CAMPINAS

Projeto de Toninho integrava rodoviária com ônibus urbano

A escassez de coletivos municipais próximos ao terminal é uma das principais reclamações de quem utiliza o Ramos de Azevedo

Cecília Polycarpo
27/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:57
A ideia de Toninho era fazer a rodoviária com uma estação de trens intermunicipais e um terminal de ônibus urbano, conta o arquiteto e urbanista João Verde  ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

A ideia de Toninho era fazer a rodoviária com uma estação de trens intermunicipais e um terminal de ônibus urbano, conta o arquiteto e urbanista João Verde ( Carlos Sousa Ramos / AAN)

O projeto viário original onde estava inserida a Rodoviária de Campinas previa um terminal de ônibus urbano junto ao terminal metropolitano, além de uma estação de transferência de trens metropolitanos, utilizando a malha ferroviária existente na cidade. Idealizado durante o curto mandato do prefeito Antonio da Costa Santos (PT), o plano foi apresentado em 2003, já no governo de Izalene Tiene (PT). No entanto, o ex-prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) realizou apenas parte do projeto, e as obras que interligariam o Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo às linhas de transporte coletivo foram esquecidas. A escassez de ônibus municipais próximos a rodoviária é uma das principais reclamações de quem utiliza o local. Hoje, quem sai do terminal tem disponível 37 linhas em quatro vias próximas, mas poucas vão para regiões mais distantes do Centro, como DICs, Campo Grande, Ouro Verde, Barão Geraldo e Sousas.Em matéria publicada na quinta-feira (25), urbanistas da cidade criticaram a forma como a rodoviária foi implantada. Eles alegaram que, apesar de ela estar no Centro, o local carece de linhas com áreas mais distantes, como Sousas e Barão Geraldo, por exemplo. No projeto apresentado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e pela Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento da época, a rodoviária seria servida de diversos modais de transporte. O plano previa a implantação de dois eixos de deslocamento sobre trilhos, um Leste-Oeste, entre Americana e Vinhedo, e outro Norte-Sul, de Barão Geraldo, utilizando parte do traçado da antiga Mogiana, até o Aeroporto Internacional de Viracopos, construindo uma malha para o veículo leve sobre trilhos (VLT). Estavam previstos ainda ônibus urbanos e veículos de transporte coletivo mais leves, como micro-ônibus.Todos os eixos passariam região Central e da rodoviária. A ideia era fortalecer o papel do Centro de Campinas na articulação metropolitana através do transporte coletivo intermodal, contribuindo também para seu processo de requalificação. Com a nova ferrovia, seria feito um reestudo de toda a rede de transporte coletivo da região, que deveria localizar os pontos adequados para terminais urbanos, incluir pavimentos mais adequados para a circulação de ônibus e calçadas, paisagismo e iluminação. O arquiteto e urbanista João Verde acompanhou a elaboração do projeto e afirmou que ele abrangeria modais de transporte em toda e Região Metropolitana de Campinas (RMC). “A ideia de Toninho era fazer a rodoviária com uma estação de trens intermunicipais e um terminal de ônibus urbano”, disse o arquiteto. “Mas em Campinas não temos um planejamento. Temos um ‘fazejamento’. Os governos fazem as coisas de forma pontual, os projetos não são integrados”, completou.No trecho Leste-Oeste estava prevista uma ligação de trem metropolitano sobre a ligação ferroviária já existente, de Americana a Vinhedo, com uma estação na rodoviária da cidade. O projeto previa a possibilidade de expansão da linha até Jundiaí, para conectar-se às linhas operadas pela Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos (CPTM). A ligação Norte-Sul pressupunha a utlização do antigo leito do VLT, entre o viaduto do Piçarrão e a Avenida das Amoreiras. A linha deveria ir até Viracopos, sempre às margens da Rodovia Santos Dumont (SP-075). Entre a região do Cortume e o Guanabara estava previsto um trecho subterrâneo, de aproximadamente três quilômetros, emergindo no Guanabara. A partir da estação, a linha aproveitaria integralmente o leito da antiga Mogiana, e terminaria nas imediações da Rodovia D. Pedro I, onde haveria integração com um terminal de ônibus urbano.Verde explicou que a construção de um terminal de ônibus urbano e a interligação com linhas de trem seriam importantes para que a rodoviária tivesse uma sobrevida de 30 a 50 anos antes que precisasse mudar de local ou se expandir. “O transporte público do terminal rodoviário hoje não existe. Tem que instalar ferrovias, fazer mais linhas de ônibus, para que as pessoas tenham acesso ao local. Não adianta estar no Centro, mas inacessível”, disse.Em matéria publicada na quinta, arquitetos e urbanistas da cidade comentaram que a Rodoviária de Campinas deveria ter sido dimensionada para comportar o aumento natural do fluxo de pessoas a longo prazo e poderia estar integrado a um terminal de ônibus urbanos. A integração facilitaria o deslocamento de quem usa a rodoviária. Eles também consideram pequenas as áreas reservadas aos táxis e ao embarque e desembarque. Os mesmos problemas estruturais foram apontados em recentes reportagens feitas pelo Correio. Em reportagem publicada ontem, os taxistas pedem uma cobertura na rampa de acesso à portaria do terminal.O Correio procurou a Emdec para comentar a possibilidade de ser construído um terminal de ônibus urbano no local e a empresa disse que, no momento, não há previsão de uma obra do tipo. “Entretanto, no projeto do BRT, está prevista a construção de uma estação de transferência na Rua Dr. Mascarenhas”, diz a nota. A via fica próxima ao terminal rodoviário. A reportagem procurou o arquiteto Ricardo Badaró, que fez o projeto do prédio da rodoviária e participou do plano idealizado por Toninho, mas ele não quis comentar o assunto.A construção O Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo foi construído numa área de 70 mil metros quadrados na confluência da Avenida Lix da Cunha e das ruas Dr. Mascarenhas, Dr. Pereira Lima e a linha férrea, na Vila Industrial. O prédio é integrado ao Terminal Multimodal Metropolitano Prefeito Magalhães Teixeira. O consórcio que administra o local é formado pelas empresas Socicam Administração, Projetos e Representação Ltda e Equipav S.A Pavimentação, Engenheria e Comércio. Apenas na construção do novo prédio, área comercial e plataformas foram injetados aproximadamente R$ 30 milhões.

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