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Raridades de Fuscas que encantam um colecionador

Por hora, a coleção reúne 15 veículos, sendo que o mais velho é um raríssimo exemplar de 1950, fabricado na Alemanha pós-Guerra

Marcelo Rocha
marcelo.rocha@gazetadepiracicaba
12/11/2018 às 09:16.
Atualizado em 06/04/2022 às 00:35

Por hora, a coleção reúne 15 veículos, sendo que o mais velho é um raríssimo exemplar de 1950, fabricado na Alemanha pós-Guerra, e o caçula é um moderno New Beetle 2007. No meio do caminho entre eles, outras belas e coloridas preciosidades reluzem num galpão que abriga a “família” de Fuscas que é cuidada (com muito zelo!) pelo colecionador Maurício Benato, 48 anos. O empresário piracicabano é mais um que não resistiu ao fascínio do carro popular germânico criado pelo engenheiro Ferdinand Porsche, no fim da década de 30. O colecionador recorda que se encantou por Fuscas (cujo nome global é “beetle”, besouro em português) num encontro de carros antigos, em Águas de Lindóia, lá por 2005. Depois, em 2009, comprou o item que inaugurou a coleção. “Meu primeiro Fusca é um modelo Série Ouro, ano 1996, do chamado Fusca Itamar”, conta Benato, referindo-se à edição limitada da safra que, definitivamente, encerrou a produção do carro no país, totalizando 3.367.390 unidades. Três anos antes desse modelo sair da linha de montagem, em 1993, o então presidente Itamar Franco havia convencido a Autolatina a retomar a produção do Fusca, interrompida nos anos 80. Então, um total de 47.700 unidades (do Fusca Itamar) foram produzidas entre 1993 a 1996. “Mas só foram lançados 1.500 Fuscas Série Ouro como esse. Ele tem o pneu original de 1996, nunca foi trocado, motor 1.600 a gasolina, carburação dupla, quilometragem original de 6.000 km, tem manual e chave reserva. Comprei de um cara em Duque de Caxias”, explica. Em giro pelo galpão, Benato dá detalhes de cada edição, faz comparativos, aciona motores, exibe documentos originais, certificados de garantia e conta histórias sobre seus amados Fuscas, a maioria com placas pretas (índice de originalidade atestado). Entre outros, há no acervo um charmoso Fusca 1955 (azul, também de fabricação alemã), um Fusca 1965 vermelho, um Fusca 1961 (que possui o equipamento popularmente chamado de “saco de bode”, bisnaga usada para esguichar água no parabrisa) e um Fusca 1972 amarelo, de motor 1.500, que possui o painel feito com jacarandá. “É uma delícia esse Fusca”, garante o insuspeito Benato, que põe todos seus Fuscas para rodar nas ruas da cidade. “Claro, não consigo ficar com eles parados no galpão, ando com todos eles”, garante. Benato se aproxima de um Fusca emblemático. “Esse aqui é um Fusca alemão de 1950, foi o primeiro Fusca que veio para o Brasil”, ressalta, enquanto exibe o veículo preto, raridade que possui relógio de corda, janela traseira repartida (split windows) bancos restaurados com tecido alemão da época e a famosa seta “bananinha” - dispositivo luminoso que, quando acionado por um botão no painel, salta da coluna lateral do veículo. “Comprei de um colecionador de Petrópolis (RJ). O motor é 1.100. Esse fusca é o sonho de qualquer colecionador”, define, enquanto mostra o certificado de originalidade, emitido na Alemanha. Curiosidade sobre este Fusca 1950: ele tem painel simétrico, pois a barra de direção também podia ser deslocada para a mão inglesa (lado direito) caso fosse vendido no mercado britânico, salienta o gerente de logística Rodrigo Bertanha, 39 anos, braço-direito de Benato que ajuda a cuidar dos sagrados Fuscas. “Se fosse preciso, eles só soltavam a barra de direção no lado esquerdo e prendiam aqui (lado direito), pois o carro já vinha com uma furação extra na frente para fazer essa mudança. Já era um produto mundial, era a globalização em 1950”, analisa o amigo e também expert no assunto. “Só eu que cuido desses carros, ninguém bota a mão, ele tem muito ciúmes. Conheço cada um deles”, afirma Bertanha. FAFÁ E PRÉ-ITAMAR Também especial é um Fusca Fafá, ano 1979, da Série Prata. O colecionador relata que na época a Volkswagen lançou uma pequena tiragem, só com 100 unidades, denominada Série Prata. “Esse é raríssimo. O Automóvel Clube do Brasil, em São Paulo, estima que existam menos de 60 desses rodando, porque 40 já não existem mais. Desses 60, acredita-se que menos de 20 tenham o estofamento original, esse meu é um deles. Repare que ele tem volante do Passat”, observa. Outro de valor histórico é um Fusca azul, ano 1986, a álcool. “Em 1986 a Volks decidiu encerrar a produção do Fusca no Brasil. Este pertence á última série fabricada no país, antes do retorno do Fusca Itamar (em 1993)”, avisa Benato. No vidro traseiro há uma inscrição informando que o veículo é a unidade 814 de um total de 850 fabricadas. No dia em que a reportagem da Gazeta conheceu a coleção, dois exemplares não estavam no galpão: um Fusca 1959, alemão, cor verde jade, que está sendo restaurado, e um modelo 1968, de pintura café com leite, no qual está sendo feito um serviço na suspensão. E a coleção deve aumentar, sinaliza Benato: “Fusca é o seguinte: toda hora você acha um mais bonito do que o seu, com as cores que você não tem e um modelo diferente. Por exemplo, ainda não tenho um conversível”, diz, desejoso.

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