Tradicional reduto petista do Interior, Hortolândia, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) votou no último domingo massivamente em Jair Bolsonaro
Tradicional reduto petista do Interior, Hortolândia, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) votou no último domingo massivamente em Jair Bolsonaro (PSL). O deputado teve 58.941 votos na cidade (54,49% do total). O petista Fernando Haddad teve 25.130 votos (23,23%). O município também foi varrido pela onda política que tomou conta do Brasil na semana que precedeu o pleito- com o fortalecimento das candidaturas de direita -, e a própria direção local do PT ficou surpresa com os números. O município ainda deixou de reeleger a deputada federal Ana Perugini, por exemplo, que se firmou em 2014 como a principal liderança petista do município, ao conquistar uma cadeira na Câmara com respeitáveis 121.681 votos. Desta vez, houve só 49.652 votos. Detalhe: o eleitor tirou o mandato de uma deputada que, nos últimos quatro anos, teve atuação destacada no Legislativo. Ela compôs, como titular ou suplente, comissões permanentes de educação, defesa dos direitos da mulher, seguridade social, desenvolvimento urbano, defesa dos direitos da criança e do adolescente. Antes da Câmara Federal, Ana foi eleita duas vezes à Assembleia Legislativa de São Paulo (2006 e 2010), além de ter sido vereadora (2004). Seu ex-marido, Ângelo Perugini, também foi prefeito de Hortolândia eleito pelo PT entre 2004 e 2012. Saiu e fez o sucessor, o também petista Antônio Meira. Novamente eleito como prefeito em 2016, Ângelo já era filiado ao PDT. Ana Perugini foi procurada ontem pelo Correio Popular como também sua assessoria, mas ninguém retornou às ligações e os e-mails. O fato é que, por 12 anos seguidos, o PT controlou o governo municipal e investiu pesado na infraestrutura urbana, nos programas assistenciais, na rede de saúde e na habitação popular, o que lhe garantiu a fidelidade do eleitorado. A última eleição para o governo paulista foi um símbolo da supremacia petista em Hortolândia. O governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB) teve domínio praticamente absoluto em todo o Estado. Só não venceu em 100% dos 644 municípios porque Hortolândia deu a vitória a Alexandre Padilha (PT). O petista teve 38,6% dos votos válidos, conta 34,9% de Alckmin e 24,1% de Paulo Skaf. No pleito de 2010, a vantagem petista foi ainda maior. O tucano só teve 29,45% dos votos, conta 59,93% do petista Aloízio Mercadante. O fato é que, no último domingo, a estrela do PT deixou de brilhar na cidade. PT avalia como reflexo de fenômeno nacional Para a direção do PT local, o resultado das urnas em Hortolândia reflete um fenômeno nacional, que garantiu vagas no Legislativo a lideranças como Janaína Paschoal, Joice Hasselmann, Eduardo Bolsonaro e Kim Katinguiri, ligados a partidos e correntes ideológicas que se afinaram com o discurso de extrema direta de Jair Bolsonaro. “Essas novas lideranças ganharam votos em cidades de todo o Interior, e superaram até a votação de candidatos que tinham seus redutos inabaláveis”, afirmou o ex-presidente do diretório municipal e vice-coordenador regional do PT, Edvaldo Cardoso. Ele explica que, naturalmente, a executiva estadual do partido fará análises pontuais e vai definir estratégias para a retomada do desempenho. Cardoso lamentou a derrota de Ana Perugini, mas ele acha o momento atípico, e que não há razão para acreditar que a opção partidária do hortolandense mudou definitivamente. “Hortolândia teve, em níveis percentuais, a maior votação da RMC para o Fernando Haddad, por exemplo. O petista recebeu 23,23% dos votos. Nas outras 19 cidades, o índice percentual alcançado por Haddad foi menor”, analisa Cardoso.