Familiares e amigos sepultam a última vítima da tragédia no Rio Tietê (Reprodução)
A quinta vítima do afogamento às margens do Rio Tietê, Kervellin Wallace da Silva, de 29 anos, foi sepultada na terça-feira (27) em Sumaré. Kervellin era pai das duas meninas de 3 e 9 anos e esposo de Cynthia - todos mortos por afogamento na véspera de Natal. O corpo de Kervellin foi encontrado no final da tarde de domingo (25) e, por isso, o sepultamento dele aconteceu quase 24 horas depois de sua família e de sua mãe, Denise Aparecida, de 51 anos, que também morreu na tragédia.
Uma breve cerimônia aconteceu no Velório Municipal de Sumaré. Diferentemente da segunda-feira, quando foram velados e sepultados os outros membros da família, um número menor de pessoas compareceu ao sepultamento, por volta das 10h da manhã no Cemitério da Saudade.
Sobrevivente
Esposo de Denise e padrasto de Kervellin, ambos mortos por afogamento, Manoel de Oliveira sobreviveu à tragédia. Ele contou que todos foram ao rancho - às margens do Rio Tietê, entre as cidades de Dois Córregos e Mineiros do Tietê - para passar as festas de final de ano.
Porém, quando entraram na água, as seis pessoas juntas, uma próxima à outra, Manoel explica que, repentinamente, todos caíram no que ele identificou como uma espécie de poço. "Foi por isso que o afogamento foi muito rápido, porque caiu todo mundo no poço de uma vez só. Num minuto, a água estava na cintura e, de repente, afundamos. Não tinha ninguém distanciado", narra o sobrevivente.
Emocionado, por estar sepultando o último de seus familiares mortos na tragédia, Manoel lembrou que a sua esposa - a professora Denise Aparecida Dias da Silva - tentou empurrar uma das crianças para um local mais raso, mas foi em vão. Ele ainda recorda que Kervellin estava com uma das crianças no colo, tentando salvá-la do afogamento. "Eu presenciei tudo... ainda tentei puxar uma das mãos de minha esposa, mas não tive forças, apoio... Entende? Por pouco não fui com eles."
Ainda sobre o caso, Manoel afirmou que era possível ver colorações mais escuras na água do rio, onde ele acredita que estão os poços, que, possivelmente, vitimaram sua família. Segundo ele, não havia placas de sinalização sobre a existência desses poços. "Não há nenhuma demarcação. Acho que ninguém nunca se preocupou em fazer uma demarcação, colocar umas placas 'aqui não pode nadar'... Infelizmente, a água nos carregou... Estávamos brincando, e fomos mais pra frente sem perceber, por conta das ondas, porque estava ventando naquele dia", lembrou.
Sobre os próximos dias, sem seus familiares mais próximos, Manoel espera um consolo e que se apegará à outros parentes para suportar a dor. "Agora o que resta é a saudade e a lembrança. Se apegar com a minha família, meus filhos e minhas netinhas e pedir forças à Deus. Não tem outro jeito", finaliza Manoel.
Relembre o caso
Cynthia Silva dos Santos, de 25 anos; Nicolly Luize Dias da Silva, 9 anos; Emily Camile Dias da Silva, 3 anos; e Denise Aparecida Dias da Silva, de 51 anos morreram afogados em uma 'prainha' às margens do Rio Tietê, na cidade de Mineiros do Tietê, interior de São Paulo, na véspera de Natal. Cynthia era a mãe das crianças Emily e Nicolly e nora de Denise. O corpo de Kervellin foi o último entre as vítimas a ser encontrado pelos bombeiros naquela tarde.
Denise, Cynthia, Emily e Nicolly foram veladas na quadra esportiva de uma escola municipal de Sumaré, cidade onde a família morava. O velório das crianças e das duas mulheres foi de muita consternação e tristeza entre os presentes. Os corpos das quatro primeiras vítimas foram sepultados na segunda-feira, 26, no Cemitério da Saudade, em Sumaré.