Raiva em bovinos volta após dez anos em distritos de Campinas

Depois de dez anos sem registrar raiva em animais herbívoros, Campinas voltou a ter casos de contaminação em três bois nos distritos de Sousas e Joaquim Egídio. Por causa dos riscos oferecidos a humanos, a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria Estadual de Agricultura desencadearam uma série de ações de bloqueio e controle. As pessoas que tiveram contato com animais doentes ou com sintomatologia suspeita estão recebendo a vacinação. Os produtores rurais e fazendeiros também estão sendo convocados a vacinar seus animais. Os casos já estão sendo tratados como epidemia rural.Segundo Andrea von Zuben, médica veterinária do Departamento de Vigilância em Saúde, foram identificados dois bois raivosos em área rural de Joaquim Egídio e um em Sousas. Eles foram contaminados por morcegos hematófagos (que sugam o sangue). “A raiva em bovinos, equinos, suínos e animais herbívoros, de maneira geral, ocorre porque o morcego vai se alimentar do sangue desses animais”, explicou. A doença é letal e todo animal mamífero está suscetível a ela. “Todo animal que adoece morre. Os humanos podem entrar nesse ciclo, e essa é a nossa grande preocupação”, disse. Campinas não registra raiva em humanos desde 1982.O trabalho de bloqueio entre as duas secretarias foi dividido. Em uma primeira etapa, iniciada em meados de agosto, profissionais da Saúde visitaram propriedades rurais fazendo a vacinação de pessoas que possivelmente tiveram contato direto com o animal raivoso. “O boi tem raiva paralítica. Começa a ter dificuldades para engolir, andar e fica cambaleante. Geralmente, o produtor rural e tratador acham que o animal está engasgado com alguma coisa e põe a mão na boca na tentativa de tirar o corpo estranho que supõe existir. E nisso pode se infectar, pois a contaminação se dá pela saliva”, explicou. Cerca de 20 pessoas já foram vacinadas.Na próxima semana, a busca será por pessoas que tenham entrado em contato com animais com sintomatologia suspeita nos distritos de Sousas, Joaquim Egídio e na região do bairro Carlos Gomes, que tem área rural extensa. “Não é para todos, porque não se faz vacina indiscriminadamente para raiva”, alertou. O ciclo de vacinação do público-alvo deve seguir até o final do mês. Paralelamente, os técnicos da Secretaria de Agricultura estão identificando os bovinos e orientando os produtores rurais a vacinarem seus animais. Além disso, trabalham para diminuir o número de morcegos com uso de pasta anticoagulante.Na próxima semana, a Secretaria de Saúde dará início à campanha de vacinação contra a raiva animal em cães e gatos. A expectativa é vacinar cerca de 1,5 mil animais. ServiçoAs pessoas que tenham entrado em contato com animais com sintomatologia suspeita devem procurar a unidade de saúde mais próxima. Também pode entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses pelo telefone (19) 3245-1219 ou com o departamento de vigilância em Saúde pelo telefone (19) 2116-0133.