PRODUTO INTERNO BRUTO

Região de Campinas tem crescimento maior que Estado

PIB da RA teve alta de 2,1% no segundo trimestre, enquanto o estadual foi de 1,2%

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
05/11/2022 às 14:00.
Atualizado em 05/11/2022 às 14:00

Fabricante de ventiladores e exaustores comerciais e industriais de Itapira já se consolidou no mercado nacional e destina 10% a 15% da produção ao mercado externo, mas planeja agora expandir as exportações (Divulgação)

A Região Administrativa de Campinas (RA) registrou crescimento de 2,1% no Produto Interno Bruto (PIB) — a soma de todos os bens e serviços finais produzidos — no segundo trimestre deste ano em relação ao anterior, já levando em conta o ajuste sazonal. Com esse resultado, a região superou a média do Estado de São Paulo, que foi de 1,2%.

De acordo com o relatório da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), entre abril e junho, o PIB da RA de Campinas foi de R$ 154,79 bilhões, contra R$ 139,87 bilhões do período de janeiro a março. Já o PIB total do Estado de São Paulo somou R$ 796,44 bilhões no segundo trimestre e R$ 737,06 bilhões no primeiro.

Ao avaliar o acumulado do primeiro semestre deste ano, a Região Administrativa de Campinas teve crescimento de 2,6%, com o montante chegando a R$ 294,66 bilhões. O percentual é maior do que a alta de 1,7% que o PIB paulista apresentou no mesmo período, quando totalizou R$ 1,53 trilhão.

Para o coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Gaspar Ruas, o resultado dos bens e serviços da RA foi “bom, com o desempenho no Estado de São Paulo estando em linha com o crescimento brasileiro”. De acordo com ele, os números ainda revelam uma retomada da economia após a pandemia de covid-19, principalmente no setor de serviços, com alta nas atividades de segmentos como hotéis, restaurantes, turismo e viagens aéreas.

Porém, o economista José Augusto Gaspar Ruas aponta que o crescimento do PIB não é resultante de novos investimentos, que gerariam novos empregos e aumento de renda dos trabalhadores.

Reflexo

Um fabricante de ventiladores e exaustores comerciais e industriais de Itapira é uma das empresas responsáveis pela melhoria do desempenho da economia regional. Com a participação no mercado nacional já consolidada, a empresa iniciou a busca de clientes no exterior há dois anos. Atualmente, as exportações representam entre 10% e 15% da produção.

Para o gerente de Comércio Exterior da indústria, Felipe Neira Ribeiro Stivalli, “as novas vendas no mercado nacional já estão bem consolidadas e a expansão das atividades passa naturalmente pelas exportações”. A empresa, que tem 50 funcionários, trabalha para que as exportações representem 40% da produção nos próximos cinco a seis anos “para atingir o equilíbrio entre o mercado nacional e o internacional”, ressalta. A indústria exporta principalmente para os países da América do Sul, e a estratégia passa por ampliar as vendas para os mercados da América do Norte, Europa e Oriente Médio.

Ranking no Estado

Entre as 16 regiões do Estado de São Paulo, a RA de Campinas ficou em oitavo lugar em crescimento do PIB no segundo trimestre deste ano, de acordo com o Seade. O primeiro lugar ficou com a Região Administrativa de Ribeirão Preto, com alta de 3,8%.

Quando comparados os desempenhos do primeiro semestre, Campinas ocupa o 11˚ lugar. Nesse caso, a maior alta foi na RA de Franca, 6,6%, aponta o estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados.

Segundo o coordenador do curso de Economia da Facamp, essa posição de Campinas não significa perda de espaço e de importância da economia regional. Para Ruas, a região é marcada principalmente pelos segmentos industrial e de serviços e saiu na frente na retomada durante a crise gerada pela covid-19, o que explica os bons resultados que teve no PIB no segundo semestre de 2021.

Os números melhores verificados nas outras regiões do Estado seriam reflexo da retomada ocorrida a partir deste ano. A RA de Campinas teve uma participação de 19,8% no PIB paulista em 2021, de acordo com a Fundação Seade, muito à frente da terceira colocada, a região de São José dos Campos, com 5,8%. A liderança disparada é da Região Metropolitana de São Paulo, com 51,7%.

Perspectivas

O economista acredita que o terceiro trimestre de 2022 será ainda marcado por resultados positivos do PIB no País e no Estado de São Paulo. Porém, ele observa que deverá ocorrer queda neste último trimestre do ano, que será influenciado pelos bloqueios de estradas por caminhoneiros após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República no segundo turno das eleições no último domingo.

“Esses bloqueios, que ocorreram por quase uma semana, deverão ter um impacto de queda no PIB entre 0,2 e 0,3%”, diz Ruas. Isso por conta dos prejuízos causados com perdas de mercadorias perecíveis nas rodovias, indústrias que paralisaram a produção por falta de matérias-primas, atrasos nas entregas de mercadorias e outros reflexos.

Segundo o balanço da Polícia Rodoviária Federal, desde domingo até a noite de quinta-feira, foram desfeitas 936 interdições em rodovias federais em todo o País. Porém, não havia nenhum bloqueio significativo nessas estradas na manhã de sexta-feira (4). De acordo com as Polícias Rodoviárias estaduais, na sexta-feira ainda foram registrados 24 pontos de interdição em estradas de cinco Estados das regiões CentroOeste e Norte do Brasil: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Amazonas, Pará e Roraima. Na região de Campinas, os protestos nas rodovias foram encerrados na noite de quarta-feira.

Revisão do crescimento

A Fundação Seade divulgou ainda que houve desaceleração da economia paulista em agosto, o que a levou a reduzir a projeção de crescimento do PIB do Estado em 2022. A taxa anual deverá ficar entre a mínima de 2% e a máxima de 2,8%. Antes, o teto estimado era de 3,1%. Segundo a instituição, entre julho e agosto, o Produto Interno Bruto cresceu 0,2%, já descontados os efeitos sazonais, com desempenho positivo no setor dos serviços (0,2%) e quedas na indústria (- 0,2%) e agropecuária (-0,4%).

“Em termos da taxa anual, nota-se que o desempenho positivo da economia paulista (1,7%) vem sendo proporcionado pelo avanço de 3,2% no setor de serviços, com crescimento também na agropecuária (1,5%). A indústria, por outro lado, mostrou retração de 2,4%, ainda com dificuldades para engrenar uma recuperação”, ressaltam os economistas da Seade.

Na comparação com agosto de 2021, a economia apresentou alta de 4,8%, com crescimento nos serviços (4,0%), indústria (4,8%) e agropecuária (1,8%). As projeções para a economia brasileira permaneceram inalteradas, com mínima de 2,5%, média de 2,8% e máxima de 3,0%. “Embora os resultados para agosto sejam positivos, observa-se que houve desaceleração da economia paulista, a taxa anual do PIB passou de 1,8% para 1,7% entre julho e agosto”, acrescenta o Seade.

Para o economista José Ruas, o País também enfrentará uma situação difícil no primeiro semestre do próximo ano. De acordo com ele, a previsão é em função da continuidade da crise econômica mundial e da política de alta de juros nos Estados Unidos. “Há uma predisposição para uma atividade econômica internacional difícil no primeiro semestre, o que afetará o Brasil, infelizmente”, diz.

O coordenador da Facamp lembra que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada à Câmara Federal, que define o orçamento federal para o próximo ano, reflete essa situação e prevê cortes de verbas em diversas áreas.

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