A greve dos servidores da Unicamp, que completa 29 dias hoje, reivindica reajuste de 8% nos salários e um plano de recomposição de perdas
A greve dos servidores da Unicamp, que completa 29 dias hoje, reivindica reajuste de 8% nos salários e um plano de recomposição de perdas estimadas em 15,9% desde maio de 2015. Na pauta específica, a categoria pleiteia aumento no auxílio-alimentação e a criação de um vale-refeição no valor de R$ 660, entre outras reformulações na carreira. Se a universidade atender a pauta de reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), o custo anual sairá dos atuais R$ 215,5 milhões para R$ 453 milhões, um acréscimo de despesas na ordem de 110,2%. O estudo é da Assessoria de Economia e Planejamento da universidade (Aeplan). Nem STU nem Reitoria divulgaram os índices de adesão ao movimento. A reivindicação da pauta específica da categoria chega em um momento econômico ruim e instável, já que com a queda de arrecadação, os repasses para a Unicamp diminuem. No cenário de arrecadação de ICMS no Estado de São Paulo no valor de R$ 108,2 bilhões o déficit orçamentário será de R$ 221,7 milhões. Em um outro cenário de arrecadação de R$ 107 bilhões, o déficit será ainda maior, R$ 248,1 milhões. Entre os pedidos, a categoria quer que o auxílio-alimentação passe dos atuais R$ 970 para R$ 1.815. Além disso, querem a criação do vale-refeição, no valor de R$ 660, por exemplo. Hoje, a universidade gasta R$ 107,7 milhões com o auxílio-alimentação. Com a alteração pretendida, o valor passaria a R$ 201,9 milhões. Se toda a pauta for atendida, o custo geral para a Unicamp no próximo semestre é estimado em R$ 226,6 milhões. Mais que a previsão de gastos anual, de R$ 215,5 milhões, atualmente. Com as benesses, o custo da instituição seria de R$ 453 milhões em um ano, bem próximos da reserva estratégica, "o que poderia comprometer o pagamento de salários e custeio da Universidade no próximo ano”, explica a Unicamp, em nota. Atualmente, essa reserva está em R$ 480 milhões, em valores atualizados até o dia 31 de março deste ano. Outro lado Rafael Jorge, um dos diretores do STU, afirma que a Unicamp mistura os números. Questionado se os valores pedidos de auxílio-alimentação e vale-refeição são plausíveis, Jorge explicou que a categoria busca a equiparação com o que é pago pela USP. Além disso, segundo ele, a categoria não pede R$ 1.815 mais R$ 660. “Os R$ 1.815 engloba a correção inflacionária dos R$ 970 desde 2014, mais os R$ 660 de vale refeição, que hoje não existe. O valor é das duas coisas agregadas”, afirma. Com relação ao orçamento, o diretor declara que não concorda com os dados apresentados. “A gente não concorda com a alegação de que vai ultrapassar o orçamento. Nos dados que temos, o ICMS do estado cresceu 18,7% nos últimos três anos, mas apenas 3,7% foram repassados aos salários. Eles colocam a crise no contexto do Brasil, mas no estado teve crescimento de ICMS”, alega. “Nossa solicitação é que façam os cálculos para que a gente possa discutir. O que a gente cobra é que o reitor negocie efetivamente. Não concordamos com os cálculos. Queremos que ele apresente uma proposta do que é viável”, conclui o sindicalista. QUEDA ANO A ANO 31/12/2014 - R$ 1.048,703 bilhão 31/12/2015 - R$ 987,469 milhões 31/12/2016 - R$ 779,207 milhões 31/12/2017 - R$ 590,634 milhões 31/12/2018 - R$ 469,889 milhões Fonte: Aeplan Reserva cai a cada ano e agrava crise A reserva estratégica da Unicamp vem reduzindo nos últimos cinco anos. No final de 2014, ela era de 1.048,703 bilhão. No ano passado, ela fechou em R$ 468,889 milhões. Uma redução de 55,19%. A reserva estratégica (antes da crise) apresentava despesas orçamentárias a pagar (Empenhos inscritos em Restos a Pagar, saldo das Unidades de Ensino, Investimentos, Obras e Diversos Programas aprovados em Orçamentos anteriores. Além de um valor destinado a cobrir eventuais quedas de Receita, em função das flutuações da arrecadação do ICMS, oriundos da não execução total do orçamento dos anos anteriores. “Nos últimos cinco anos, a reserva tem sido utilizada para a cobertura do déficit causado pela queda na arrecadação do ICMS Estadual. Com o decréscimo das receitas, a Universidade, a partir de 2014, precisou parar obras e contingenciar recursos para diversos programas.” (MTC)