SUSTENTABILIDADE

Projeto da PUC planta mudas para reflorestar Campinas

Dentre as espécies, destacam-se o Ipê, a Aroeira Pimenteira e a Canafístula

Eliane Santos/ [email protected]
21/10/2023 às 18:58.
Atualizado em 21/10/2023 às 18:58
Alunos do curso de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas); o grupo de trabalho é formado por 15 pessoas, incluindo uma tutora, 12 estudantes escolhidos por processo seletivo e outros dois universitários voluntários (Rodrigo Zanotto)

Alunos do curso de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas); o grupo de trabalho é formado por 15 pessoas, incluindo uma tutora, 12 estudantes escolhidos por processo seletivo e outros dois universitários voluntários (Rodrigo Zanotto)

Restaurar ecossistemas e levar cor ao cinza da metrópole é a proposta do projeto de biodiversidade Vamos Reflorestar?, que consiste no cultivo de mudas de árvores nativas e distribuição gratuita à população. O projeto, que tem à frente a bióloga Luciane Kern Junqueira, envolve alunos do curso de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e já distribuiu mais de 20 mil mudas no município. As espécies são indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos e plantios domésticos. 

As mudas são cultivadas no Viveiro da universidade desde 2013. Atualmente são seis espécies: os quatro tipos de Ipê (branco, amarelo, roxo e rosa), Aroeira pimenteira e Canafístula. Até Tamboril já foi plantado no local. Segundo Luciane, o projeto está inserido no Programa Educação Tutorial (PET Biologia), que recebe verbas (bolsa) do governo federal e foi idealizado buscando a sensibilização das pessoas sobre preservação ambiental e a inserção da universidade na comunidade.

"Como o próprio nome sugere, o Vamos Reflorestar? é um convite à população para fazer a diferença. Queremos sensibilizar as pessoas sobre a importância do meio ambiente para a nossa existência, mostrar que não basta mais preservar, temos de recuperar", enfatiza Luciane, acrescentando que são com pequenas ações como essa que podemos "construir algo melhor". Luciane tem formação em Biologia pela Unisinos e mestrado e doutorado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, além de professora de Ecologia, ela é a coordenadora do PET Biologia, que engloba outras 13 frentes de trabalho na área, como o de animais peçonhentos. 

"Queremos estar inseridos na comunidade. Queremos extrapolar os limites da universidade e fazer parte dela. Não adianta produzirmos e mantermos isso dentro dos nossos muros. Queremos ser capazes de modificar algo na comunidade. Só se preserva o que se conhece, e para isso temos de estabelecer, através da sensibilização, uma conexão com a natureza", completa. O projeto, ainda de acordo com a bióloga, ratifica as diretrizes de sustentabilidade, um dos eixos estratégicos da universidade, e da encíclica Laudato si, na qual o Papa Francisco destaca a importância do "cuidado da nossa casa comum".

O grupo de trabalho é formado por 15 pessoas: a tutora, 12 estudantes escolhidos por processo seletivo e outros dois universitários voluntários, que cursam do primeiro ao último ano de Biologia. Apesar de ser uma atividade extracurricular, Luciane enfatiza que todos têm algo em comum: a preservação ambiental como um dos objetivos de vida. "Temos uma relação muito próxima com a natureza", diz. 

Tudo é feito por eles, do cultivo à distribuição das mudas. O processo começa com a escolha de sementes certificadas, aquisição de insumos e demais materiais necessários ao plantio e acondicionamento das mudas conforme as fases de crescimento da planta. O grupo também é responsável pela manutenção e dedicação semanal às atividades no Viveiro. O tempo entre o plantio e a doação vai de 4 a 6 meses, dependendo da espécie.

Cada muda recebe uma etiqueta com as informações básicas, como tamanho máximo que a árvore atinge e como fazer a rega corretamente após o plantio definitivo (veja quadro). Luciane também cita que as pessoas devem destinar as mudas para quintais, terrenos, chácaras, sítios, empresas, escolas e praças adotadas, por exemplo. Não é recomendado o plantio em calçadas, já que Campinas dispõe de legislação específica sobre o assunto.

Depois de atingirem o tamanho adequado, chega à segunda fase do projeto: a distribuição. De acordo com Luciane, o Vamos Reflorestar? trabalha com Organizações Não Governamentais (ONGs), escolas, cadastro pelo Instagram (@petpuccbiologia), e campanhas especificas, como o Dia do Meio Ambiente (5 de junho), quando milhares de mudas são doadas em um único dia, numa espécie de Dia D. Este ano, foram mais de 3 mil árvores distribuídas no Dia D, que está em sua 4ª edição e inscrito na programação do Dia Mundial do Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Fizemos uma grande mobilização no estacionamento da universidade onde as pessoas nem precisam sair do carro para pegar sua muda. Este ano também incentivamos, de forma voluntária, a doação de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade. Foi um sucesso", lembra a coordenadora. 

No caso das escolas, os universitários dão orientações às crianças e também participam das ações de plantio. Pela rede social, o interessado deve preencher um formulário onde especifica quais espécies quer receber, e retirar gratuitamente, na própria universidade. Não há limite de mudas por pessoa. O campus II fica localizado na Avenida Jonh Boyd Dunlop, sem número, no Jardim Ipaussurama.

Além das doações para a comunidade externa, o viveiro também fornece mudas para plantio de árvores nos campi da Universidade. A PUC-Campinas foi apontada como uma das mais responsáveis ambientalmente pelo UI GreenMetric World University Ranking, uma iniciativa da Universitas Indonésia, que criou um ranking de alcance global para avaliar quesitos relativos à sustentabilidade nas instituições de ensino superior.

AS ESPÉCIES 

1) Aroeira Pimenteira (Schinus terebinthifolia) tem altura entre 5 e 10 metros e está muito presente em vários estados brasileiros, de Pernambuco até o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul. Em Campinas ela também por ser vista em vias públicas e parques e bosques. Ela pode ser considerada uma planta pioneira, comum em beira de rios, córregos e várzeas, entretanto cresce também em terrenos secos e pobres. Os frutos podem ser utilizados na culinária como condimento. Elas também são indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos ou plantios domésticos. A floração acontece de setembro a janeiro.

2) Ipê é árvore mais conhecida e cultivada no Brasil. Ele faz parte de um grupo de plantas de valor ornamental, tanto pelas flores exuberantes como pela sua elegante forma estrutural. Existem várias espécies, distribuídas em diferentes ambientes de florestas e cerrado. Ele pode atingir a altura de até 16 metros, com floração em diferentes meses:

  • (Handroantus roseo-alva ) - altura entre 7 a 16 metros, floração de junho a outubro.
  • (Tabebuia impetiginosa) - altura de 5 a 10 metros, floração de maio a agosto
  • (Tabebuia chrysotricha) - altura de 4 a 10 metros, floração entre agosto a setembro
  • (Handroanthus heptaphyllus) - altura de 5 a 10 metros, floração entre maio a agosto

3) Canafístula (Peltophorum dubium) é uma árvore da família Fabaceae. É conhecida no Brasil como angico amarelo ou cambuí. A espécie pode atingir de 10 a 20 metros de altura. Suas flores são vistosas e com coloração amarela. Ela está presente nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ela também é muito indicada para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana, paisagismos ou plantios domésticos.

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