PORTO SECO

Projeto da Ceasa agiliza a exportação de frutas

Ideia é implantar terminal intermodal com todos serviços aduaneiros, ligado ao Aeroporto Internacional de Viracopos

Maria Teresa Costa
23/11/2017 às 22:05.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:19
Frutas em banca na Ceasa: o porto seco conta com um posto fixo da Receita Federal, que faz com que o desembaraço das mercadorias seja mais ágil r
 (Cedoc/RAC)

Frutas em banca na Ceasa: o porto seco conta com um posto fixo da Receita Federal, que faz com que o desembaraço das mercadorias seja mais ágil r (Cedoc/RAC)

A Ceasa de Campinas prepara a implantação de um porto seco destinado à exportação de hortifrúti para se transformar em centro exportador da produção de todo o Estado de São Paulo, especialmente de frutas. A proposta é que esse terminal intermodal, que abrigará todos os serviços aduaneiros, seja ligado ao Aeroporto Internacional de Viracopos, para receber os produtos do exportador e armazenar pelo período que ele desejar, em regime de suspensão de impostos. O presidente do entreposto na Rodovia D. Pedro, Wander Villalba, informou ontem que vai buscar o apoio do governo do Estado para negociar, com a concessionária Aeroporto Brasil Viracopos (ABV), que administra o aeroporto, condições especiais para o envio da produção de hortifrúti do Estado ao Exterior. A ABV disse mesta quinta-feira (23) que o aeroporto está à disposição da Ceasa, pois tem capacidade e infraestrutura necessária para realizar esse tipo de operação. Em nota informou que o terminal de carga já trabalha com exportação de diversos alimentos, entre eles frutas, e dará todo o apoio técnico que a Ceasa precisar. Entre as frutas já exportadas por Viracopos, estão limão, melão, uva e manga. O projeto inicial era implantar uma aduana e criar as condições necessárias, na Ceasa, para facilitar as exportações de frutas, mas Villalba avalia que o entreposto de Campinas tem condições de criar uma estrutura exportadora para ampliar as variedades de produtos a serem colocados no mercado externo. “O Brasil é o quarto maior produtor de hortifrúti do mundo, mas é apenas o 23º exportador. Ou seja, o maior consumo é interno, o que significa que os produtores têm condições de crescer para vender no Exterior”, afirmou. Há um mês, a Ceasa reuniu cerca de cem produtores, executivos e especialistas para debater os desafios e as soluções que visam a ampliação da exportação de produtos brasileiros. Eles debateram temas como promoção, legislação e procedimentos sanitários, logística e divulgação de produtos brasileiros no Exterior. Nesse encontro, o produtor de figo e goiaba de Valinhos, Salvador Orlando Brotto, que também é comerciante da Ceasa Campinas, falou sobre as dificuldades e desafios de ser exportador. “O figo é muito sensível, tudo tem que ser manual. A dificuldade para embarque também é enorme. Embarcamos tudo por Guarulhos, embora minha produção seja quase do lado de Viracopos. O que acontece é que os voos de Viracopos para a Europa são poucos”, contou. Os produtores, disse Villalba, têm muito interesse em ter, dentro da Ceasa, uma aduana que facilite suas exportações. “A logística será mais interessante, porque teremos essa estrutura de Viracopos junto aos produtores dentro da Ceasa”, afirmou. Desburocratização Portos secos contam com um posto fixo da Receita Federal que faz com que o desembaraço da mercadoria ganhe maior agilidade. A desburocratização também contribui para agilizar o trâmite de cada processo. Por ser mais rápido do que nas zonas primárias, os custos com a armazenagem da sua mercadoria são naturalmente reduzidos. A Ceasa ainda não tem um levantamento do investimento que será necessário para montar a estrutura, especialmente em área de armazenagem e recepção da produção. “Nossa meta é criar condições para que o produtor chegue ao mercado internacional”, disse. O porto seco é um terminal intermodal terrestre ligado com o aeroporto e que recebe a mercadoria do exportador e a armazena pelo período que ele desejar, em regime de suspensão de impostos. A partir do momento em que a carga entra no porto seco, todos os documentos referentes à transação podem ser negociados normalmente como se a mercadoria já estivesse embarcada. Nas regras desse sistema, o custo de armazenagem fica a cargo do importador e, assim que a carga é colocada dentro do porto seco, cessam as responsabilidades do exportador sobre ela. O sistema é pouco utilizado, porque os exportadores ainda não o conhecem bem. Além de seu papel na carga de transbordo, portos secos podem também incluir instalações para armazenamento e consolidação de mercadorias, manutenção de transportadores rodoviários ou ferroviários de carga e de serviços de desalfandegamento. Um acordo de cooperação técnico-científica entre o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Ceasa está em vias de ser formalizado, visando à integração e ao desenvolvimento de estudos de padronização no setor de frutas, legumes e verduras (FLV). O objetivo é unificar a linguagem de mercado, a transparência na comercialização, a obtenção de melhores preços para produtores e consumidores, além de redução do desperdício, melhoria da qualidade e estabelecimento de normas e regras de boas práticas para pequenos produtores.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por