Maurício Knobel afirma que o reajuste reivindicado pelos servidores seria tecnicamente inviável
Categoria, que deflagrou a paralisação anteontem, briga por 12,5% (Leandro Torres/AAN)
O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, afirmou ontem ao Correio Popular que disponibiliza as contas da universidade para comprovar, às lideranças sindicais, que não existe a menor possibilidade de oferecer, aos servidores, um reajuste salarial superior ao 1,5% já proposto. A categoria, que deflagrou greve na véspera, reivindica aumento de 12,5%. O dirigente sindical João Raimundo Mendonça de Souza afirmou anteontem à reportagem, que é inconcebível a oferta de um reajuste tão pequeno. Para ele, a relativa reação da economia nacional fez crescer a arrecadação estadual com o ICMS, principal fonte de manutenção das universidades públicas paulistas. Existe, na visão dele, dinheiro em caixa para um repasse maior. O sindicalista ressalta, ainda, que os salários não são remunerados há três anos. Segundo o dirigente, “ainda mais irritante” é o fato de que os reitores de USP, Unesp e Unicamp não estarem dispostos a negociar o índice com sindicatos, associações de professores e alunos. Ontem, porém, a postura do reitor rejeita a tese. Knobel disse que está aberto ao diálogo: “Vamos apresentar nossos números com toda transparência. Com a discussão franca, vamos nos entender”. Segundo ele, do ponto de vista técnico seria correto não ter aumento algum. Mas, emendou, como não houve reajuste em 2017, as universidades públicas cederam, ofereceram, 1,5% e assumiram o risco. “Parece pouco. Algumas pessoas consideraram o índice irrisório, muito pequeno. Mas, para a Unicamp, vai representar R$ 26,5 milhões de gastos a mais. E neste ano, para se ter uma ideia, já temos previsão de deficit de R$ 240 milhões" , afirmou. O movimento grevista continuou ontem, com uma manifestação pela manhã que reuniu cerca de 150 servidores na frente da reitoria, segundo a direção do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp. Uma passeata até a área da Saúde procurou engajar mais departamentos. As assembleias setoriais seguem hoje, com vistas a uma mobilização expressiva no dia 28. O dirigente sindical Rafael Jorge afirmou à reportagem que o movimento mantém de braços cruzados 5% dos servidores, e que os setores essenciais funcionam normalmente. A estratégia grevista é garantir adesão significativa à greve antes da terça, quando o Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulitas (Cruesp) vai apresentar ao Conselho Universitário a proposta definitiva de reajuste.