ROTEIRO

Programa potencializa turismo afro

Campanha visa assegurar recursos para melhorias no espaço da Casa de Cultura Fazenda Roseira

Adriana Menezes
20/11/2019 às 09:24.
Atualizado em 30/03/2022 às 09:56

A Casa de Cultura Fazenda Roseira, referência na preservação da cultura afro-brasileira em Campinas, foi contemplada por edital de financiamento misto do BNDES — ‘matchfunding’ — com recursos no valor total de R$ 50.500,00 que serão destinados às melhorias na acessibilidade do Centro de Referência e na potencialização do programa de Turismo do Roteiro Afro-Cultural. O casarão do século 19, localizado na antiga fazenda na região do Jardim Ipaussurama, funciona como equipamento público desde 2007 e representa uma conquista do movimento negro local. Para a gestora cultural da Fazenda Roseira, Alessandra Ribeiro Martins, professora doutora em Ciências Sociais, o edital representa mais que um fundo. “Enviamos a proposta do turismo afro-cultural, projeto que já desenvolvemos há oito anos com as escolas da cidade, porque precisamos fazer a manutenção do espaço e ampliação do projeto, e não contamos com recursos”, diz Alessandra. De acordo com o edital, esta modalidade de ‘crowdfunding’ tem um funcionamento diferente, pelo qual a cada R$ 1,00 recebido em doação, o banco destina mais R$ 2,00. No Brasil, foram contemplados apenas 20 projetos e este é o único da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O recurso será destinado para o aperfeiçoamento de um roteiro de turismo afro-cultural. “É tudo ou nada. Temos mais 25 dias para atingir a meta da campanha e conseguimos até agora 62% do valor”, explica a gestora. “Estamos em um momento em que conseguir este recurso é estruturante.” As contribuições podem ser feitas pela internet (www.benfeitoria.com/fazendaroseira) a partir de R$ 20,00. O Roteiro afro-cultural realizado pela Casa de Cultura é destinado a estudantes das redes públicas e privadas e inclui a visita aos espaços históricos de Campinas, finalizando na Fazenda Roseira com uma vivência de jongo, patrimônio imaterial de Campinas. São três horas de atividades. “Nós levamos a questão étnico-racial para as crianças a partir dos 2 anos de idade. Nosso projeto favorece o debate acadêmico e ajuda a organizarmos nossas histórias e nossa cultura”, afirma Alessandra, que defende um aprimoramento em todo o programa. “Precisamos urgentemente criar acessibilidade para crianças cadeirantes, estes recursos vão nos permitir fazer isso.” A gestora também acredita que a conquista do edital permitirá ampliar o diálogo com as redes que trabalham com turismo, que não conhecem o roteiro afro-cultural da Fazenda Roseira. “Nossa cidade tem histórias importantes e bonitas. Estamos muito felizes por termos conseguido sensibilizar o BNDES.” Além do roteiro, a Casa de Cultura também promove outras atividades, como aula de percussão, oficina de turbante, tecnologia africana, vivência quilombola e eventos diversos. O espaço cedido pela Prefeitura funciona de terça a sábado, das 9h às 17h, e conta com uma equipe de dez voluntários. A fazenda é também sede da Associação do Jongo Dito Ribeiro. O maior problema hoje, diz Alessandra, é a questão da segurança. “Temos avançado em muitos aspectos, mas ainda sofremos com roubo de fios, por exemplo, mesmo com a instalação de câmeras e cerca no local.” Para economista Maria Cecília Campos, que faz parte da campanha de crowdfunding da Fazenda Roseira como embaixadora, o turismo cultural em Campinas ainda é pouco explorado e a Fazenda Roseira tem potencial para isso. “Eles conseguem narrar a história de Campinas, por exemplo, a partir do jongo”, diz Cecília. A fazenda não é tombada, mas o casarão é um patrimônio histórico. A propriedade — que pertence à Prefeitura — também tem riquezas naturais, como duas nascentes, o que permite inclusive um trabalho de educação ambiental. Em dezembro, a Casa de Cultura promove o projeto “Sou África em todos os sentidos”.

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