Um dos novos distritos turísticos — o Circuito das Águas e Flores — abrangerá nove municípios da macrorregião de Campinas, dentre os quais a cidade de Holambra, a maior exportadora de flores da América Latina (Ricardo Lima)
A macrorregião de Campinas poderá ganhar dois novos distritos turísticos, o do Circuito das Águas e Flores e o Bragantino. A Secretaria Estadual do Turismo e Viagens iniciou estudos para a criação dessas áreas especiais, que objetiva atrair investimentos privados para o segmento turístico e a geração de empregos e renda.
O Distrito Circuito das Águas envolverá nove municípios: Águas de Lindoia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro.
Essas cidades formam um dos destinos mais procurados pelos turistas no Estado de São Paulo, chegando a receber 2,5 milhões de pessoas nas férias de julho, por exemplo. Já o Distrito Turístico Bragantino englobará cinco municípios: Bragança Paulista, Joanópolis, Nazaré Paulista, Piracaia e Vargem. A criação dessas áreas é uma indicação do deputado estadual Edmir Chedid (União Brasil).
“Em sua maioria, esses municípios foram classificados como estâncias e de Interesse Turístico (MITs). Na prática, cumprem os critérios definidos pela legislação em vigor que reconhece sua importância à economia do Estado e também sua vocação turística. Precisamos incentivar os municípios e garantir recursos para a geração de mais empregos e renda à comunidade”, disse. A expectativa é que os estudos para a criação das novas áreas especiais sejam concluídos até o final de junho deste ano.
Atrações
O eventual Distrito do Circuito das Águas e Flores tem como potencial turístico a beleza natural, a arquitetura, parques, passeios, tanto destinados a famílias, aventuras como compras, “É uma cidade muito linda”, diz o administrador de empresa José Ricardo Silva, de Roraima, que estava em visita a Holambra. Ele e a esposa, Nayra, faziam um roteiro de viagem que incluía ainda visitas a Paraty (RJ) e à cidade de São Paulo.
Já a engenheira civil Joyce Costa e Thiago Carvalho, de Vargem Grande Paulista, aproveitaram um dia de folga para fazer um bate e volta até Holambra. “Sempre tive vontade de conhecer a cidade”, afirmou Joyce. A turista explicou que já conhecia a fama sobre a beleza do município e também viu alguns vídeos.
Durante o passeio, paradas para fotos em canteiros de flores, que constituem atrativos locais. Na verdade, a produção comercial de flores é a principal atividade econômica do município, considerado o local de maior influência no País, o que abriu espaço também para ser uma atração turística. Holambra é o maior exportador de flores da América Latina, sendo responsável por 80% da exportação e por 40% da produção do setor florícola brasileiro.
Já o possível Distrito Turístico Bragantino apresenta como atrativos a gastronomia — Bragança é conhecida por ser a terra da linguiça —, fazendas, igrejas, cachoeiras e a represa dos Rios Jaguari e Jacareí, que formam o Sistema Cantareira, que abastece São Paulo. Um passeio de barco pela represa, por exemplo, proporciona um belo visual proporcionado pelo pôr do Sol.
Outros distritos
A criação de distritos turísticos é algo relativamente novo, possível a partir da lei 17.474, sancionada pelo governador João Doria (PSDB) em junho passado. Dois já foram criados no Estado, o de Olímpia e o Serra Azul, que também é na macrorregião de Campinas.
O Distrito Serra Azul inclui as cidades de Itupeva, Jundiaí, Louveira e Vinhedo — que recebem 10 milhões de visitantes por ano — e engloba um complexo de parques temáticos e de centros de compras.
Para o secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz, a criação dos distritos permite “definir as prioridades turísticas para a região, atraindo investimentos nacionais e estrangeiros, que vêm atrás de segurança jurídica e segurança de planejamento”.
No caso do Distrito Turístico Serra Azul, a previsão é atrair investimentos privados que somam R$ 1,8 bilhão nos próximos cinco anos, que devem gerar cerca de 7,5 mil empregos.
A expansão prevê as instalações de um clube de golfe, empreendimentos para esportes radicais e de aventura, um outlet, um autódromo, novos hotéis e ampliação de um centro hípico.
A economista Eliane Rosandiski, do Observatório da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), acrescenta que a capilaridade proporcionada pelo turismo beneficia também os pequenos negócios e microempreendedores, que vão dos restaurantes aos produtores de artesanato.
De acordo com um estudo feito por ela, a atividade turística é responsável por 5,3% dos postos de trabalho na Região Metropolitana de Campinas (RMC), empregando principalmente pessoas de 18 a 39 anos com ensino médio.
Para Eliane, a criação de distritos turísticos na macrorregião pode ajudar na recuperação dos municípios que têm a economia baseada no turismo e que foram fortemente afetados pela pandemia da covid-19.
“Esse movimento pode gerar o desenvolvimento local”, afirma. Além disso, “a união dos municípios resulta em maior força política para conseguir recursos públicos para a infraestrutura, como sinalização”, completa a economista.
“Nosso grande desafio é fazer com que os turistas que frequentam o complexo turístico, que hoje são mais de 10 milhões por ano, fiquem nos nossos atrativos itupevenses. Hoje, também temos um grande número de pessoas que se hospedam no município a trabalho e depois retornam com a família”, diz a secretaria de Agricultura e Cultura de Itupeva, Valdirene Pavan.