CULTURA

Projeto de teatro de ópera está na gaveta desde 67

Campinas guarda projeto do arquiteto Fábio Penteado para a construção de um teatro de ópera

Maria Teresa Costa
03/03/2013 às 09:50.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:30
Imagem do projeto de teatro de ópera (Cedoc)

Imagem do projeto de teatro de ópera (Cedoc)

Desde 1967, Campinas guarda um projeto do arquiteto Fábio Penteado, premiado internacionalmente, para a construção de um teatro de ópera com 1,5 mil lugares no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral). Nunca foi construído por falta de recursos. O prefeito José Magalhães Teixeira, 30 anos depois, retomou a proposta, pensando em instalar um teatro no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim . Ele chegou a falar com o arquiteto sobre isso, mas logo depois adoeceu e morreu, e nunca mais se falou no assunto. Campinas vai construir o Teatro de Ópera Carlos Gomes no Ecológico e, mais uma vez, o projeto de Fábio Penteado continuará na gaveta.

A proposta do arquiteto surgiu quando o prefeito Ruy Novaes, para se redimir da demolição do Teatro Municipal em 1965, abriu um concurso de arquitetos brasileiros para escolher um projeto grandioso de teatro de ópera para a cidade. Penteado apresentou sua proposta, em coautoria com Aldo Calvo, Alfredo Paesani e Teru Tamaki. Mas o teatro de Penteado ficou em segundo lugar naquele concurso e a Prefeitura não teve dinheiro para construir o projeto vencedor.

Logo depois, o governo brasileiro decidiu levar projetos brasileiros à I Quadrienal Mundial de Teatro, em Praga, na então Tchecoslováquia. Vinte e oito projetos foram inscritos, entre eles os de Campinas, que entraram no concurso por sugestão do crítico Sábato Magaldi. Assim, os três primeiros colocados no concurso de Campinas foram incluídos pela Fundação Bienal de São Paulo na representação brasileira. E Fábio Penteado foi premiado com a grande medalha de ouro.

Na volta a Campinas, Ruy Novaes chamou o arquiteto e encomendou um novo projeto, um teatro menor, de 500 lugares, no Centro. Surgia assim o Centro de Convivência Cultural, que foi construído parcialmente. Penteado, em algumas entrevistas ao Correio, chegou a apontar que os gradis de proteção para evitar quedas nas laterais não foram instalados. Hoje, mesmo degradado, precisando urgentemente de reforma, o prédio ainda é um dos símbolos arquitetônicos de Campinas. No ano passado, o custo da recuperação desse teatro estava estimado em R$ 50 milhões, mas até agora a Prefeitura não sabe o que fazer com ele.

A proposta de Fábio Penteado previa dois edifícios, um para ópera e outro para comédia, que seriam implantados de forma a aproveitar o declive do terreno. E, entre eles, um espaço teatral ao ar livre. No subsolo, os edifícios seriam ligados por uma rua-corredor, onde estariam salas de ensaio, camarins e instalações de apoio, com abertura dando vista à lagoa.

Magalhães Teixeira também procurou Fábio Penteado para pedir que reformulasse o projeto do teatro de ópera, premiado internacionalmente. “O Magalhães foi na casa do Fábio e disse que gostaria que ele fizesse um projeto mais simples, porque o teatro de ópera era grandioso e não haveria recursos para ele. O Magalhães planejava construir no Parque Ecológico. Ele estava muito animado com o projeto, mas logo depois ficou doente e nunca mais se tocou no assunto”, disse o jornalista Roberto Godoy, na época diretor do Correio e que estava na casa do arquiteto no dia em que Magalhães Teixeira foi conversar com ele.

O secretário municipal de Cultura, Ney Carrasco, desconhecia a existência desse projeto. Segundo ele, será interessante resgatá-lo e ter a proposta na Prefeitura para que, talvez no futuro, possa ser implantada. “Teatro nunca é demais, e quem sabe no futuro”, disse.

Carrasco afirmou que o fator definitivo para que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) se decidisse pelo projeto do arquiteto Carlos Backer, foi a existência de um projeto executivo pronto, o que queimou etapas e vai acelerar a implantação. “Se fôssemos encomendar um projeto executivo, isso custaria pelo menos R$ 1,5 milhão e levaria cerca de um ano para ficar pronto”, afirmou. 

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