Protesto foi contra volta do administrador, que obteve liminar e voltou ao cargo; vizinhos ficaram curiosos com a forma de manifestação
Condomínio na Avenida Ruy Rodrigues, onde houve o protesto r (César Rodrigues/AAN)
Moradores de um condomínio às margens da Avenida Ruy Rodriguez, no Jardim Capivari, em Campinas, usaram faixas de luto para protestar contra decisão judicial que concedeu liminar para o síndico, que havia renunciado, voltar. O protesto começou há três semanas e as faixas, feitas de saco de lixo preto com fita crepe, foram colocadas nas sacadas da maioria dos 51 apartamentos. A iniciativa despertou a curiosidade de quem passava pelo local. Muitos espalharam pelo WhatsApp que, no prédio, tinha acontecido um arrastão de bandidos. “Por dia, ao menos cinco pessoas vinham perguntar. Alguns pensavam que alguma criança tinha caído. Mas a maioria achava que era por conta de algum arrastão”, contou o porteiro, identificado apenas por Jonathan. Além das faixas, no último dia 25, os moradores também fizeram um buzinaço e um panelaço por uma hora. A Polícia Militar chegou a ser acionada pelo síndico, mas o protesto foi até as 22h. A revolta começou com a gestão do síndico do condomínio Port de France. O local é composto por três blocos de sete andares, com quatro apartamentos por piso. O edifício começou a ser habitado há dois anos, e, na época, a administradora apresentou um morador, que é advogado, para ser o síndico. “No início até fazia prestação de contas. Mas, em setembro do ano passado começou a fazer coisas no condomínio, sem consultar a administradora. Estranhamos e convocamos uma assembleia”, contou um morador que preferiu não ser identificado. O síndico é acusado de fazer compras superfaturadas. “As dívidas já somam quase R$ 100 mil.” Na assembleia, os moradores fizeram colocações que irritaram o advogado e ele renunciou, mas depois recorreu na Justiça. O condomínio do prédio é de R$ 420,00 por mês. O síndico recebe um salário-mínimo e é isento da taxa. Em assembleia nesta semana, os moradores decidiram afastá-lo e nomear outro síndico. “Queremos transformar essa nossa forma de protesto em exemplo para ajudar outros moradores de condomínios”, frisou uma dona de casa, integrante do grupo. Só neste ano, já foram realizadas duas assembleias, com abaixo-assinados. Segundo a moradora, o grupo recorreu da liminar em segunda instância. Nesta sexta-feira (4), os condôminos começaram a retirar as faixas de luto. A reportagem tentou falar com o síndico, mas ele não estava no prédio. “O protesto dos moradores é válido e eles foram corajosos de se expor”, disse o economista e diretor da Zelo Condomínio, Cristiano Moraes Campos. “Vejo a iniciativa como positiva.”