ALTERNATIVA

Região de Campinas recorre a piscinões para recuperar nascentes

Cidades investem em bacias de contenção para reter água de chuva e reabastecer lençol freático em meio à crise provocaga pela estiagem

Maria Teresa Costa
23/02/2015 às 06:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:57
Bacia de contenção de água no Parque Luiz Barbosa, na região central de Jaguariúna (Camila Moreira/AAN)

Bacia de contenção de água no Parque Luiz Barbosa, na região central de Jaguariúna (Camila Moreira/AAN)

Cidades das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) estão espalhando piscinões ao longo de estradas vicinais para captar água de chuva. Centenas de pequenas barragens com capacidade para 20 a 40 metros cúbicos de água em média, chamadas barraginhas ou bacias de contenção, estão surgindo para reabastecer o lençol freático e fazer com que as nascentes, castigadas pela crise hídrica, voltem a jorrar água. O Consórcio PCJ está incentivando os municípios a implantarem as barraginhas. “Elas são fundamentais para nossa segurança hídrica”, afirmou o secretário-executivo do consórcio, Francisco Lahoz. Jaguariúna vai construir 195 bacias de contenção ao longo de estradas vicinais e lançará, no final do mês, edital para seleção das propriedades rurais. Segundo o prefeito Tarcísio Chiavegato, o projeto, de R$ 700 mil, será financiado pela Agência Nacional de Águas (ANA) — o investimento será destinado à implantação das barraginhas, colocação de cercas nas áreas de proteção permanente (APPs) e de fragmentos florestais e na conservação de vicinais. A cidade já tem dessas bacias, mas estão na área urbana e funcionam para conter enchentes, como é o caso de uma instalada no Parque Luiz Barbosa, no Centro. Segundo a diretora do Departamento de Meio Ambiente de Jaguariúna, Rafaela Giusti Rossi, cinco grandes propriedades rurais onde estão a maior parte das 15 microbacias da cidade são candidatas a receber as bacias de contenção. Ela explicou que essas barraginhas são importantes para a conservação do solo porque a água da chuva que desce das estradas será contida nessas bacias, evitando a erosão. São pequenos reservatórios que propiciarão a infiltração lenta da água até o lençol freático, permitindo assim a recarga e o afloramento de nascentes. A estimativa é de que em outubro os reservatórios sejam construídos para receber as chuvas do próximo Verão. Mais de mil bacias de contenção já foram implantadas na cidade mineira de Extrema, onde estão as nascentes do Sistema Cantareira. Elas são parte do programa Produtor de Água, que é pautado pelo princípio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), em que o proprietário das terras onde se localizam mananciais de abastecimento recebe um pagamento pela preservação do local, se tornando um “produtor de água”. Recebe pelo serviço ambiental aquele que recupera e protege áreas próximas a nascentes e cursos d’água, de acordo com a extensão da área preservada. O valor total está relacionado à recuperação do solo, à cobertura vegetal e ao saneamento ambiental. As fontes dos recursos são a cobrança pelo uso da água, convênios com entidades públicas e outras instituições e o plano plurianual do município.Campinas vai adotar o PSA, mas o projeto espera pela aprovação da Câmara Municipal — no ano passado foi aprovado em primeira discussão, da legalidade. A implantação de bacias de contenção é parte desse projeto ambiental, segundo o secretário do Verde, Rogério Menezes. Mas não será o primeiro financiamento do projeto, que irá se dedicar inicialmente ao pagamento para recuperação de nascentes. As bacias de retenção de águas pluviais implantadas na zona rural de Limeira têm demonstrado grande valia para a proteção dos mananciais — mais de 30 foram implantadas com recursos do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro). Essas bacias, segundo o secretário-executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahoz, são de grande contribuição para garantia das nascentes que alimentam o Ribeirão Pinhal, que divide com o Rio Jaguari a responsabilidade do abastecimento de Limeira. O Projeto Produtor de Água no PCJ já implementou cerca de 300 barraginhas em dez propriedades na Microbacia do Cancã, no município de Joanópolis. Já o projeto Águas do Piracicaba, desenvolvido pela Associação Mata Ciliar, implantou cerca de mil barraginhas na região de Bragança Paulista.   Reservas são estratégicas contra a secaO Consórcio PCJ está orientando municípios, indústrias e agricultures a armazenarem a água da chuva onde for possível para ter uma reserva que possa ser utilizada nos períodos críticos da estiagem, a partir de abril. Para o consórcio, é importante que a agricultura tenha uma reserva estratégica e a formação de bacias de contenção é uma solução rápida e de duplo retorno — o primeiro, mantém volume de água armazenado na propriedade que pode ser usado nas plantação; o segundo, permite a infiltração dessa água no solo com a recarga do lençol freático aumentando a possibilidade de afloramento de nascentes. “Temos que priorizar o momento de emergência, com previsões de chuvas somente até o final de março de 2015, o que exige ações de curto prazo para reduzir o consumo e armazenar o maior volume de água possível, bem como, promover a realimentação do lençol freático, com responsabilidade e eficiência”, disse o secretário executivo do consórcio, Francisco Lahoz.Ele afirmou que cerca de 80% das nascentes que haviam secado na região de Extrema (MG) apresentaram uma reação de afloramento com as atuais chuvas, mas ainda com pouca vazão.

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