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Região de Campinas lidera investimentos anunciados no Estado de SP

São R$ 16,57 bilhões, o maior valor em 10 anos na Região Administrativa

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
02/09/2022 às 09:32.
Atualizado em 02/09/2022 às 09:32
Replan receberá o segundo maior investimento de toda a Região Administrativa de Campinas: R$ 2,2 bilhões para a construção de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel (Gustavo Tilio)

Replan receberá o segundo maior investimento de toda a Região Administrativa de Campinas: R$ 2,2 bilhões para a construção de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel (Gustavo Tilio)

A Região Administrativa (RA) de Campinas lidera os investimentos anunciados no Estado de São Paulo nos primeiros sete meses do ano, com total de R$ 16,57 bilhões. O montante representa praticamente um terço dos R$ 50,43 bilhões programados para todo o Estado e é o maior para a região em 10 anos, quando o valor chegou a R$ 17,14 bilhões em 2012, de acordo com a Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp) divulgado na quinta-feira (1) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Os investimentos na RA se concentram na indústria, responsável por 78,08% do total, seguidos por infraestrutura (18,48%), serviços (3,3%) e agropecuária (0,14%). Apesar do volume de investimentos neste ano ser expressivo, o coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), José Augusto Gaspar Ruas, avalia que isso não significa uma retomada da economia regional ou paulista. “Os investimentos são positivíssimos, movimentam a economia da região. Porém, no aspecto macroeconômico, são localizados, pontuais, representam a oportunidade de modernização de plantas, com menor impacto na geração de emprego e renda”, explica.

Apenas quatro empresas – duas montadoras, uma fabricante de papel e a Petrobras – são responsáveis por 89,92% do montante. O economista observa que a maior parte do valor investido por elas será em novos equipamentos, o que não representa necessariamente criação significativa de novos postos de trabalho. 

“Para efeito estatístico, os números são impressionantes, mas não significa uma retomada da economia”, afirma. Ruas considera que se o montante anunciado para a região estivesse pulverizado em um número maior de empresas que realmente estivessem se instalando, os efeitos na geração de empregos seria ampliado. Ele acrescenta que os valores anunciados serão escalonados em um período de tempo, com o desempenho que tiverem no mercado definindo se realmente serão efetivados.

Chegada ao Brasil da maior fabricante chinesa de automóveis de capital 100% privado é o maior investimento anunciado para o Estado este ano (Divulgação)

Chegada ao Brasil da maior fabricante chinesa de automóveis de capital 100% privado é o maior investimento anunciado para o Estado este ano (Divulgação)

Maior investimento

A chegada ao Brasil da maior fabricante chinesa de automóveis de capital 100% privado é o maior investimento anunciado para o Estado nos primeiros sete meses do ano. A montadora divulgou a destinação de R$ 10 bilhões para a fábrica em Iracemápolis, ocupando a planta adquirida de uma empresa alemã. A fábrica será a primeira da marca no País e a sua maior base de produção fora da China, com o objetivo de atender o mercado local e também exportar para a América Latina. Serão dois ciclos de investimentos para produzir SUVs e picapes híbridas e elétricas, com cerca de R$ 4 bilhões entre este ano e 2025 e outros R$ 6 bilhões de 2026 a 2032. 

A unidade terá capacidade de produzir 100 mil veículos por ano e gerar 2 mil empregos na próxima década. Segundo a montadora, os veículos terão plataforma inteligente, conectividade avançada e recursos semiautônomos de segurança, estimulando a indústria local de fornecedores com a nacionalização de componentes e a criação de uma rede de eletropostos.

“O mercado brasileiro não é apenas o líder da América Latina, mas também um dos dez maiores mercados onde a empresa inicia a produção local fora da China. O Brasil é definitivamente nosso pilar estratégico para fazer acontecer a nossa meta para 2025”, afirma o Chief Operating Officer (COO) da montadora no País, Koma Li.

A expectativa da empresa é que a nova unidade fature R$ 30 bilhões já em 2025. Nos próximos três anos, serão lançados dez veículos no mercado nacional. O primeiro chegará até o final deste ano, ainda como importado, e o primeiro de fabricação nacional será lançado no segundo semestre de 2023. Para isso, a unidade de Iracemápolis passará por uma modernização inicial, que incluirá processos digitais na produção e linha de montagem inteligente.

Replan

O segundo maior investimento na RA de Campinas será da Petrobras na Refinaria de Paulínia (Replan), a maior em capacidade de processamento de petróleo da empresa, com 434 mil barris por dia, o equivalente a 69 mil metros cúbicos. A empresa de capital aberto, cujo maior acionista é o governo federal, anunciou R$ 2,2 bilhões para a construção de uma nova unidade de hidrotratamento de diesel, com capacidade para produzir 10 milhões de litros de diesel S-10 por dia. 

Esse combustível tem quantidade menor de enxofre e é mais puro. Durante a fase de construção, a nova unidade gerará cerca de 3 mil novos empregos, de acordo com a Petrobras. “Com esse projeto, todo o óleo diesel produzido na Replan será de baixo teor de enxofre e permitirá o aumento da produção de querosene de aviação”, explica o gerente geral da refinaria, Rogério Daisson. A unidade é responsável por aproximadamente 20% de todo o refino de petróleo no Brasil e atende todo interior de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre, Sul de Minas Gerais, Triângulo Mineiro, Goiás, Brasília e Tocantins.

O terceiro grande investimento na região é da maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil. A empresa investirá R$ 1,6 bilhão em uma nova fábrica de papel ondulado em Piracicaba, com capacidade de produção de 240 mil toneladas por ano. A previsão é que a unidade comece a funcionar em 2024, gerando 1,2 mil empregos, sendo 700 durante a obra e 500 na operação da planta.

A nova fábrica ficará em um terreno de quase 1 milhão de m² com localização estratégica, a cerca de 10 quilômetros de uma outra planta que a empresa já possui no município. 

O quarto investimento de porte na RA de Campinas é de R$ 1,1 bilhão. Uma montadora japonesa destinará recursos para a expansão e produção de novos modelos em sua fábrica em Itirapina. 

Liderança

Outros seis investimentos foram anunciados para a Região Administrativa, sendo dois de infraestrutura, três de serviço e um de agropecuária. Os recursos a serem aplicados pelas empresas responsáveis vão de R$ 23,35 milhões a R$ 450 milhões. 

Com o montante de R$ 16,57 bilhões, a RA de Campinas fica ligeiramente à frente dos investimentos divulgados para a Região Metropolitana de São Paulo, que somam R$ 16,53 bilhões de janeiro a julho. 

De acordo com a pesquisa da Seade, o maior na RM de SP será feito por uma locadora de veículos, que aplicará R$ 6 bilhões na aquisição de carros, incluindo elétricos. Outros destaques são de uma companhia aérea, que destinará R$ 3,32 bilhões para infraestrutura, e a construção de um novo hotel, que aplicará R$ 1,5 bilhão. 

No Estado de São Paulo, os investimentos anunciados estão divididos entre infraestrutura (43,31%), indústria (32,97%), serviços (20,99%), comércio (1,93%) e agropecuária (0,8%). Segundo o Piesp, os R$ 50,43 bilhões anunciados são o maior valor desde o primeiro semestre de 2019, quando somaram R$ 68 bilhões, período anterior à pandemia da covid-19.

Além dos investimentos previstos para a RA de Campinas e RM de São Paulo, o maior anúncio feito foi da concessionária CCR RioSP, que aplicará R$ 7,4 bilhões na modernização e operação do trecho paulista das Rodovias Via Dutra e Rio-Santos. Ainda na área de infraestrutura, a Tamoios destinará R$ 1,5 bilhão na implantação de contornos na Rodovia dos Tamoios, em Caraguatatuba e São Sebastião.

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