SOLIDARIEDADE

Queda no estoque do Banco de Leite preocupa Maternidade

Maternidade de Campinas pede doações de leite materno para recompor nível ideal

Mariana Camba/ Correio Popular
31/03/2021 às 11:34.
Atualizado em 22/03/2022 às 02:20
Recém-nascido sendo aliementado com leite materno doado à Maternidade Campinas: hospital precisa ampliar estoque para atender à demanda (Weverson Felipe)

Recém-nascido sendo aliementado com leite materno doado à Maternidade Campinas: hospital precisa ampliar estoque para atender à demanda (Weverson Felipe)

O estoque do Banco de Leite Humano do Hospital Maternidade de Campinas está abaixo do ideal, por isso foi criada uma campanha de incentivo à doação de leite materno. São necessários 200 litros em estoque para suprir a necessidade das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e das Unidades de Cuidados Intermediários (UCI) Neonatal, que atendem os recém-nascidos. Atualmente, estão armazenados apenas 139 litros. De acordo com Giovana Batista de Souza, enfermeira e coordenadora do Banco de Leite do hospital, a queda nas doações vem sendo registrada há quatro meses consecutivos.

A enfermeira explica que a diminuição do volume de leite doado começou a ocorrer em dezembro, mas até então se tratava de algo esperado para a época do ano. "Precisamos atender, no total, 62 leitos de UTI e UCI. No final do ano é normal sentirmos uma queda nas doações por causa das festas e viagens, mas devido à pandemia esperávamos um impacto menor. Em dezembro, o estoque estava com 190 litros, em janeiro esse número caiu para 169 litros, em fevereiro para 162 litros. Em março, registramos a maior queda nas doações desde o início do ano, até chegar aos níveis atuais", ressaltou Giovana. Cada litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.

As mães interessadas em doar precisam estar saudáveis e amamentando seus filhos, com uma produção excedente do leite. O primeiro passo é entrar em contato com o Banco de Leite por meio do telefone (19) 3306-6039 e fazer o cadastro. Na sequência, será feito um agendamento para que a doadora vá ao ambulatório fazer alguns exames. "Depois que os resultados saírem e comprovarem que ela está apta para fazer a doação, a mãe vai receber orientações sobre como realizar a coleta do leite em casa, garantindo a higienização e o cuidado no processo. Ela vai levar um kit que será utilizado durante a retirada e para o armazenamento do leite. Quando a doação for concluída, um motorista do hospital, acompanhando de uma técnica de enfermagem, irá até a casa da doadora para fazer a coleta", explicou a enfermeira.

O leite angariado é encaminhado para os bebês que são assistidos pela Maternidade Campinas. A maior parte deles foi internada devido ao parto prematuro. Há casos em que a produção do leite materno diminui, devido a alguma patologia ou condição do organismo da mãe, provocada por stress ou ansiedade, por exemplo. "O aleitamento materno é considerado a forma mais segura e natural para alimentar o bebê. Nele são encontrados diversos componentes imunológicos essenciais para o desenvolvimento da criança, que auxiliam na diminuição de infecções e no tempo de internação. Doar é um ato de amor e de solidariedade", reforçou Giovana. Atualmente, há 50 mães doadoras cadastradas no hospital.

Quando o leite chega ao hospital, ele passa pelo processo de pasteurização e por um controle de qualidade, que verifica a sua qualidade. Se o leite não passar por todas as etapas de checagem, ele é descartado. O volume aprovado durante a triagem pode ficar armazenado no freezer por até seis meses. De acordo com a coordenadora, o Ministério da Saúde não encontrou até o momento indícios da possível transmissão da covid-19 pela amamentação, por isso a doação do leite materno está mantida no hospital. Mas caso a mãe ou alguém que resida com ela apresente algum sintoma da doença, a orientação é cessar a coleta até que termine o período de transmissão do vírus.

Segundo Maitê Galhardo Zuccholini, nutricionista do Banco de Leite, as doações são usadas conforme a necessidade dos bebês, de acordo com a solicitação médica. "Vamos dosando o que entra e o que sai, para manter um volume de estoque, que é essencial. Neste mês, recebemos 116 litros e usamos 112 litros, portanto o estoque que conseguimos fazer com as doações foi baixo. Conforme esse volume armazenado cai, é feita a triagem dos casos mais críticos. Os bebês que não se encaixarem nessa categoria recebem outro tipo de nutrição. Quanto maior o risco do recém-nascido, maior é certeza de que ele vai receber o leite materno. O aumento nas doações significa que mais crianças serão atendidas", concluiu.

A preocupação com a baixa do estoque de leite materno é maior neste período, devido à chegada do outono. Entre abril e setembro, há o aumento dos casos de síndrome respiratória que também acometem os bebês. O clima mais seco e frio faz com que aumente a incidência dessas patologias, ampliando consequentemente a exposição dos recém-nascidos a elas. "Para os bebês, o resfriado comum pode ser fatal. As internações entre o outono e o inverno aumentam nesse período, por isso torna-se essencial manter os estoques dentro do ideal. É importante estarmos preparados para esse crescimento da demanda, como ocorre todos os anos. Com a campanha, corremos menores riscos e garantimos a alimentação dos nossos bebês", afirmou o médico Marcos Miele, presidente do Hospital.

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