Presidente do bloco envia ofício para pedir reunião com a ALL e vai a Brasília buscar mais fiscalização
O elevado número de acidentes envolvendo trens de carga que cortam os municípios da Região Metropolitana de Campinas levou o Conselho de Desenvolvimento da RMC a cobrar uma ação emergencial da América Latina Logística (ALL) — concessionária que administra o ramal férreo — nos trechos urbanos. Esta semana, um “chamamento” foi encaminhado à presidência da empresa solicitando a presença de um representante na reunião do bloco, que acontece na semana que vem em Santo Antonio de Posse.A intenção é questionar a ALL quanto ao excesso de acidentes e pedir providência, em conjunto com os municípios, para a falta de segurança e infraestrutura nas regiões dos ramais, principalmente em locais povoados.Além do mau estado de conservação de trilhos e dormentes, não existem barreiras adequadas que separem a zona urbana da linha férrea, nem passarelas suficientes para a população atravessar as áreas em segurança. Campanhas de conscientização sobre o perigo dos trens também são incipientes. Além de reivindicar ações, a ideia é facilitar e aproximar a comunicação entre as administrações municipais e a ALL.Desde o início do ano foram registrados ao menos nove acidentes nas malhas ferroviárias que cortam cinco cidades da RMC. Neles, ocorreram três mortes em Campinas, Sumaré e Valinhos. Nos casos onde não houve atropelamento seguido de morte, três pessoas tiveram membros amputados.Ontem, o presidente do Conselho da RMC, Milton Serafim, que também é prefeito de Vinhedo, esteve em Brasília para pressionar os órgãos responsáveis pela fiscalização da concessionária. Ele se reuniu com diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e também do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).Serafim relatou os recorrentes problemas com a falta de segurança do entorno dos ramais férreos nas cidades e também cobrou maior fiscalização por parte desses órgãos quanto à falta de infraestrutura e abandono de trechos pela empresa concessionária. Também pediu que fossem enviados representantes para participar da reunião do conselho na próxima terça-feira.“Há uma preocupação grande em vários municípios da RMC que lidam diretamente com o ramal. Cidades mais afetadas como Vinhedo, Valinhos, Nova Odessa, Sumaré, Americana e Campinas precisam de uma atenção especial da ALL, o que não acontece. A intenção é conversar e cobrar atitudes porque estamos assistindo muitas mortes que poderiam ser evitadas”, afirmou Milton Serafim.Ele explicou que em muitas cidades não existem passagens sob e nem sobre os trilhos, o que coloca em risco pedestres e motoristas. A preocupação dos prefeitos, segundo ele, é com as obras necessárias no entorno das linhas férreas, já que elas cortam a área urbana de muitas cidades. “Para piorar, há cidades que não têm como custear sozinhas essas obras para desviar o trânsito do ramal. Todo o ônus fica para a Prefeitura. A ALL só enrola. Fala que vai analisar uma possível construção de um viaduto e nunca responde. E os órgãos federais não veem isso. Ninguém entra em contato e nem fiscaliza.”O presidente da RMC disse que em Vinhedo, por exemplo, a Prefeitura teve que arcar sozinha com as obras de três passagens sob a linha férrea para garantir mais segurança aos motoristas e pedestres. A ALL somente autorizou a obra.“Todos os custos ficaram a cargo da Prefeitura, inclusive a construção de 1,2 km de trilhos que foram necessários para o desvio dos trens de carga. Nem isso a ALL assumiu. Eles não formalizam o motivo. Daí a Prefeitura acaba fazendo porque eles enrolam muito.” Ao todo foram gastos pelo Município cerca de R$ 4 milhões. MoradoresVizinhos dos trilhos dos ramais férreos de diferentes cidades da região relatam preocupações e queixas em relação à segurança da malha ferroviária. Pedem barreiras físicas, área adequada para travessia com sinalização visual e avisos sonoros.Em Valinhos, a principal reivindicação é a construção de uma passarela no bairro Lenheiro. Moradores e comerciantes estão fazendo um abaixo-assinado, que será entregue à Prefeitura, cobrando a via.No Parque Residencial Shalon, em Campinas, o maior medo é com relação à travessia de crianças e pessoas mais desatentas. Lá, uma adolescente de 15 anos foi encontrada com uma fratura de crânio na ferrovia, em abril.