coronavírus

Remédio reduz em 94% a carga viral

Pesquisadores do CNPEM, em Campinas, descobriram um medicamento capaz de reduzir em 94% a carga viral da Covid-19 após 48 horas

Daniel de Camargo
16/04/2020 às 07:45.
Atualizado em 29/03/2022 às 16:58

Depois de testar 2 mil fármacos já disponíveis no mercado, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), em Campinas, descobriram um medicamento capaz de reduzir em 94% a carga viral da Covid-19 após 48 horas, segundo ensaios in vitro com células infectadas. O próximo passo será a realização de testes clínicos em 500 pacientes acometidos pela doença. A estimativa é de que os resultados sejam concluídos até a metade do mês de maio. O anúncio foi feito na manhã de ontem, pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília. Para garantir a continuidade dos testes clínicos e por questões de segurança, o nome do medicamento selecionado será mantido em sigilo até que os resultados comprovem a sua eficácia em pacientes. A aprovação para pesquisa pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) ocorreu na última terça-feira. Segundo o ministro, as perspectivas são boas e os resultados dessa pesquisa poderão ajudar não só o Brasil, mas outros países no enfrentamento à pandemia. Sobre o remédio, foi informado ser de custo acessível, com ampla distribuição no território nacional e sua administração não está relacionada a efeitos colaterais graves. Secretário de políticas para formação e ações estratégicas do MCTIC, Marcelo Morales detalhou que o teste clínico acontecerá em sete hospitais do País, sendo cinco deles no Rio de Janeiro, um em Brasília e outro em São Paulo. Explicou ainda que os pacientes receberão tratamento diário com a substância. Para participar, eles precisarão assinar um termo aprovando a sistemática, considerando que não serão informados sobre qual medicamento estão recebendo. Da mesma forma, os médicos não terão esse dado. Apenas, os cientistas. Seguindo o protocolo clínico, serão testados pacientes com idade acima de 18 anos, com pneumonia inicial e sintomas típicos da doença. Parte do grupo receberá placebo e outra parte receberá o medicamento para avaliar sua eficácia. O tempo de avaliação de cada paciente será de 14 dias. Segundo o CNPEM, foi empregada na pesquisa alta tecnologia, como biologia molecular e estrutural, computação científica, quimioinformática e inteligência artificial. Inicialmente, foram identificados seis compostos promissores que seguiram para teste in vitro com células infectadas. Desses seis remédio, dois reduziram significativamente a replicação viral. Por fim, um deles apresentou 94% de eficácia. “A rede também compartilhará este conhecimento com outros países e órgãos que compõem a cooperação internacional, incluindo a Unesco, que lidera uma frente global com ministros de C&T e I e com os países do BRICS”, informou o CNPEM. Diretor-Geral do CNPEM, Antônio José Roque parabenizou a força-tarefa formada por 40 cientistas que está à frente desse trabalho pela dedicação e pelos resultados obtidos. “Importante ressaltar que a rápida resposta do CNPEM, assim como de outras instituições de pesquisa do País, demonstra que a ciência brasileira tem capacidade competitiva”, destacou. “Esperamos que a ciência brasileira seja cada vez mais valorizada para poder responder a problemas semelhantes que possam surgir no futuro”, completou.

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