FÓRUM

Reação gradual da economia anima

Apesar do crescimento do PIB regional, serviços essenciais ainda seguem deficientes na RMC

Rogério Verzignasse
25/11/2018 às 09:35.
Atualizado em 05/04/2022 às 23:49

A economia da Região Metropolitana de Campinas (RMC) melhorou ao longo do segundo semestre do ano, e a notícia serviu de alento a analistas que andavam céticos com os números de uma recessão deflagrada há quatro anos. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) indica a recuperação da economia local. Há uma retomada gradual da atividade industrial e surgem novas oportunidades de trabalho, ainda que sem a geração expressiva de empregos formais. O fato é que o número de vagas abertas supera o de fechadas, como não se registrava desde 2014. Há mais dinheiro circulando, o que beneficia setores como o comércio e serviços. O resultado foi divulgado sexta-feira por pesquisadores e educadores que integram o Observatório PUC-Campinas, organismo que se propõe a divulgar estudos sobre o desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O fórum, no Auditório Dom Gilberto, promoveu debates sobre temas como a geração de trabalho e renda e os investimentos executados em saúde, educação e sustentabilidade. Alicerçado no tripé ensino, pesquisa e extensão, o evento abriu espaço à participação de gestores públicos, estudantes e empreendedores. Mas o avanço econômico no semestre em nenhum momento pode sugerir acomodação. À reboque das vagas geradas — como já apontavam os relatórios técnicos do governo federal — aumentam a informalidade e o subemprego, desafios que precisam ser enfrentados. Cautela No estudo divulgado sexta-feira, foi apontada uma tendência que confirmou projeções recentes da própria indústria: a rotatividade ainda é grande e impede o aumento da massa salarial; o desemprego segue afetando mais os trabalhadores de faixa etária mais elevada; a formação superior é muitas vezes preterida em detrimento da mão de obra com formação média. O empregador, enfim, ainda segura gastos. Agenda de compromissos As análises conjunturais chamam a atenção de que as reformas trabalhistas e os ganhos financeiros não podem estar desvinculados do equilíbrio social. Pela primeira vez, o Observatório organizou um fórum para tratar de assuntos importantes que já eram tratados em relatórios esporádicos, veiculados em site. Os pesquisadores lançam alertas sobre o desempenho de todas as esferas do poder público, que precisam assumir compromissos com a boa qualidade do serviço público. Educação básica A educação básica ganhou uma abordagem especial do fórum. Os estudos apontaram uma defasagem séria nas metodologias de ensino e baixa evolução técnica dos docentes nos níveis do Ensino Fundamental e Médio. Se notou, por exemplo, que é ínfimo o número de docentes destas faixas com mestrado e doutorado. Comparando-se a relação entre matriculados e docentes, e a distorção da idade em cada ano letivo, impressiona a diferença de desempenho entre os estabelecimentos públicos dos privados, em qualquer das cidades da RMC. As escolas públicas ainda ficam a dever na infraestrutura física, que precisa estar alinhada aos conceitos atuais de ensino moderno. “Vê-se mais a infraestrutura física do polo esportivo, e menos a que contempla recursos digitais”, informa a conclusão assinada pelo educador Cristiano Monteiro, professor extensionista da PUC-Campinas. Levantamento deve orientar novas políticas Mas, para os próprios organizadores, o Observatório não se limita a um dia de debates. O levantamento dos dados do semestre será divulgado para toda a comunidade, e deve orientar a adoção de políticas públicas e privadas de desenvolvimento. E os números vão se tornar conteúdo disciplinar para as faculdades. SAIBA MAIS Detalhes do fórum estão no www.puc-campinas.edu.br/observatorio-puc-campinas. Na página virtual, será possível comparar o desempenho de cada cidade da RMC nos diversos temas avaliados.

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