Análises complementares devem ficar prontas em até 40 dias, estima sindicato
O projeto de construção do novo Shopping Popular contempla a realocação de cerca de 1.250 vendedores atualmente instalados no camelódromo, localizado nas proximidades do Terminal Cury e em outros logradouros da região central; esses comerciantes serão transferidos para o novo espaço que será desenvolvido no complexo ferroviário (Kamá Ribeiro)
A construção do Shopping Popular, que será erguido em parte do complexo ferroviário localizado no Centro de Campinas, avança para uma nova etapa. Atualmente, estão em andamento o Relatório de Impacto de Trânsito e o Estudo de Impacto de Vizinhança, conforme determinação da Secretaria de Urbanismo de Campinas. A secretaria identificou a necessidade de ajustes na planta do empreendimento. Os estudos estão sendo conduzidos pelo Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas (Sindipeic), que representa os camelôs. A expectativa é que os relatórios sejam entregues à Prefeitura dentro de 30 a 40 dias.
O projeto prevê a realocação de aproximadamente 1.250 vendedores do atual camelódromo, situado nas imediações do Terminal Mercado, para o futuro Shopping Popular. Esta iniciativa faz parte do Plano de Requalificação da Área Central de Campinas (PRAC). A planta da obra foi protocolada em junho na Administração Municipal, que é responsável pela análise e aprovação do projeto.
Os comerciantes do camelódromo atual acreditam que a mudança terá um impacto positivo significativo nos negócios, com a possibilidade de dobrar ou até triplicar as vendas diárias. Eles enfrentam há anos problemas com a infraestrutura deficiente e a falta de segurança nos arredores do Centro, fatores que afastam potenciais compradores.
ESTUDOS
A secretária de Urbanismo de Campinas, Carolina Baracat, informou que a proposta inicial do Shopping Popular precisou ser ajustada devido à confirmação da chegada do Trem Intercidades (TIC) ao município. Essas alterações resultaram em um atraso na análise pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). "Após essas primeiras adaptações, o projeto foi submetido ao Condepacc e aprovado em sua concepção arquitetônica e na interface com o entorno. O projeto incorpora características da arquitetura ferroviária, mantendo uma linguagem que harmoniza com o patrimônio cultural da região, preservando a história do desenvolvimento ferroviário local", explicou Baracat.
A próxima etapa, segundo a secretária, é a análise do Relatório de Impacto de Trânsito e do Estudo de Impacto de Vizinhança. A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) terá um prazo de sete a 15 dias para avaliar os documentos. Em seguida, representantes da Prefeitura e do Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas se reunirão para discutir possíveis ajustes no projeto. "A Prefeitura está muito interessada em apoiar a realocação dos camelôs para a nova área. Na análise inicial, identificamos a necessidade de ajustar a quantidade de vagas de estacionamento, atualmente previstas para 700 a 800 veículos. Precisamos dos estudos de Impacto de Vizinhança e de Trânsito para, junto com a Emdec, dimensionar a quantidade final de vagas. Hoje, a maioria das pessoas acessa o local a pé, mas com a chegada do TIC, a proximidade da Rodoviária, do Terminal Mercado e do próprio Shopping Popular, o sistema de mobilidade da região será impactado. Por isso, solicitamos esses estudos para alinhar todas as partes envolvidas", afirmou Baracat.
Os estudos de impacto de vizinhança e de trânsito são análises essenciais para avaliar os efeitos de um projeto em uma área específica. Eles garantem que novos desenvolvimentos não prejudiquem a qualidade de vida dos moradores e o funcionamento adequado da infraestrutura urbana.
AÇÕES
De acordo com o vereador e vice-presidente do Sindipeic, José Carlos dos Santos, conhecido como Carlinhos Camelô (PSB), os estudos de impacto de trânsito e de vizinhança já foram contratados e estão em andamento. A expectativa é que os documentos sejam entregues à Prefeitura em breve. "Já contratamos uma empresa especializada, que está realizando os estudos necessários. Agora, é esperar pelos resultados. Acreditamos que os estudos estarão prontos em 30 a 40 dias", afirmou.
O parlamentar também destacou que a previsão inicial de que as intervenções na área começariam ainda neste segundo semestre está mantida. "Quando protocolamos a planta para avaliação da Prefeitura, nos informaram que a análise necessária seria concluída em 30 dias. No entanto, precisamos apresentar os estudos solicitados pela Secretaria de Urbanismo. Acredito que, após esses estudos, estaremos prontos para seguir em frente", explicou.
EXPECTATIVAS
Sandro Ricardo Fernandes Medeiros, que há 18 anos possui um ponto fixo no camelódromo e trabalha com a venda de equipamentos eletrônicos, comentou sobre as dificuldades enfrentadas pela categoria. Ele mencionou a concorrência com lojas online, que se intensificou durante a pandemia de covid-19, e a estrutura deficitária do local atual. "Aqui não temos mais espaço físico para crescer ou inovar. Queremos oferecer aos clientes uma infraestrutura de melhor qualidade, com mais conforto e facilidade de acesso. Mudar para um novo local que ofereça essas condições é fundamental", destacou.
Questionado sobre as expectativas de crescimento com a mudança para o Shopping Popular, Medeiros estimou um aumento de quase 100% nas vendas diárias. "Atualmente, faço cerca de 12 vendas por dia. Com a mudança para o novo local, acredito que esse número suba para pelo menos 20 vendas diárias", projetou.
Jaelton José Pereira de Azevedo, que trabalha no camelódromo desde 1996, compartilha uma visão ainda mais otimista. Ele acredita que suas vendas diárias, também no segmento de eletrônicos, triplicarão após a mudança para o novo centro de compras. "Hoje, faço uma média de 50 vendas por dia. Esse número deve triplicar no novo local, pois os clientes se sentirão mais seguros para voltar a comprar nas ruas", detalhou.
Azevedo enfatizou a questão da segurança no entorno dos comércios como um fator crucial que afastou potenciais clientes do Centro de Campinas. "Dentro do camelódromo, não temos muitos problemas, mas, infelizmente, há uma percepção geral de que todo o Centro é inseguro. Acredito que, com a mudança, teremos a oportunidade de reverter essa imagem", concluiu.
PROJETO
O projeto arquitetônico do novo Shopping Popular de Campinas prioriza a restauração dos históricos prédios do Armazém de Importação e da Nova Casa de Carros, minimizando o impacto de novas construções. Além disso, o projeto está integrado à implantação do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas, que terá sua estação de chegada e partida na Estação Cultura (antiga Fepasa). Esta iniciativa faz parte da proposta da Prefeitura de recuperar todo o complexo ferroviário, que ocupa uma área de 200 mil metros quadrados.
Em entrevista ao Correio Popular, publicada em 30 de junho, Carlinhos Camelô destacou que o novo centro de compras terá 48 mil metros quadrados de área construída, com um andar, elevador panorâmico e um mirante que permitirá a visão de grande parte do complexo, incluindo o recentemente restaurado Prédio do Relógio e a Rotunda, uma construção circular usada no passado para manobras de locomotivas. O Prédio do Relógio foi recentemente utilizado para uma mostra de arquitetura e decoração, além de sediar um grande evento de ciência e tecnologia.
O projeto anterior do Shopping Popular, que foi descartado, previa uma área construída de 51 mil metros quadrados e um investimento de R$ 115 milhões. A nova proposta, inspirada no design de um trem, aloca os boxes como se fossem vagões, com uma parte construída remetendo a uma locomotiva. O projeto também inclui um estacionamento térreo com capacidade para 700 a 800 veículos, uma praça de alimentação e um pergolado.
O novo projeto prevê uma faixa de distância da linha férrea para permitir a circulação do TIC, cujas obras estão previstas para começar em junho de 2025. O Trem Intercidades será integrado a duas novas linhas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) planejadas pelo Governo de São Paulo, que ligarão o Centro ao Aeroporto Internacional de Viracopos e às cidades de Hortolândia e Sumaré.
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