Quatro mil manifestantes seguiram de Sumaré em direção à Rodovia Anhanguera para reivindicar regularização de ocupação. Marginais registraram congestionamento
Manifestantes pedem regularização da Vila Soma, em Sumaré (Inaê Miranda/AAN)
Cerca de quatro mil moradores da ocupação Vila Soma, em Sumaré, fizeram uma marcha para reivindicar a regularização da ocupação. O grupo saiu da Avenida da Amizade, em Sumaré, por volta das 14h30 desta segunda-feira, 22, e seguiu pelas marginais da Rodovia Anhanguera. Eles passaram pelo viaduto da Honda, na altura do km 109, e, retornaram para Sumaré, também pela via marginal. Os acessos da via marginal foram fechados e o trânsito desviado para a pista expressa. O congestionamento registrado durante a passeata chegou a quatro quilômetros, segundo a concessionária que administra o trecho, CCR Autoban.Durante a marcha os moradores levaram faixas pedindo moradia e utilizaram dois carros de som. A Polícia Militar (PM) acompanhou a manifestação e afirmou que 3 mil pessoas estão na marcha. Não houve registro de acidente, somente lentidão no trânsito.Moradores da ocupação têm feito seguidos protestos nos últimos dias. Na semana passada marcharam em vias importantes da cidade e um grupo se acorrentou em um canteiro central localizado na frente da casa da prefeita da cidade, Cristina Carrara (PSDB). Eles acusam a prefeita de falta de diálogo com os moradores.Os moradores receberam uma ordem judicial de desapropriação em março deste ano. Ele cobram da Prefeitura um terreno para a construção de moradias via programa do Governo Federal, Minha Casa, Minha Vida. Em um dos protestos houve confronto com a Polícia Militar quando a manifestação quase fechou a Rodovia Anhanguera."A ocupação espera que a Prefeitura assine o protocolo de intenções e apresente a viabilização da área do Jd. Paulistano. Esperamos que todas esferas de governo compareçam e juntos possamos encontrar uma solução para este conflito fundiário" disse um dos representantes dos moradores da Vila Soma.Com informações da repórter Inaê MirandaEntenda o casoCom uma área de aproximadamente um milhão de metros quadros ocupada há três anos por cerca de 10 mil pessoas — entre elas mil crianças — a ocupação da Vila Soma, em Sumaré, pode ser o palco de uma das maiores ações de reintegração de posse da história do judiciário paulista. Grande parte do lugar está ligada à massa falida da antiga empresa Soma Equipamentos Industriais Ltda., fechada desde 1990. No total, o espaço tem valor estimado em R$ 79 milhões. A dívida deixada após a falência chega a R$ 250 milhões, e 40% deste montante representa questões trabalhistas e previdenciárias que não foram quitadas. O leilão do terreno poderia honrar esses débitos. Com isso, há uma delicada queda de braço social a ser resolvida. Se por um lado existe gente ali que luta por uma moradia própria, e a consequente fuga do aluguel, de outro estão mais de mil funcionários que esperam por mais de duas décadas para receber o que deles é de direito.O prazo da reintegração ainda não está definido, mas ela poderá ser cumprida ainda neste ano, de acordo com André Gonçalves Fernandes, juiz da 2ª Vara Cível de Sumaré, responsável pela decisão.