MANIFESTAÇÃO

Reitoria da Unicamp e ativistas abrem negociação

Instituição recebe alunos que ocupam prédio; eles são contra cortes de despesas, querem cotas étnicos-racias e ampliação na moradia estudantil

Shana Pereira
16/05/2016 às 21:48.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:24
Estudantes da Unicamp colocam faixa anunciando paralisação no prédio da geologia e geografia: reitoria está ocupada por manifestantes desde a terça-feira da semana passada (Dominique Torquato/ AAN )

Estudantes da Unicamp colocam faixa anunciando paralisação no prédio da geologia e geografia: reitoria está ocupada por manifestantes desde a terça-feira da semana passada (Dominique Torquato/ AAN )

A Reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou que irá receber nesta terça-feira (17) uma comissão dos estudantes que ocupam o prédio há uma semana, para discutir as reivindicações dos alunos. Será a primeira audiência desde o início do movimento. No último sábado, os estudantes do movimento Ocupa Tudo Unicamp solicitaram à reitoria uma mesa de negociação e a suspensão imediata do pedido de reintegração de posse, já concedido para a universidade. O objetivo dos alunos é discutir o pacote de cortes de despesas da instituição e cobrar cotas étnicos-racias e ampliação na moradia estudantil. Eles protestam também contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar dos encontros, os estudantes dizem que não há previsão para deixarem a reitoria e afirmaram que a pró-reitoria teria garantido, em uma conversa no sábado, que a polícia não entraria no campus para cumprir a reintegração. Na rede social do movimento, os jovens informam que sete institutos estão em greve e nove estão paralisados. Nesta segunda-feira (16), uma série de atividades foi realizada em frente à reitoria, como treino da escola de capoeira, rodas de conversa e treino da bateria, entre outros. Em um ato contra o corte anunciado de R$ 40 milhões, os alunos plantaram 40 milhos desenhados em papel no gramado em frente ao prédio. Os manifestantes dizem ter se dividido em comissões para cuidar do prédio. Os alunos reivindicam a revogação do contingenciamento anunciado, a criação de uma política de cotas étnico-raciais com participação da comunidade acadêmica e reelaboração dos programas de permanência estudantil, além da ampliação da moradia. A universidade tem afirmado em suas notas que “a Administração Central discorda da ocupação dos prédios da universidade como forma de mobilização, pois sempre esteve e continua aberta ao diálogo”. Também garante que atua “de modo criativo e inovador para ampliar a inclusão social nos cursos de graduação, o que também contempla inclusão maior dos candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas”. Funcionários e docentes da Unicamp também fizeram uma paralisação em razão da campanha salarial. Foi realizada à tarde uma mesa de negociação na sede do Conselho de Reitores das Universidades Paulistas (Cruesp) em São Paulo. Cinco ônibus levaram os servidores e estudantes de Campinas até a Capital para acompanhar a negociação das três universidades paulistas (Unicamp, Unesp e USP) e Fórum das Seis. O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), João Ramiro Mendonça de Souza, os funcionários técnico-administrativos, docentes e estudantes querem cobrar das reitorias o reajuste salarial. Os funcionários e estudantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e seguiram em passeata até a sede do Cruesp. “Não tivemos a reposição da inflação o ano passado. E queremos o valor que estamos pedindo”, afirmou Souza. Segundo a assessoria do sindicato, a mesa apresentou um reajuste salarial de 3%. A pauta de reivindicações das categorias pedem o reajuste de 12,34%. Nesta terça haverá uma assembleia entre os servidores para debater e avaliar a proposta apresentada. Ocupações de Etecs perdem força após ação policial Os estudantes que ocupavam as escolas técnicas estaduais (Etecs) deixaram quase todos os prédios até este fim de semana. Nesta segunda, o Centro Paula Souza, que administra os colégios, disse que só uma unidade seguia tomada pelos estudantes: A Abdias do Nascimento, em Paraisópolis, zona sul da Capital. A saída das ocupações teve início na última sexta-feira, depois de o governo Geraldo Alckmin (PSDB) adotar nova estratégia e realizar quatro reintegrações de posse sem mandado judicial. Quase 100 alunos, a maioria menor de idade, foram conduzidos às delegacias para prestar esclarecimentos, acusados de terem depredado as unidades. Além disso, a principal pauta dos estudantes — a substituição da chamada “merenda seca”, com bolachas e suco, por refeição — foi atendida pelo governo estadual. Há duas semanas o governo anunciou que faria uma consulta às escolas para os alunos decidirem se queriam substituir o lanche por marmitex. A mudança passaria a valer em agosto. Outra dificuldade dos estudantes foi enfrentar um movimento de pais e estudantes que, incentivados pela direção das unidades, eram contrários às ocupações. Na Etec Basilides de Godoy, por exemplo, a Polícia Militar acompanhou toda a ação de fora. Até a sexta-feira, o Centro Paula Souza afirmou ter calculado prejuízo ao patrimônio de R$ 120 mil em nove das unidades desocupadas. (Estadão Conteúdo)

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