CALOR HUMANO

Projeto torna hospital mais leve e acolhedor

PUC faz paciente contaminado por covid se sentir alegre e confiante

Gilson Rei/ Correio Popular
16/04/2021 às 15:27.
Atualizado em 21/03/2022 às 22:25

Biografia do paciente Eudes, internado no hospital da PUC: gosta de churrasco e adora música sertaneja (Divulgação/ PUC-Campinas)

Um novo projeto de humanização que cria ambiente familiar e de amizade - conectado com os entes queridos - começou a levar alegria e acolhimento aos pacientes da covid-19 nos leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e da enfermaria do hospital da PUC-Campinas. Trata-se do projeto "Biografia dos Pacientes de covid-19", idealizado pelas equipes de psicologia e terapia ocupacional e que começou a ser aplicado nesta semana.

O processo é simples. Todas as informações são passadas para os médicos do hospital, que fazem perguntas sobre o paciente à família em um contato via teleconferência. "Com estes dados, a equipe faz uma biografia da pessoa em uma folha, que é anexada junto ao paciente no leito. Com isso, todos do hospital podem interagir com ele conversando sobre os assuntos que ele gosta. Mostra fotos da família e áudios. O resultado é muito gratificante", disse Thaís.

Os dados conectam o paciente à família. "São colhidos dados pessoais do paciente como time do coração, música predileta, costumes, pessoas que tem mais contato na família, se ele tem animais de estimação, se é religioso e outros fatores para deixar o paciente mais próximo do ambiente familiar", disse. "Conversamos sobre os assuntos que ele mais gosta, mostramos fotos e áudios. Além disso, colocamos as músicas preferidas e deixamos o ambiente mais leve e acolhedor", explicou a coordenadora do Serviço de Psicologia, Thaís Bezerra.

Segundo a médica, estas ações estimulam o aumento da autoestima e ajuda na recuperação e na luta contra a doença. "O objetivo é de oferecer um olhar individualizado e humanizado aos pacientes, pois as famílias não podem visitar e o projeto aproxima os envolvidos nesta luta contra o vírus", comentou. Vale lembrar que a autoestima é, essencialmente, a habilidade de pensar positivamente sobre si mesmo. O hábito do pensamento positivo, em geral, contribui para ter uma atitude positiva e isto pode auxiliar no sistema de autodefesa do organismo.

Família agradece

Este trabalho de humanização foi elogiado e bem recebido por Hector Pereira, engenheiro, que está com seu pai Eudes Donizeti Pereira, de 57 anos, internado na UTI há um mês. "É fundamental, pois a família e amigos não podem ter contato com o meu pai, que está no hospital há mais de 40 dias, afinal ficou uma semana na enfermaria e depois foi para a UTI", disse.

Hector destacou que seu pai gosta de música sertaneja, se diverte no jogo de sinuca, torce para a Ponte Preta e é uma pessoa que está sempre ajudando a família em casa. "Além de ajudar minha mãe em tudo, ele gosta muito do netinho dele, o Téo, meu filho de 3 anos", comentou. "Mandamos um vídeo com o Téo cantando uma música sertaneja que meu pai gosta muito e que foi ensinada por ele ao garoto. Soubemos que meu pai sorriu e ficou muito feliz. Isso não tem preço para nós", disse Hector.

Segundo o engenheiro, o projeto é muito importante e destacou que foi uma ótima ideia da equipe do hospital. "Com a biografia do meu pai, todos que vão ao leito dele poderão interagir com amizade. Existe uma grande equipe que se reveza no atendimento e isto faz com que todos tenham uma intimidade maior com ele. Ajuda muito e leva alegria para ele neste momento", afirmou.

O filho do Eudes ainda comentou: "A pandemia ensinou muitas coisas e mudou o modo de agir e de pensar de muita gente. Uma das coisas é o fato de que as pessoas podem e devem cuidar dos mais queridos, mesmo de longe. Tenho certeza que este projeto está levando alegria para meu pai", finalizou.

Outros Projetos

Thais, disse que - além dos projetos específicos elaborados pela humanização - o Hospital PUC Campinas já possui em sua rotina ações de humanização idealizadas e executadas por diversos setores. "O hospital tem o compromisso de impactar de forma positiva a vida das pessoas que buscam por seu serviço, sejam elas seus colaboradores ou clientes. Para isso, nosso trabalho é pautado na política nacional de humanização", afirmou.

Segundo a psicóloga, uma comissão de humanização segue a responsabilidade de pensar e apoiar ações que amenizem a tensão do ambiente hospitalar e contribuam para a melhoria dos processos de trabalho. "Através da comissão, o hospital desenvolve projetos específicos para que as práticas humanizadoras tornem-se parte da rotina", disse.

Um dos projetos é um atendimento psicológico que o hospital presta aos familiares de pessoas com covid-19 e outras doenças mais graves. "Isso é feito por meio de videoconferência. Algumas pessoas são atendidas diariamente e outras em períodos diversos. Com a pandemia é necessário este tipo de atendimento aos familiares também, que ficam sem ver seus entes e isso gera depressões e ansiedade, entre outras enfermidades", comentou.

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