NO ESTADO DE SÃO PAULO

RA de Campinas lidera os investimentos em indústrias

Segundo Seade, valor correspondeu entre 2022 e 2024 a R$ 26,7 bilhões

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
12/04/2025 às 11:19.
Atualizado em 12/04/2025 às 12:47

Um dos maiores investimentos na RA de Campinas foi o de R$ 1,56 bilhão na construção de uma nova fábrica de papelão ondulado para embalagens em Piracicaba (Divulgação)

A Região Administrativa de Campinas (RA) foi a que mais recebeu investimentos em indústrias no Estado de São Paulo Paulo entre 2022 e 2024, captando R$ 26,7 bilhões. Estudo realizado pela Fundação Sistema Estadual de Analise de Dados (Seade) revelou que o valor correspondeu a 32,29% do total paulista, quando o Estado somou R$ 82,7 bilhões, pouco mais do que o dobro do triênio anterior, R$ 40,4 bilhões. No ranking do levantamento, a segunda colocação ficou com a RA de Sorocaba, com R$ 14,8 bilhões, seguido por Bauru (R$ 9 bilhões), Região Metropolitana de São Paulo (R$ 6,7 bilhões), São José dos Campos (R$ 2,6 bilhões) e Santos ( R$ 1,4 bilhão). Os investimentos com abrangência inter-regional (sem especificação de valor para cada região) totalizaram R$ 21,2 bilhões.

Para o economista Mário Sérgio Vasconcellos, os investimentos foram destinados principalmente para a implantação de novas ou modernização de plantas, atualização ou troca de máquinas ou equipamentos e fabricação de novos produtos. "O equilíbrio entre o aumento da capacidade produtiva com a melhoria do processo produtivo sugere tanto a expectativa por maior demanda como a busca por modernização, alinhada com as necessidades da neoindustrialização, como inovação e compromisso ambiental", afirmou.

O estudo da Seade apontou uma diversificação dos setores industriais responsáveis pelos investimentos, entre eles setor automotivo, celulose e papel, química, bebidas, máquinas e material elétrico, alimentos e farmacêutico. Um dos maiores investimentos na RA de Campinas foi o de R$ 1,56 bilhão na construção de uma nova fábrica de papelão ondulado para embalagens em Piracicaba. A unidade recém-inaugurada é a segunda planta na cidade da empresa brasileira e a maior desse segmento nas Américas e uma das mais modernas do mundo.

TECNOLOGIA

Com 102 mil metros quadrados de área construída, a unidade tem capacidade de produzir 240 mil toneladas de papelão ondulado por ano. A fábrica gerou 425 novos empregos diretos na operação. "Conseguimos reunir neste projeto o que há de mais moderno em termos de tecnologia para entregar, com ainda mais eficiência, as melhores embalagens aos nossos clientes. Além disso, a localização da Unidade em um grande centro consumidor do Brasil confere à empresa uma vantagem logística relevante, que agiliza a distribuição para clientes de diversas regiões do país", disse o diretorgeral da empresa, Cristiano Teixeira.

Segundo a companhia, são utilizadas matérias-primas sustentáveis, provenientes de fontes certificadas e renováveis. Além disso, a gestão de resíduos inclui um programa que destina 100% dos resíduos sólidos para reciclagem e reaproveitamento, minimizando o impacto ambiental e promovendo a economia circular. Para o economista Mário Vasconcellos, outro impacto positivo dos investimentos de indústria foi o de geração de empregos, sendo o setor que paga os melhores salários, favorecendo toda a economia local.

De acordo com a plataforma do Trabalho da Seade, o salário médio do setor na Região Administrativa de Campinas foi de R$ 5,01 mil em 2023, último dado disponível. O valor foi 14,71% maior em comparação a média geral, R$ 4,3 mil. No ano passado, apontou a plataforma, as indústrias da RA foram responsáveis por praticamente um em cada cinco novos empregos gerados. Elas contrataram 92.496 funcionários com carteira assinada, o equivalente a 20,21% de todos os 457.564 postos gerados.

No Estado, a indústria automotiva foi a responsável pelo maior volume de investimentos, com R$ 51,2 bilhões, 61,91% do total de R$ 82,7 bilhões. Nesse segmento, a RA de Campinas captou R$ 19,7 bilhões. Uma montadora alemã anunciou R$ 13 bilhões divididos entre suas unidades de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos. Uma fabricante japonesa está investindo R$ 11 bilhões na RA de Sorocaba, enquantro uma sueca destinou R$ 2 bilhões para São Bernardo do Campo.

"A indústria automotiva tem investido fortemente na ampliação e modernização de suas fábricas, especialmente para o desenvolvimento de veículos híbridos e elétricos, acompanhando as tendências mundiais de sustentabilidade e inovação", afirma a pesquisadora da Fundação Sede Margarida Kalemkarian. "Com a popularização dos carros elétricos, a demanda por peças e acessórios específicos para esses veículos tendem a crescer exponencialmente", afirmou Lincoln Fracari, consultor especialista da área de negócios com a China e Ásia, principais origens dos novos investimentos na RA.

OUTRAS ÁREAS

O crescimento da produção industrial também atrai investimentos em outras áreas, Uma transportadora investiu, no ano passado, R$ 23 milhões na instalação de uma nova central de processamento de cargas em Campinas. Ela ocupa uma área de 2,5 mil metros quadrados e opera 24 horas. "Antes do projeto, a empresas levava de dois a três dias para liberar as cargas. Agora, com os novos investimentos, conseguiu reduzir esse tempo para apenas algumas horas, proporcionando um serviço mais rápido e eficiente aos clientes", explicou a gerente de Automação, Helena Tamura.

A nova central tem transportadores automatizados e sistemas de identificação por código de barras para aumentar a eficiência da operação, além de garantir segurança e conformidade com as normas alfandegárias. A unidade, instalada no Aeroporto Internacional de Viracopos, é dedicada ao processamento de importações e expedições internacionais, com capacidade para processar até 3 mil encomendas por hora. Segundo a CEO da empresa no Brasil, Mirele Mautschke.

O novo terminal construído é totalmente sustentável. Ela é conta com 64 placas de painel solar e iluminação 100% LED. Essa estrutura permite a utilização da iluminação natural diurna, reduzindo em aproximadamente 46% o consumo de energia elétrica no local. Além disso, a infraestrutura conta também com captação de água para reúso, otimizando o consumo e contribuindo com a sustentabilidade.

MERCADOS

Para Mário Vasconcellos, os investimentos também preparam as empresas da região a buscarem novos mercados para seus produtos. "Embora o foco seja ainda o mercado interno, é importante perceber a maior atenção com o mercado externo, o que mostra a importância da integração com cadeias produtivas internacionais", avaliou o economista.

Em relação aos outros municípios paulistas, se destacaram investimento de R$ 6 bilhões em uma nova fábrica de papel e celulose solúvel em Lençóis Paulista, R$ 2 bilhões para produção de cerveja em Jacareí e R$ 1 bilhão na ampliação de produção de cloro e soda cáustica em Cubatão e R$ 1 bilhão na fabricação de alimentos em Araras, que pertence a Região Administrativa de Campinas. 

Outras RAs do Estado também receberam investimentos entre 2022 e 2024, mas em uma proporção menor. O estudo da Seade apontou R$ 170 milhões na Central, R$ 135 milhões em Barretos, R$ 65 milhões em São José do Rio Preto, R$ 42 milhões em Ribeirão Preto e R$ 20 milhões em Araçatuba. As Regiões Administrativas de Franca, Presidente Prudente, Marília, Itapeva e Registro não registraram investimentos industriais, de acordo como estudo realizado pela Fundação Seade.

Siga o perfil do Correio Popular no Instagram.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por