando apenas 2016. Os dados fazem parte da Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp), divulgada na última semana pela Fundação Seade. Ao todo, 166 projetos receberam investimentos na Região Administrativa de Campinas em 2018, com destaque para a construção do complexo do acelerador de partículas do projeto Sirius, que consumiu US$ 132 milhões dos cofres públicos. Outros investimentos de destaque na RMC foram a instalação do maior centro de armazenamento de dados da América Latina, por iniciativa da Ascenty, e da construção do Centro de Convenções Royal Palm Hall, localizado junto ao complexo multiuso Royal Palm, com 44 mil metros quadrados de área construída e 51 espaços de eventos. No Estado, foram contabilizados 483 investimentos, totalizando US$ 15,2 bilhões, uma queda de 18,56% em relação a 2017. Dos recursos totais anunciados, 57,3% (US$ 8,7 bilhões) referem-se a investimentos em infraestrutura, 21,4% (US$ 3,3 bilhões) destinam-se aos serviços, 17,7% (US$ 2,7 bilhões) à indústria e 3,6% (US$ 540,1 milhões) ao comércio. Para os quatro grupos de atividades que integram a infraestrutura, os recursos anunciados compreendem: US$ 3,2 bilhões para os transportes; US$ 3 bilhões para o saneamento básico; US$ 2,4 bilhões para energia; e US$ 82,2 milhões para as telecomunicações. Mais de metade dos aportes nesse grupo destina-se ao transporte aéreo (US$ 1,7 bilhão), cujo maior montante (US$ 1,3 bilhão) foi anunciado pela Azul Linhas Aéreas, para aquisição de 21 aeronaves modelo 195-E2 da Embraer. Os investimentos no setor de serviços totalizaram US$ 3,3 bilhões, sendo 18,8% dos quais ligados às atividades imobiliárias. O maior montante foi anunciado pela Global Logistic Properties (US$ 213,5 milhões), para ampliação de três condomínios logísticos, localizados em Cajamar, Guarulhos e São Bernardo do Campo. Os investimentos anunciados em 2018 para o setor industrial foram de US$ 2,7 bilhões. A maior parcela dos recursos vinculou-se ao ramo de metalurgia, envolvendo especialmente a Novelis. Essa empresa anunciou investimentos (US$ 621,7 milhões) para aumentar a capacidade de produção de chapas de alumínio e a de reciclagem de sucata do metal, no complexo fabril de Pindamonhangaba. Cerca de 80% dos US$ 540,1 milhões direcionados ao setor do comércio vincularam-se ao ramo de varejo. O principal empreendimento foi anunciado pela Via Varejo, holding das redes Casas Bahia e Ponto Frio (US$ 124,6 milhões). Trata-se da implantação de novas tecnologias para otimizar a integração entre as lojas físicas e também o e-commerce dessas empresas. Investimentos servem de termômetro Do montante de investimentos anunciados em 2018, 57% (US$ 8,7 bilhões) direcionaram-se à Região Metropolitana de São Paulo e 14,1% (US$ 2,1 bilhões) à região de Campinas, segunda colocada no ranking estadual. Outros 18,6% dividiram-se entre as regiões de Santos (US$ 1,2 bilhão), São José dos Campos (US$ 881,6 milhões), Barretos (US$ 405,0 milhões) e Sorocaba (US$ 352,4 milhões). Mais 6,5% (US$ 991,2 milhões) referem-se à abrangência inter-regionais, enquanto os restantes 3,8% (US$ 569,1 milhões) correspondem às demais regiões. De acordo com o economista Tiago Assis, anúncios de investimentos produtivos e em infraestrutura de empresas privadas e públicas representam importante fonte de informação para análise e prospecção da dinâmica econômica. Segundo ele, ainda que não assegurem a efetiva realização dos empreendimentos, revelam as expectativas dos empresários em relação ao futuro dos seus negócios e o nível de confiança na economia em geral. "O anúncio de investimentos é um termômetro da situação da economia. Sabemos que o país atravessa uma forte crise desde 2014, diminuindo muito o poder de investimentos públicos ou privados. Embora haja um clima de maior otimismo na economia atualmente, ainda é cedo para dizer se 2019 pode simbolizar uma retomada signiticativa dos investimentos", aponta. SAIBA MAIS TOTAL DE INVESTIMENTOS ANUNCIADOS NA RA CAMPINAS: 2018    US$ 2,1 bilhões 2017    US$ 2,5 bilhões 2016    US$ 1,3 bilhões 2015    US$ 3,5 bilhões 2014    US$ 2,1 bilhões 2013    US$ 3,6 bilhões 2012    US$ 9,4 bilhões Fonte: Seade Projeto Sirius ficou com a maior fatia do dinheiro Obra que recebeu maior investimento na Região Administrativa de Campinas em 2018 (US$ 132 milhões), a construção do complexo do acelerador de partículas do projeto Sirius teve sua primeira etapa entregue em novembro do ano passado. Orçado em R$ 1,8 bilhão, o laboratório que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e materiais (CNPEM) representa a maior e mais complexa infraestrutura científica já construída no Brasil. Em março, os pesquisadores responsáveis pelo projeto Sirius conseguiram fazer a primeira volta de elétrons no segundo acelerador do sistema responsável por aumentar a velocidade das partículas. Com isso, falta apenas um acelerador para completar os três que devem funcionar para gerar a luz síncroton. O Sirius possui três aceleradores de elétrons, que são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Após a produção e aceleração inicial dos elétrons no primeiro acelerador (chamado de Linac), é no Booster que os elétrons circulam para ganhar cada vez mais energia, até que atinjam os níveis adequados para que possam gerar a luz síncrotron. Quando estão "prontos", os elétrons são depositados no acelerador principal, onde permanecem por longos períodos de tempo e dão quase 600 mil voltas por segundo. Os próximos passos incluem a conclusão da montagem do terceiro acelerador e das primeiras estações de pesquisa. O marco de abertura da nova fonte de luz síncrotron para pesquisadores de todo Brasil e do mundo está prevista para 2020.

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