SEQUESTRO E ASSASSINATO

Região de Campinas é epicentro de quadrilha que planejava atentado contra Moro

Mais da metade dos mandados expedidos contra os investigados é da RMC

Luis Eduardo de Sousa e Alenita Ramirez
23/03/2023 às 10:12.
Atualizado em 23/03/2023 às 10:12
Suspeito é conduzido por agentes até a sede da Polícia Federal em Campinas: de 11 mandados de prisão, seis foram cumpridos na região (Reprodução)

Suspeito é conduzido por agentes até a sede da Polícia Federal em Campinas: de 11 mandados de prisão, seis foram cumpridos na região (Reprodução)

Campinas é o epicentro de uma organização criminosa que planejava atentar contra autoridades e agentes de segurança pública, entre elas o ex-juiz federal e senador pelo Paraná Sérgio Moro (União Brasil). De acordo com as investigações, que são conduzidas pela Polícia Federal (PF) de Brasília, o grupo planejava sequestrar e até matar os alvos. A operação aconteceu na manhã desta quarta-feira em cinco unidades da federação e mais da metade dos mandados de prisão foram cumpridos em três cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). 

As investigações apontam que os criminosos estavam em período de “análise” da rotina das vítimas. Eles teriam, inclusive, alugado propriedades próximas à residência de Moro para espionar a movimentação do senador e da família. De acordo com o que foi apurado pela polícia até agora, a motivação seria a transferência de detentos do alto escalão no crime organizado para presídios federais de segurança máxima, promovida pelo político quando esteve à frente do Ministério da Justiça, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Ao todo, foram expedidos 11 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão. Só as prisões da região totalizam seis com mandado judicial e uma em flagrante, de um homem que estava em um dos endereços visitados pela PF em posse de documentos falsos. Entre os que tinham mandado, eram quatro homens e duas mulheres, que foram detidos nas cidades de Santa Bárbara d’Oeste (2), Sumaré (3), e Hortolândia (1). Além disso, os agentes apreenderam documentos e veículos de luxo em endereços em Nova Odessa, Americana e Campinas. A PF não especifica, no entanto, em razão do sigilo das investigações, o que foi apreendido em cada cidade. 

O delegado da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza, chama a atenção para a importância da região para a quadrilha. “Foram 11 mandados na operação, correto? Seis foram só na região. A conclusão é lógica”, declarou à reportagem. 

Os sete detidos foram encaminhados a uma unidade da Polícia Federal na capital paulista. Além do estado de São Paulo, foram cumpridos mandados em Roraima, Paraná, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Em todo o território paulista foram nove prisões. 

Ao Correio, a comunicação da PF de Brasília informou que, além dos detidos na região, três pessoas completam o conjunto de presos no estado, dois deles na capital e um em Presidente Prudente. 

Na manhã de quarta-feira (22), o ministro da justiça Flávio Dino publicou em seu perfil no Twitter que a polícia realizava a operação. Ele aproveitou para parabenizar os agentes envolvidos na ação. À tarde, em coletiva à imprensa, explicou o que poderia ser o objetivo dos criminosos. “É uma ação intimidatória que buscava, por um lado, punir agentes de segurança pública envolvidos em movimentações presidiárias envolvendo membros da facção. Por outro lado, queria passar uma mensagem às autoridades do que o grupo é capaz, e assim coagir e intimidar futuras ações”, declarou Dino. 

Já o senador Sérgio Moro agradeceu ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) que, na posse de informações sobre o suposto atentado, tratou de providenciar um reforço na segurança do parlamentar. Após a intervenção de Moro, o senador Magno Malta (PL) também usou seu tempo na sessão para declarar apoio ao colega. “São crimes motivados por todo o bem que o senhor fez ao Brasil. É um absurdo” disse. 

Em Campinas, dezenas de agentes vindos de outras cidades e até estados participaram do cumprimento dos mandados. “Foram muitos agentes envolvidos, o que torna difícil quantificar. Teve policial até do Paraná”, disse o delegado ao Correio. Em toda a operação, foram 120 policiais envolvidos. A operação contou ainda com o apoio de equipes da Rota, da Polícia Militar paulistana, e da PM do Paraná.

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