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Recém-inaugurado, Terminal BRT Ouro Verde é alvo de elogios e críticas da população

Modernidade agradou, mas houve reclamações quanto à acessibilidade do espaço; estrutura foi a última a entrar em funcionamento e deixa o sistema 100% operacional

Alenita Ramirez/alenita.ramirez@rac.com.br
27/04/2025 às 12:42.
Atualizado em 27/04/2025 às 15:45

Depois de quase uma década, o sistema BRT de Campinas passou a estar 100% operacional com o início do funcionamento da nova estrutura; população se dividiu entre elogios e reclamações sobre o que pode ser melhorado para os usuários (Alessandro Torres)

Inaugurado anteontem, o Terminal BRT Ouro Verde arrancou elogios dos usuários, entrevistados na manhã de ontem pela reportagem do Correio Popular devido ao seu tamanho, modernidade e beleza, mas também despertou olhares críticos de pessoas que encontraram algumas falhas, em especial em relação à acessibilidade para pessoas com deficiência (PcD) que transitam na calçada da Avenida Ruy Rodriguez, no sentido Centro, que continuam sendo obrigadas a seguir até o Terminal Ouro Verde para acessar o Terminal BRT. Aliado a isso, alguns usuários também se queixaram do estado de conservação e condições de operação de alguns ônibus das duas linhas que atualmente integram o Terminal BRT Ouro Verde, a 10 e a 11.

Os aposentados Luiz Aparecido Gomes da Silva, de 68 anos, e Rogério da Silva Amâncio, de 46 anos, elogiaram toda a estrutura do novo terminal. Amâncio é deficiente visual e usa o BRT para chegar ao Instituto de Cegos Campineiros Trabalhadores (ICCT). Ele mora na região do Campos Elíseos. “Estou estreando o Terminal e senti diferença, e boa por sinal, com o piso podotátil, pois ele me facilita a me direcionar aqui dentro”, explicou Amâncio ao lado da mulher, a streamer Patrícia da Silva Amâncio. “Descemos do BRT e agora vamos pegar um ônibus no Terminal Ouro Verde para chegar à Avenida Washington Luiz. Sentimos a diferença logo que saímos do elevador. Muito bom mesmo”, comentou ela.

Já o aposentado Silva perdeu parcialmente a visão do olho direito e passou a usar bengala para se locomover. Ele também estava estreando o novo espaço e gostou da estrutura pela sua grandiosidade. “Tem escadas rolantes, elevador. Bem sinalizado. Ficou muito bom, sem contar que agora temos dois ônibus como opção para ir rapidamente até o centro”, destacou.

Por outro lado, a dona de casa Joíra Meireles, de 53 anos, sentiu a necessidade de uma rampa de acesso de apoio para interligar a rampa de acesso oficial que fica no sentido bairro. Segundo ela, idosos e pessoas com alta médica que dependem de ônibus terão que caminhar um pouco mais, mesmo com mobilidade reduzida, para chegar à entrada da rampa. Para ela, deveria ter uma pequena rampa que começasse do lado da rua de saída do hospital e um elevador para pessoas com deficiência que transitam na calçada do lado oposto da rampa de acesso. “Se fizeram um terminal moderno pensando na acessibilidade e conforto dos usuários, deveriam ter pensado também nestes acessos.”

ESTRUTURA

O espaço, exclusivo para os passageiros do BRT (Bus Rapid Transit), ocupa 26 mil metros quadrados e foi construído na Avenida Ruy Rodriguez próximo ao Hospital Ouro Verde. A estrutura conta com três acessos, um deles localizado no sentido bairro, partindo da avenida, através de uma rampa de acessibilidade considerada extensa para os usuários, mas que segue a legislação de construção para rampas, segundo os especialistas da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). Um segundo acesso, somente escadaria, fica ao lado de um dos pontos de saída e entrada de de ônibus do Terminal Ouro Verde, no sentido Centro, e um terceiro, que é uma rampa, parte do interior do Terminal Ouro Verde.

O prédio do Terminal BRT foi construído no canteiro central da Avenida Ruy Rodriguez e o primeiro espaço, um saguão bem amplo, conta com catracas para quem entra pelo lado do hospital e uma cabine de bilhetagem. Para chegar ao setor de embarque, há uma escada comum, duas escadas rolantes (sobe e desce) e o elevador. Tanto nas rampas como no interior do terminal existe piso podotátil, para pessoas com deficiência visual. Os banheiros para usuários existem apenas no Terminal Ouro Verde. Os funcionários do BRT utilizam como sanitário um espaço ao lado do Terminal BRT.

O espaço é atendido pelas linhas BRT10 (Ouro Verde) e BRT11 (Vida Nova), mas a expectativa é que a licitação do transporte público em andamento possa incluir novas linhas para o sistema. Como o Terminal é recém-inaugurado, educadores e agentes da mobilidade urbana da Emdec ficarão no local até quarta-feira orientando e distribuindo folhetos informativos. “O primeiro dia foi bem bagunçado, pois até os agentes não sabiam informar ao certo, mas, no geral, a estação ficou muito bonita”, disse a balconista Patrícia Maria Ribeiro, que usa o BRT10 até o Corredor Central em frente à Prefeitura. “O que estranhei até agora foi a falta de fila para embarcar, no primeiro dia foi muito bagunçado. Antes, no ponto do Terminal Ouro Verde, existiam filas, mas aqui dentro do Terminal BRT as pessoas foram entrando sem respeitar”, criticou Patrícia.

BRT10 E BRT11

Com o Terminal BRT Ouro Verde, o sistema BRT se tornou 100% operacional. O sistema conta com sete linhas, quatro no Campo Grande e três no Ouro Verde. No Campo Grande, existem as linhas BRT20 (Campo Grande - paradora), com 16 veículos no horário de pico da manhã e 14 no pico da tarde; BRT21 (Campo Grande – semiexpressa), com seis veículos no pico da manhã e 8 no pico da tarde; BRT25 (Satélite Íris – paradora), com nove veículos nos picos; e o BRT26 (Satélite Íris – semiexpressa), com três veículos nos picos.

No Terminal BRT Ouro Verde atende inicialmente o BRT10 (Ouro Verde - paradora), com nove veículos nos picos, e o BRT11 (Vida Nova - paradora), com dez veículos nos picos. Ainda há o BRT12 (Santa Lúcia - paradora), com quatro veículos nos picos.

A Emdec estima que o BRT10 é responsável pelo transporte de 13.303 passageiros em média por dia útil, enquanto circulam 13.289 no BRT11. Esses números são baseados em dias úteis e horários de pico do ano passado, considerando que nos terminais não foi possível identificar os usuários que são de linhas alimentadoras.

A reportagem fez o percurso do BRT10 entre o Terminal BRT Ouro Verde ao Terminal Central, passando pelo Terminal Mercado que faz conexão com o BRT Campo Grande, de volta ao Terminal Central, totalizando 48 minutos de viagem. Neste caminho, foi possível encontrar usuários de todos as linhas e bairro, e até quem usou dois sistemas de integração BRT, como a assistente administrativa Isabella Rodrigues, de 25 anos. Ela começou a viagem no BRT Ouro Verde e terminaria no ponto final do BRT Campo Grande. Segundo Isabella, ela levaria 1h30 para chegar ao destino e elogiou a integração, avaliando como bem rápida e cômoda.

OUTRO LADO

Sobre as críticas, a Emdec informou que a operação dos corredores BRT foi iniciada em novembro de 2022, antes mesmo de finalizar a licitação do transporte, e que os veículos foram adaptados para atender às estações e terminais do BRT. A operação dos ônibus, segundo a empresa, é fiscalizada. As situações de quebra ou problemas de manutenção resultam em autuações para as empresas.

De acordo com a Emdec, a total modernização dos veículos do sistema de transporte público está atrelada à nova licitação, que prevê renovação de 100% da frota, inclusive do BRT, com ar-condicionado, Wi-Fi, tomadas USB, câmeras CFTV, GPS e terminal de computador de bordo, ao longo do contrato. A minuta do edital da licitação foi publicada no último dia 2 e segue aberta para consulta pública até o dia 2 de julho.

Sobre a infraestrutura, a Prefeitura informou que as obras do BRT foram feitas seguindo todos os critérios técnicos estabelecidos no que diz respeito, inclusive, à acessibilidade. Também acrescentou que será verificado o projeto do Terminal BRT Ouro Verde e se é necessária alguma intervenção para melhorar a acessibilidade.

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