Índice de abstinência chega a um terço dos fumantes atendidos
Campinas celebra hoje o Dia Mundial Sem Tabaco com bons índices no programa municipal que auxilia pessoas que querem se livrar do vício do cigarro. Nos 28 centros de saúde que oferecem o tratamento na cidade, um terço dos pacientes conseguem passar pelo menos seis meses sem fumar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que apenas 20% das pessoas que passam por programas antitabagismo consigam superar o vício nesse período. Na unidade do Jardim Aurélia, os números são ainda melhores: 48% dos pacientes superam a abstinência do tabaco e da nicotina.
Dados de 2010 apontavam que 21% da população campineira era de fumantes ativos. Mas, de acordo com o coordenador do Programa Municipal de Tabagismo, o médico Mario Becker, a maior parte dos fumantes do municípios hoje são passivos, desde fetos a idosos. O programa, inspirado no modelo preconizado pelo Ministério da Saúde, com algumas modificações feitas pelo Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), teve início em 2006.
O tratamento dura pelo menos três meses e começa com cinco encontros semanais, onde a pessoa começa a “contemplar” a possibilidade de parar de fumar, de acordo com Becker. Na segunda etapa do programa, o paciente deve escolher uma data para largar o cigarro. Para diminuir os efeitos das crises de abstinência, podem ser prescritos remédios e antidepressivos. Os encontros em grupo duram pelo menos três meses e são essenciais para o sucesso do tratamento, segundo o coordenador. “Neles, participantes que estão há anos sem fumar contam como conseguiram se livrar do vício e elencam os benefícios que isso fez para eles. E também para quem convive com eles”, explicou.
As sessões também são importantes para controlar efeitos comuns ao parar de fumar, como o ganho de peso. No grupo Amigos do Pulmão, do Jardim Aurélia, a frase na faixa em frente ao centro de saúde é um dos motivos do sucesso do programa: Pare de fumar fumando. “A pessoa começa a participar do grupo ainda fumante e é motivada a parar de fumar nesse período. Dessa forma, temos um índice de recuperação muito maior”, explicou o médico coordenador do programa na unidade, Júlio Rosenthal.
Nas ruas de Campinas, o cigarro não é mais tão comum quanto há uma década. As restrições ao tabaco impostas por leis estaduais e municipais, combinadas a campanhas antitabagismo, desestimulou o vício entre os jovens. Mas não é difícil flagrar pessoas, geralmente de idade madura, fumando em bares e praças. O aposentado Luiz Carlos Cruz, de 65 anos, fuma desde os 7. Apesar de ter diminuído bastante a quantidade de cigarros por dia, ainda está “reunindo forças” para parar de vez. “Cheguei a fumar três maços por dia. Hoje, são só dez cigarros. Mas quero parar de fumar em um ano.”
A empreendedora Célia Maia, de 50 anos, disse que na próxima segunda-feira vai procurar o centro de saúde do Jardim Capivari para se livrar do cigarro. “O vício já está se refletindo na minha saúde e a minha médica avisou que agora é a hora de parar de fumar.”