Projeto completa 20 anos e abre novas possibilidades para os que chegaram à terceira idade
Pioneiro em lançar um olhar diferenciado para a maturidade, o Programa Saúde Toda Vida da Unimed Campinas acaba de completar 20 anos. Nesse período a iniciativa se transformou, cresceu. Uma coisa, porém, não mudou: o respeito às pessoas e a vontade de fazer a diferença na história dos que integram o programa - que já atendeu mais de 2.500 pessoas. O Saúde Toda Vida oferece palestras, encontros, bailes, alfabetização, ginástica, teatro e muitas outras atividades para qualquer pessoa a partir de 55 anos, e não é preciso ser cliente da operadora para participar. Fabíola Sparapani Godoi, coordenadora do programa, diz que o objetivo principal é tirar o idoso de casa e do isolamento social. "A partir do momento que ele chega, vai poder cuidar da saúde emocional, física e mental. Hoje são oferecidas, além de palestras, atividades culturais, educativas, ginástica, dança, artesanato, oficina da memória e cesta de jogos, por exemplo", explica. Não é difícil encontrar pessoas que tiveram a vida transformada ao participar das atividades propostas pelo programa da cooperativa médica. A aposentada Alda Maria Braz Ferreira Izidório, 68, Rainha do Programa de 2018, é uma delas. Viúva, ela começou a participar há cinco anos, convidada por vizinhos. "Vim com a minha irmã conhecer e aqui nos encontramos, fizemos amigos. Sou garota propaganda. Falo dele para todo mundo. Para manter um projeto desse tem que ter muita estrutura e vontade de melhorar a vida do idoso", diz. Alda participa da ginástica três vezes por semana, faz curso de memória e teatro. "Hoje eu sou uma pessoa muito mais feliz. Mudou minha vida fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. Eu chego aqui e é um momento de muita alegria. É um encontro de amigos. Sou muito grata por esse projeto", exalta.Ela revela ainda que o programa fortalece os vínculos para a vida, já que ela sai com os amigos do programa passa ver filmes, tomar café e passear. Para além dos aspectos técnicos, o programa também é lugar para o amor. Foi esse o sentimento que floresceu entre o italiano Leopoldo Anselmi, 91, e a baiana Maria Luiza Silva Cruz, 79. Ele frequenta as atividades há 17 anos e ela há 16. Os dois são viúvos e ficaram amigos participando das atividades em grupo. Começaram a dançar e assim a aproximação foi acontecendo. "É uma vida nova, uma integração, novos amigos. A companheira eu encontrei aqui. Da convivência nasce um namoro. Já faz um ano", conta Anselmi, sendo corrigido imediatamente por Maria Luiza: "Que um ano. Imagina. Já faz dois que estamos juntos", diz orgulhosa. Ela explica que morava sozinha em um apartamento grande e Anselmi também morava sozinho em outro prédio. "Eu chamei ele para a gente morar juntos no meu apartamento. E fomos. Mas depois de uma certa idade, morar juntos, com a vida completamente diferente, começou a ter uns probleminhas", revela. "Precisei sair desse apartamento que não era meu e fui para o meu, que é pequeno. Aí eu arrumei um para ele no mesmo prédio. Então resolvemos morar juntos separados. Moramos no mesmo prédio. Ele mora num apartamento, eu moro em outro. Ficamos juntos, almoçamos juntos, jantamos juntos e dormimos separados", se diverte Maria Luiza. Quem pensa que a idade é um impeditivo para a insegurança se engana. Maria Luiza revela que o italiano é ciumento. "Somos companheiros, saímos juntos. Mas ele é muito ciumento; demais. Não posso olhar para o lado. Mas é coisa da idade e é carinho, amor. Às vezes temos nossas brigas, todo casal tem, mas vivemos bem", afirma. Ela diz que já participou de todas as atividades oferecidas pelo programa, como coral, ginástica e biodança. "Também fiz teatro, mas saí por causa dele, do ciúme dele. Agora tô com vontade de voltar. Fiz uma cirurgia no joelho, tô um pouco debilitada, mas é temporário, tô esperando melhorar pra voltar", diz.Mesmo com o ciúme ela não reclama do parceiro. "Ele é uma pessoa boa de se conviver. Me ajudou muito na cirurgia. Ele que fazia almoço e trazia para mim. A gratidão é muito grande. Ele precisa de companhia e eu também. Juntou a fome com a vontade de comer", ri. Maria da Silva Sanchez, 77, participa do programa desde a fundação. "Mudou muita coisa na minha vida. Eu já era ativa e fiquei mais ainda. Fiz novos amigos e encontre muita coisa boa. Amo aqui. É um local que não deixo de vir. Tô feliz da vida no meio das minhas amigas. Falo excursão e tudo", conta.Programa O programa começou em 1999 com palestras apenas uma vez por semana, para um grupo de cerca de 100 pessoas. "Com o passar dos anos, a gente percebeu que só palestra, na verdade não atendia aquilo que a gente gostaria, então o programa foi crescendo. Hoje o foco é a promoção da saúde, física e social, porque quando eles vêm nesses grandes encontros, a socialização é muito forte", ressalta Fabíola Sparapani. Luís Alves de Matos, diretor Administrativo de Unimed Campinas, ressalta que duas décadas atrás não era comum que empresas privadas tivessem um olhar atento para que os idosos se sentissem ativos e socialmente integrado fora do contexto familiar. "Já naquela época, a Cooperativa teve a dimensão da importância dessa ação que é um orgulho para nós. Se o início foi com poucas pessoas, reunidas na Basílica do Carmo, a demanda evoluiu rapidamente, passou por vários lugares até que chegamos ao Clube Fonte São Paulo onde temos cerca de 400 participantes ativos", completa. Para comemorar os 20 anos, a Unimed realizou um grande baile no Clube Fonte São Paulo, no mês passado, com direito a muita comida e banda ao vivo.