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Redes sociais: impacto nas urnas em discussão

Até que ponto a influência nas redes sociais pode se refletir nas urnas? A uma semana do primeiro turno das eleições, analistas observam

Renato Piovesan
01/10/2018 às 09:33.
Atualizado em 22/04/2022 às 00:46
Redes sociais: impacto nas urnas em discussão (iStock/Banco de Imagens)

Redes sociais: impacto nas urnas em discussão (iStock/Banco de Imagens)

Até que ponto a influência nas redes sociais pode se refletir nas urnas? A uma semana do primeiro turno das eleições, analistas observam que a popularidade no mundo virtual não necessariamente pode se traduzir em votação expressiva neste ano. Na corrida eleitoral para a Presidência da República, uma exceção é verificada justamente com o líder das pesquisas Jair Bolsonaro (PSL), que também é o candidato que faz mais sucesso no Facebook, Twitter e Instagram, onde soma 11 milhões de seguidores.  Bolsonaro viu sua influência digital crescer ainda mais depois da facada que sofreu em Juiz de Fora (MG) no dia 6 de setembro. Desde então, conquistou mais de 200 mil novos seguidores no Facebook, rede com maior expressão do candidato. Nos últimos três meses ele registra 16% de aumento de base. No entanto, no Twitter, Bolsonaro perde em número de seguidores para Marina Silva (Rede), que só aparece como a quinta preferida nas pesquisas de intenção de voto. Marina, aliás, iria para o segundo turno se as eleições considerassem apenas a influência nas redes sociais. Somando seus seguidores no Twitter, Facebook e Instagram, a candidata é acompanhada por 4,3 milhões de pessoas, quase o triplo que o segundo colocado das pesquisas Fernando Haddad (PT) soma nas redes sociais, onde tem cerca de 1,6 milhão de seguidores. O candidato do Partido Novo, João Amoêdo, é outro exemplo da diferença entre o mundo virtual e o mundo real. No Facebook e no Instagram, ele só tem menos seguidores que Bolsonaro. Já nas pesquisas eleitorais, está entre os últimos, com menos de 3% das intenções de voto. O professor da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas e coordenador do Curso de Atualização sobre ‘Política e Mídia’, Marcel Cheida, acredita que as redes sociais são importantes e estratégicas para um candidato, mas ainda não devem ser decisivas nas eleições deste ano. “As redes sociais são mais uma ferramenta a condicionar o eleitorado. São relevantes e estratégicas, mas não as vejo como decisivas, até porque essas mídias não comportam todos eleitores de um candidato. O próprio Bolsonaro teria 30 milhões de votos conforme as pesquisas, mais que o triplo de seguidores que ele tem”, analisa o professor, que vê o fenômeno de Bolsonaro nas redes sociais como uma ação de médio e longo prazo iniciada há cinco anos, e cujo resultado tem sido notado com mais força justamente num ano eleitoral. “O Bolsonaro vem numa onda muito forte desde 2013 nas redes sociais, capitalizando de certo modo aquele sentimento de ira ao antipetismo que se refletiu nos movimentos nas ruas. Ele saiu bem na frente dos demais candidatos nesse sentido. As redes sociais favoreceram bastante ele nos últimos anos”, observa. A professora de Ciência Política da Unicamp Rachel Meneguello vê as redes sociais como importantes ferramentas para buscar votos, mas ainda acredita na força da propaganda na TV como fator determinante. “A internet já teve um papel importante na eleição de 2014, mas nessas eleições, a sua importância está sobretudo na ampliação do acesso às redes pela população e a ampliação do seu uso político. No entanto, ainda não sabemos o tamanho do impacto que esse recurso político terá sobre a decisão do voto”, destacou. Monitoramento virtual Entre os dias 17 e 19 de setembro, a empresa de marketing de influência Airfluencers analisou 500 mil posts no Twitter. Desses, citaram 181.563 mil vezes “Bolsonaro”, 106.999 mil mencionaram “Haddad” e 45.889 marcaram “Ciro”. Alckmin é mencionado 30.091 mil vezes. De acordo com a análise da empresa, Jair Bolsonaro continua movendo o maior volume de associação de votos e consolidando como estável, seguido pelo Fernando Haddad (PT), que cresce expressivamente. A hashtag #elenao, criada para protestar contra o candidato Jair Bolsonaro, foi citada 28.855 vezes no período. Comentários No Facebook, no quesito comentários, Jair Bolsonaro é o que mais gera comentários, média de 7 mil por post nos últimos 90 dias, seguido por Cabo Daciolo, candidato do Patriota, com 1.712 mil comentários. Esse é um dado muito importante na questão de relevância. O algoritmo do Facebook leva em consideração o número de interação, seja negativa ou positiva, que quanto maior for a interação, maior será a exposição no feed de notícias. De acordo com a notificação do próprio Facebook, páginas cujos posts promovem conversas entre amigos terão exposição e aumento de tráfego.

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