A reunião entre grevistas e a chefia de gabinete da Reitoria da Universidade Estadual de Campinas provocou desdobramento na tarde de anteontem
Servidores da Unicamp estão em greve há 45 dias: falta de consenso (Thomaz Marostegan/Especial para a AAN)
A reunião entre grevistas e a chefia de gabinete da Reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) provocou desdobramento na tarde de anteontem. Insatisfeitos com a falta de negociação, ao menos 13 grevistas decidiram permanecer na sala do setor administrativo da universidade até que o reitor Marcelo Knobel aparecesse no local. Eles passaram a noite na sala e prometeram só deixar o prédio após diálogo com Knobel, que se negou a ir à Reitoria enquanto estivesse ocupada. Os servidores estão em greve há 45 dias. No fim da tarde de ontem, a Unicamp divulgou nota informando que “Knobel estava desde as 14h de ontem pronto para iniciar mais uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU) e que a Administração Central aguarda a desocupação da Reitoria para dar início à reunião. Até o momento, porém, os representantes do STU mantêm-se intransigentes quanto à desocupação da Reitoria, o que impede dar continuidade ao diálogo”. Até as 20h de ontem, a posição do STU era manter a vigília no entorno da Reitoria por mais uma noite. A categoria pede reajuste do vale-alimentação de R$ 850,00 para R$ 1.080,00, ou seja, aumento de R$ 230,00, retirada dos descontos dos salários dos servidores em greve, melhores condições de trabalho e reajuste de 12,6%. A administração informou não ter como atender o aumento superior a R$ 100,00 e citou um déficit de R$ 240 milhões em 2018 no orçamento universitário. Mas a Unicamp propôs reajuste de 1,5% nos salários e aumento no vale-alimentação de R$ 100,00. Mesmo passando a noite na Reitoria, os grevistas negaram a ocupação e garantiram que estão lá aguardando a continuidade da reunião que teve início às 15h da terça-feira e que não foi finalizada. “Estamos no mesmo local onde estava acontecendo a reunião. Apresentamos uma proposta e não tivemos resposta. Estávamos conversando com o chefe de gabinete que nos deixou e foi embora. Foi um desrespeito isso”, disse o diretor do STU, João Raimundo Mendonça de Souza. Durante a noite de anteontem, outro grupo dormiu do lado de fora do prédio, onde montou uma espécie de acampamento, com cobertores e alimentação, em vigília. Segundo eles, não houve impedimento de acesso de nenhum funcionário. Ontem pela manhã Knobel participou da cerimônia de posse do novo diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e disse que não ia se apresentar aos grevistas com eles no local. Disse ainda que o encontro com o grupo não estava agendado, mas enviou o chefe de gabinete, Joaquim Murray Bustorff Silva, porque ele tinha outros compromissos. “Estou sempre disposto ao diálogo, mas não concordo com a ameaça e ocupação. É incompatível essa decisão deles. Não pode haver violência e não é assim que solicita uma reunião. O chefe de gabinete não deixou a reunião. Ele apresentou a proposta e depois encerrou o encontro. Ele não deixou ninguém. A atitude do sindicato não é compatível com o diálogo razoável”, disse Knobel. De acordo com o reitor, o valor do vale-alimentação oferecido pela Unicamp é o mais alto das três universidades estaduais, além disso também foi proposta a destinação de 10% do excedente do ICMS em 2018 para a aplicação no plano de carreira (funcionários, pesquisadores e docentes), além de 1,5% de reajuste salarial proposto pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) e também a reposição dos dias de greve. Impacto Com base em cálculos feitos pela Assessoria de Economia e Planejamento (Aeplan), a Unicamp informou em nota que se o conjunto dos pleitos apresentado pelo STU fosse atendido, a medida ampliaria as despesas da universidade em R$ 315 milhões. De acordo com Knobel, embora as propostas da Reitoria não atendam às expectativas dos servidores públicos, elas constituem esforço importante por parte da universidade.