ATIVAÇÃO ECONÔMICA

Região de Campinas integra novo plano estadual de desenvolvimento

Objetivo é aumentar o PIB paulista mediante a coalizão das 16 regiões administrativas

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
14/02/2023 às 09:00.
Atualizado em 14/02/2023 às 09:00
Campinas é atendida por importantes rodovias, como a Bandeirantes e a Anhanguera, pelo Aeroporto de Viracopos e tem acesso facilitado ao Porto de Santos: logística favorece escoamento da produção industrial (Alessandro Torres)

Campinas é atendida por importantes rodovias, como a Bandeirantes e a Anhanguera, pelo Aeroporto de Viracopos e tem acesso facilitado ao Porto de Santos: logística favorece escoamento da produção industrial (Alessandro Torres)

O governo de São Paulo lançou um plano de desenvolvimento econômico para atender todo o Estado, de acordo com o perfil de cada uma das 16 regiões administrativas e com foco na internet 5G, que permitirá o avanço do uso da tecnologia pelas empresas. De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, o objetivo é tirar os entraves para aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) paulista - que é a soma de todos os bens e serviços produzidos. E a Região Administrativa de Campinas tem um papel importante nessa proposta, respondendo pela segunda maior participação no PIB do Estado, com 19,8% do total, atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo (51,7%).

Segundo o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - Regional Campinas (Ciesp), José Henrique Toledo Corrêa, a coalizão da região, como vem sendo chamado o grupo de trabalho reunindo lideranças empresariais e técnicos do governo, deverá ser formada "em breve, com certeza vai ser rápido". 

Corrêa vem discutindo a questão econômica da região com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) desde a campanha eleitoral no ano passado. Em dezembro, já eleito, o governador se reuniu com empresários, encontro que contou com a participação de uma comitiva de 12 membros do Ciesp-Campinas. Entre os temas discutidos, o futuro da indústria e geração de empregos.

A partir desses encontros, saiu agora o plano de fomento ao desenvolvimento e esta semana será publicado um decreto de criação de um grupo de trabalho para desenvolver um plano de reindustrialização de São Paulo. 

A RA de Campinas dispõe de uma das maiores concentrações de indústrias do país, englobando todos os segmentos - metalmecânica, química, agroquímica, agroindústria, bens de capital, têxtil, papel e celulose, embalagens e outros.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação de Campinas, Adriana Flosi, disse ver "com bons olhos" o programa estadual e aponta que o município adotou, nos últimos anos, ações para atrair investimentos, entre eles nas áreas de logística, tecnologia e inovação. As medidas passam por mudanças na Lei de Uso de Ocupação de Solo, desburocratização e incentivos fiscais. 

Adriana participou do grupo de transição do governo estadual nas áreas de desenvolvimento, finanças, gestão, ciência, tecnologia e inovação, acompanhando a discussão do projeto que agora está sendo implantado. "Campinas tem uma posição estratégica dentro dessa proposta política e fez a lição de casa para receber os investimentos", afirma a secretária. O PIB de Campinas é de US$ 18,8 bilhões (R$ 74,4 bilhões), sendo formado por 6% de atividades industriais, 47,5% de comércio e 46,6% de serviços. 

Convergência de objetivos

Para Corrêa, o plano de desenvolvimento “corrobora o trabalho que o Ciesp vem realizando dentro de suas atribuições”, que ganha um novo impulso com a participação do governo. Em 2022, por exemplo, a entidade lançou a Jornada de Transformação Digital para capacitação de micro, pequenas e médias empresas para a indústria 4.0, como é chamada a 4ª Revolução Industrial. Ela envolve a aplicação de recursos como a inteligência artificial, computação em nuvem, big data e analytics, robótica colaborativa, manufatura aditiva, simulação digital, cibersegurança, inteligência artificial, realidade aumentada e virtual. Lançada em maio, essa ação já teve a participação de 6,5 mil empresas paulistas.

Para o diretor do Ciesp, também é preciso criar uma agenda de incentivos que inclua redução da carga tributária, dos custos burocráticos e acesso ao crédito com juros abaixo do mercado. "Um plano de desenvolvimento econômico passa pela indústria, agronegócio, que são fundamentais, além de serviços e comércio", afirmou Corrêa. 

De acordo com o dirigente empresarial, a nova proposta governamental vem ao encontro dos pontos defendidos pela entidade de desenvolvimento econômico e empregos diante do atual momento da economia mundial, sendo favorável para o Brasil e em especial para a região.

Após a crise gerada pela pandemia de covid-19 na cadeia industrial mundial, que gerou a falta de itens para a produção, como chips, explica, muitas multinacionais buscam agora diversificar seus fornecedores para evitar a dependência da Ásia, sendo uma boa oportunidade para o país atrair essa demanda, o que resultaria em desenvolvimento industrial e de empregos. A região tem todas as condições para captar esses novos negócios, acrescenta Corrêa.

Ele ressalta que a região de Campinas dispõe de mão de obra especializada, parque industrial avançado, universidades, centros de pesquisas, um grande mercado consumidor e posição estratégica, próxima de importantes rodovias, do Aeroporto Internacional de Viracopos , além de ter fácil acesso ao Porto Santos, o que permite uma logística rápida e eficiente para importações e exportações. 

A contribuição desses fatores fez com o PIB da RA de Campinas obtivesse um crescimento acumulado de 2,6% entre janeiro e setembro de 2022, segundo dados da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

Na comparação entre os três primeiros trimestres de 2022 com o mesmo período de 2021, a alta foi de 2%, repetindo, praticamente, a média do Estado, 2,3%. Outro indicador de relevância econômica é que a RA de Campinas respondeu por um em cada seis empregos criados em São Paulo no ano passado. 

De acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no acumulado do ano, a região gerou 90 mil postos de trabalho dos 561 mil abertos no Estado. A RA foi a terceira na criação de novos empregos, ficando atrás apenas da capital (189 mil) e dos demais municípios da Região Metropolitana de São Paulo (107 mil). 

O executivo do Ciesp-Campinas defende que a criação da coalizão para discutir o plano de desenvolvimento precisa envolver todas as unidades do Ciesp na região, outros setores empresariais e ainda as prefeituras, que podem desenvolver ações locais para ajudar a impulsionar a atividade econômica.

Governo 

"O fortalecimento da infraestrutura é outro fator urgente. É essencial estimular o investimento público, mantendo a sustentabilidade fiscal, e incentivar o empreendedorismo, por meio de concessões e parcerias público-privadas", defende o presidente do Ciesp, órgão ligado à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Rafael Cervone. "Também são prioritárias a reforma administrativa, para se alcançar uma estrutura fiscal saudável, e a tributária, com isonomia na taxação de todos os setores, instituição do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e desoneração das exportações e dos investimentos", completou.

A Pasta Estadual de Desenvolvimento Econômico divulgou que até o final deste ano serão criadas 16 coalizões empresariais, uma em cada região administrativa, voltadas ao fomento do crescimento local, estimulando a cadeia produtiva e a vocação industrial de cada parte do estado. 

A expectativa é de que a iniciativa também aproximará o setor empresarial das políticas públicas, visando parcerias que tragam impacto positivo na vida da população e no desenvolvimento econômico do Estado, além de aumentar o equilíbrio econômico no interior.

"Estamos preparados para fazer São Paulo voltar a ser o destaque industrial. Vamos criar as coalizões para inserir todas as regiões administrativas no PIB paulista. Com isso, podemos direcionar os nossos programas para atender as demandas de cada região", explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, que, desde 1995, atuou como CEO de grandes empresas em diferentes segmentos e foi secretário de Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços do Ministério da Economia no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A primeira coalizão foi montada em Ribeirão Preto, no final de janeiro, quando o secretário se reuniu com empresários, políticos e líderes setoriais da região. Os grupos vão elaborar propostas de fomento às economias locais, com o objetivo de atrair investidores, principalmente relacionados ao agronegócio e ao setor energético. 

A próxima coalizão será a de Santos, que deve ser formalizada nas próximas semanas. Na quinta-feira passada, Lima lançou o plano de desenvolvimento em um encontro, em São Paulo, que reuniu 500 empresários. Segundo o secretário, as metas do programa estão baseadas em quatro eixos: indústria, empreendedorismo, capacitação e fomento de novos negócios. "Precisamos ter um olhar diferente para cada parte do estado. Por isso, vamos montar coalizões empresariais que estimulem e viabilizem projetos para o desenvolvimento local", disse Lima.

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