As unidades de ensino do município também citam que o maior custo das escolas particulares atualmente é a folha de pagamento e seus reflexos
Cerca de 85 instituições de ensino de Campinas assinam um manifesto contra um Projeto de Lei (PL), que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e que tem como objetivo obrigar as escolas particulares do Estado a reduzirem em ao menos 30% o valor das mensalidades dos alunos durante o período da pandemia do novo coronavírus. No manifesto, os colégios campineiros alegam que o PL traria “consequências desastrosas para o equilíbrio financeiro das escolas”, se for aprovado. As instituições entendem que a falta do recurso poderia culminar com o fechamento de algumas unidades e causar uma demissão em massa de profissionais da área, entre eles a de professores. No manifesto, as unidades de ensino do município também citam que o maior custo das escolas particulares atualmente é a folha de pagamento e seus reflexos, que pode atingir até 73% da receita líquida dos colégios. “Os custos operacionais atingem, na maioria das escolas, até 20% da receita líquida. Como o Projeto de Lei propõe um corte unilateral de, pelo menos 30% nas parcelas por alguns meses, a maioria das escolas não conseguirá honrar seus custos”, destaca uma parte do texto. “Lembramos que milhares de empregos são ofertados por estas instituições de ensino, as quais não terão como pagar seus funcionários”, reforça outra parte do documento. De acordo com dados da Prefeitura e Secretária Estadual de Educação, Campinas conta hoje com 349 escolares particulares cadastradas e funcionando no município. Thiara Saragiotto, gestora educacional da Escola Brasinha e do Colégio Lyon afirma que há anos o Brasil vem passando por um processo de aumento no número de desempregos e da corrupção, e que as escolas tem feito todo o possível para ter uma receita que possibilite manter a qualidade do ensino oferecido, como a aquisição novas tecnologias e melhorias estruturais. “Se houver obrigatoriedade de uma redução de no mínimo 30% da parcela da anuidade, com certeza poderá haver demissões”, afirma a gestora educacional. Segundo ela, o manifesto já foi enviado esta semana para “vários deputados, inclusive para o autor do projeto”. Marina Azevedo, diretora do Colégio Múltiplo, que também aderiu ao manifesto, explica que é inviável pensar hoje em uma redução de mensalidade, pois as escolas precisam de recursos para manter suas equipes, investir em novos formatos de educação à distância e para poder dar suporte para as famílias que sofrerão com perdas e o desemprego. “Nossa prioridade é a saúde e segurança de cada colaborador e aluno, assegurando também que nossas atividades se mantenham, seja remota ou fisicamente, pois precisamos continuar. O ensino não pode parar”, destaca. Andrea Simões, que há duas décadas trabalha como pedagoga na Escola Infantil Primeiro Mundo, destaca sua vez, que os deputados deveriam criar leis e agir em prol das escolas nesse momento de dificuldade e não retirar recursos delas. “Se a situação (da doença) se entender para o mês de maio, o Governo precisará agir em favor das escolas, criando projetos financeiros que nos auxiliem a manter os professores, os auxiliares e todos os nossos demais funcionários. Assim como toda sociedade, as escolas também estão vivendo uma situação dramática”, explica ela. Outro lado O projeto que busca reduzir o valor das mensalidades dos alunos em escolas particulares do Estado de São Paulo, é de autoria do Deputado Estadual Rodrigo Gambale Vieira (PSL). No documento protocolado, o parlamentar justifica que a medida é necessária porque as escolas dos municípios paulistas suspenderam suas aulas presenciais, em razão da quarentena decretada pelo governador João Doria. “Isso, obviamente, veio a comprometer todo o planejamento didático, logístico e principalmente financeiro de ambas as partes, embora em grau diferente. As instituições de ensino estão com suas despesas reduzidas com itens como a limpeza e segurança do espaço, água, energia e alimentação de seus funcionários e alunos (que estudavam em período integral), vez estarem suspensas as atividades presenciais. Por outro lado, os estudantes e/ou seus responsáveis financeiros que tiveram seus rendimentos afetados negativamente terão maiores dificuldades para honrar seus compromissos, sendo justo, portanto, que tenham as suas mensalidades reduzidas”, destaca o documento protocolado pelo deputado.