Redução do preço da gasolina chega aos consumidores de Campinas

A redução do preço da gasolina chegou para os consumidores, com postos de combustíveis de Campinas diminuindo em até 2,86% o valor do litro no posto mais caro de 12 visitados pelo Correio Popular, saindo de R$ 6,99 para R$ 6,79. Na bomba, o desconto variou entre R$ 0,10 e R$ 0,20 por litro, com a medida puxando para baixo também o valor do etanol. O percentual no varejo, no entanto, ficou abaixo dos 5,6% adotados pela Petrobras para as refinarias, decisão que entrou em vigor na terça-feira da semana passada (3), quando o preço passou a ser, em média, de R$ 2,85 por litro, uma redução de R$ 0,17.

De acordo com responsáveis por estabelecimentos, a diferença se deve basicamente a dois fatores. “No caso dos postos, há outros fatores que pesam no valor final, como impostos e frete”, argumentou o gerente de um posto no Centro, Rafael Pina. O chefe de pista de outro local, Marco Antonio Negreiro, acrescentou que quando o valor dos combustíveis é alterado para cima ou para baixo, o mercado leva até 15 dias para chegar a um ponto de estabilização.

O bombeiro Rafael Coriello é uma das pessoas que considerou a redução baixa. “Eu abasteci aqui na semana passada e estava R$ 5,79. Hoje (ontem), está R$ 5,69. Para mim, é praticamente nada”, criticou enquanto abastecia o carro com gasolina em um estabelecimento no bairro Vila Nova. Ele observou, no entanto, que em outros locais os preços continuam os mesmos da semana passada. “Em Sousas, onde moro, o combustível é vendido a R$ 6,49 litro. Não mudou nada”, reclamou.

“Aproveitei que vim ao dentista aqui perto e abasteci o carro”, acrescentou. No caso do carro de Rafael Coriello, um hatch popular, a diferença no preço representou uma economia de R$ 38,40 para encher o tanque. A diferença na gasolina foi de 14,06% na comparação entre o posto de Sousas e o da Vila Nova, o equivalente a R$ 0,80 por litro.

REFLEXO

A queda no valor do produto levou o etanol a seguir o mesmo caminho. Nesse caso, o corte foi linear em R$ 0,10 em valor absoluto, com a diferença chegando a 2,79%, dependendo do valor anterior e o atual. É o caso de um estabelecimento no Centro, onde o combustível renovável teve preço reduzido de R$ 3,59 para R$ 3,34. A medida fez até um posto do Centro ficar sem o produto ontem de manhã. “Vendeu muito no final de semana. Agora estamos esperando chegar”, explicou o frentista Pablo Diego Alves de Souza.

Nesse local, o etanol tem uma diferença de 59,88% em comparação aos R$ 5,34 da gasolina, ou seja, abaixo dos 70% apontado pelos especialistas para ser vantajosa a compra do derivado da cana-de-açúcar .

O vigilante Thiago Henrique dos Santos Pachelle abastece somente com esse produto em virtude da conta final a ser paga pesar menos no bolso. Morador de Valinhos, ele pagou ontem R$ 3,69 no litro do etanol em um estabelecimento no bairro Castelo, em Campinas, valor mais em conta em relação ao praticado em sua cidade. “Sempre vou no mais barato. Às vezes em Campinas está mais barato. Em outras, é em Valinhos o preço menor. Varia muito”, explicou.

O motorista de ônibus José Mauro dos Santos também mantém acompanhamento de preços para optar pelo menor. “Em Barão Geraldo, onde moro, o etanol está sendo vendido a R$ 4,29, enquanto a gasolina sai por R$ 6,29. Lá está tudo igual, até parece um cartel, e está muito difícil abastecer. Aproveitei que estava passando por aqui, vi o preço e abasteci.”

Ele pagou R$ 3,69 no litro do etanol. No seu caso, a diferença para encher o tanque do sedã compacto ficou em R$ 15, o suficiente para comprar quatro litros de combustível e rodar entre 32 e 40 quilômetros a mais.

DIFERENÇA

Os combustíveis têm uma diferença de 49% entre o menor e o maior preço encontrados em Campinas, de acordo com levantamento feito pela reportagem do Correio Popular em 12 estabelecimentos em diferentes regiões.O etanol apresentou a maior variação, sendo vendido por R$ 3,34, no Centro a até R$ 4,99, na Vila Itapura.

Já a gasolina apresentou uma variação menor, de 27,15%. O combustível foi encontrado entre R$ 5,34 e R$ 6,79 depois da redução de preços. Isso apesar de o produto mais caro ter apresentado a maior diminuição desde o último dia 3. Em uma semana, o posto adotou dois cortes iguais de R$ 0,10, com o novo valor começando a ser cobrado ontem, no lugar dos R$ 6,99 praticados até então.

O levantamento apontou que a economia pode ser conseguida andando 120 metros. Na Avenida Dr. Moraes Salles, por exemplo, um posto vendeu ontem a R$ 5,49 o litro, enquanto outro a um pouco mais frente comercializou a R$ 5,39, diferença de 1,87%, o equivalente a R$ 0,10 por litro. Já o etanol apresentou valores de R$ 3,65 e R$ 3,49, respectivamente, variação de 4,58% ou R$ 0,16. “Nós sempre procuramos ter o menor preço”, justificou o gerente Rafael Pina.

REFLEXO

Ainda há postos de combustíveis em Campinas que não alteraram os preços, apesar da redução nas refinarias. Um posto no Jardim Guanabara manteve os valores de R$ 5,99 para a gasolina e de R$ 3,99 para o etanol. “Temos uma grande capacidade de armazenamento e ainda não fizemos compras após a diminuição adotada pela Petrobras. Isso deve mudar nesta semana”, justificou o chefe de pista Marco Negreiro.

Já outros estabelecimentos no Parque Taquaral, Jardim Professora Tarcília e Parque das Universidades continuaram a comercializar a gasolina a R$ 6,29, enquanto o litro do etanol foi mantido em R$ 4,29. “Eu fico de olho nos preços dos postos e procuro sempre o meno preço nos locais por onde eu passo. A minha filha e a minha mulher também fazem isso”, afirmou Rafael Coriello.

Para o economista Gustavo Romão, a redução do preço dos combustíveis terá um reflexo positivo para conter a inflação neste mês e também em julho. “É importante lembrar que a gasolina também afeta indiretamente diversos setores, já que os combustíveis influenciam os custos logísticos e de transporte em geral”, explicou. A estimativa é de que entre 30% e 35% da queda promovida pela refinaria tende a ser sentida nos postos de combustíveis em junho.

A outra parcela deverá influenciar os preços no próximo mês. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina vendida no Brasil em relação ao preço internacional está em 2%. Segundo Gustavo Romão, o impacto do corte de preço da gasolina no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, será de cerca de 0,10 ponto percentual. A visão é de que, mesmo com pressões de aumento nas contas de energia elétrica – o governo anunciou que vai vigorar a bandeira vermelha neste mês – , os combustíveis serão responsáveis por um alívio na taxa inflacionária de junho.

No mês passado, a Petrobras havia reduzido o preço do diesel em 4,66%, o terceiro corte no ano. Havia uma expectativa de que o mesmo ocorresse com a gasolina, o que aconteceu agora. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, chegou a dizer na semana passada que se o valor do petróleo no mercado internacional continuasse caindo a estatal voltaria a reduzir os preços dos combustíveis nas refinarias. O barril do petróleo brent acumula queda de 18,7% no mercado internacional em 2025. O barril era comercializado no começo da tarde de ontem a US$ 66,63 (R$ 371,53). Em 15 de janeiro, atingiu o pico de US$ 81,97 (R$ 457,06).

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