Região de Campinas abriga 88 pessoas com inteligência acima da média

A região de Campinas atualmente abriga um contingente de 88 indivíduos com Quociente de Inteligência (QI) elevado, conforme reportado pela Mensa Brasil, uma associação presente em aproximadamente 100 países, dedicada a congregar pessoas reconhecidas por suas notáveis habilidades intelectuais. Dentro desse grupo, destaca-se a inclusão de 22 crianças e adolescentes, cujas idades variam entre 4 e 13 anos.

Os dados recém-divulgados por ocasião do Dia Mundial da Superdotação, celebrado em 10 de agosto, revelam um panorama mais amplo no Brasil, com cerca de 2,6 mil indivíduos identificados como superdotados pela Mensa, dos quais 534 são crianças. A análise estatística aponta São Paulo como líder no ranking, com 1.226 superdotados, seguido por Rio de Janeiro, com 298 indivíduos, Minas Gerais, com 209, Paraná, com 193, e Rio Grande do Sul, com 115.

A admissão nesse seleto grupo de superinteligentes exige que todas as avaliações realizadas em futuros membros sejam validadas pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), conforme explicado pela psicóloga supervisora da Mensa Brasil, Priscila Zaia.

Os indivíduos submetidos a testes e classificados como superdotados demonstraram uma média de 98 durante o conjunto de avaliações de inteligência, conforme destaca a psicóloga. "Estamos lidando com pessoas que possuem uma capacidade de inteligência equivalente a apenas 2% da população da mesma faixa etária", enfatiza.

Ainda que a associação à superdotação frequentemente remeta a atributos cognitivos, como memória apurada, agilidade de raciocínio, facilidade de aprendizado e atenção meticulosa aos detalhes, a especialista insiste que esses indivíduos também se caracterizam por sua intensidade e sensibilidade.

A psicóloga ressalta: "Trata-se de indivíduos com potencial cognitivo elevado, com um desempenho intelectual acima da média, além de maturidade avançada para a idade cronológica; contudo, é imperativo considerar também os aspectos emocionais, sociais, motores e sensoriais que permeiam a vivência da superdotação em sua plenitude."

Muitas vezes, segundo ela, a procura para avaliar as altas habilidades de uma criança ou adulto parte do interesse por encontrar pessoas que tenham vivências semelhantes, com a mesma maneira de enxergar o mundo. "Ao longo da vida essa 'diferença' de habilidades com os demais do seu convívio, vai fazendo com que o indivíduo se sinta diferente e por causa disso há a busca pela compreensão".

Entre as características frequentemente vinculadas às pessoas superinteligentes, ressaltam-se a intensa paixão por um determinado tema e sua dedicação excepcional a ele, bem como o desenvolvimento precoce de um vocabulário avançado em idade tenra. No caso das crianças, destaca-se a alfabetização precoce e um desempenho notável em uma ou mais disciplinas, superando seus pares. A habilidade de reter informações em memória de longo prazo também se apresenta como uma das características marcantes.

A psicóloga, além disso, lança luz sobre as situações denominadas de "dupla excepcionalidade" ou "dupla condição", que englobam indivíduos que, além de sua superdotação, também são diagnosticados com transtorno do espectro autista (TEA), déficit de atenção, hiperatividade ou outras nuances.

Na abordagem de situações complexas envolvendo superdotação e autismo, um processo abrangente de avaliação neuropsicológica, conduzido por uma equipe multidisciplinar, emerge como um instrumento crucial para desvendar os intricados aspectos desse desenvolvimento. Priscila Zaia, fundadora do Zaia Instituto em Campinas, destaca a importância desse exame diferenciado no discernimento das características intrínsecas a ambas as condições. "O segredo reside em uma avaliação com um olhar diferenciado", conclui Priscila, cuja instituição, desde 2020, tem se dedicado à avaliação de indivíduos superdotados, além de trabalhar em múltiplas etapas no aprimoramento de suas habilidades.

ALTAS HABILIDADES

Maria Beatriz Quemel da Fonseca, dotada de uma habilidade linguística notável para sua idade, já evidenciava um Quociente de Inteligência (QI) de 124 aos cinco anos, sendo submetida a uma avaliação abrangente que contemplou diversas facetas de suas aptidões intelectuais. Hoje, aos 9 anos, Maria Beatriz não apenas continua a aprimorar suas especialidades, mas também permite que suas habilidades fluam de maneira natural, principalmente quando se encontra imersa em suas brincadeiras.

Durante uma conversa na tarde da última sexta-feira (11), a mãe de Maria Beatriz, Danielle Quemel, engenheira de 44 anos, relatou a notável destreza da menina ao resolver charadas de um livro, revelando um aspecto divertido de sua capacidade intelectual.

O processo de identificação das altas habilidades de Maria Beatriz foi iniciado a partir de marcos motores excepcionais, como sua habilidade precoce para caminhar. Aos dois anos de idade, já demonstrava uma compreensão surpreendente de quantidades. A inclinação pela leitura e a notável empatia emocional também eram características evidentes, destacando-se sua conscientização sobre questões emocionais na interação escolar.

A conexão entre as altas habilidades de Maria Beatriz e fatores genéticos não pode ser negligenciada. Sua mãe, Danielle, e seu pai, Tiago Fonseca, de 42 anos, também passaram por avaliações que confirmaram sua superdotação. Esse processo de autoconhecimento, conforme relatado por eles, não apenas trouxe clareza sobre eventos passados, mas também os orientou a encarar os desafios futuros que se apresentarão ao lado de sua filha prodigiosa.