Os corredores lotados do Hospital PUC-Campinas abrigam os pacientes excedentes do SUS: não há leitos
A difícil situação da saúde em Campinas ganhou mais um capítulo no começo da tarde de ontem. Superlotado, o Hospital PUC-Campinas anunciou a suspensão temporária do atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nos prontos-socorros adulto e infantil. Segundo o hospital, a medida foi tomada para garantir a segurança e a integridade dos pacientes já internados. O diretor técnico do hospital, Nilton Crepaldi Vicente, revelou que medida vinha sendo discutida há algumas semanas. “A superlotação chegou a uma situação insuportável e tivemos que suspender o atendimento aos pacientes do SUS. Todos os nossos corredores estão lotados e, infelizmente, não temos equipamentos técnicos suficientes para dar assistência a esses pacientes”, explicou. Ao todo, o hospital disponibiliza no máximo 20 leitos para o atendimento SUS, mas no PS Adulto o número de internações já está em 65. Ou seja, 45 pessoas estão sendo atendidas em macas improvisadas no meio dos corredores do complexo. No PS Infantil, a situação também é preocupante, já que a capacidade máxima é de seis leitos, mas atualmente há sete pacientes internados. “Tivemos que fazer uma escolha: ou atendíamos parte da população ou não atendíamos ninguém”, frisou Crepaldi Vicente. O Correio Popular teve acesso ao espaço, com dezenas de camas improvisadas e enfileiradas em um corredor estreito. A autônoma Andreia Andrade, de 35 anos, acompanhava a situação de sua mãe em um uma das macas improvisadas. “Ela só passou na frente porque teve que passar por um exame de rotina que identificou que ela está com um problema no coração. É desumano o que está acontecendo aqui”, afirmou. No último dia 26 de abril, a unidade de saúde já havia anunciado que a superlotação dos prontos-soccoros provocou a suspensão de cirurgias eletivas — já marcadas. Questionada sobre a superlotação do Hospital PUC-Campinas e se o reflexo disso atingirá outras unidades, como o Hospital Mário Gatti e Ouro Verde, a Prefeitura alegou, em nota, que o sistema de urgência e emergência exige responsabilidade compartilhada das instâncias municipais e estadual.